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sábado, 21 de março de 2015

BRILHO DA NOITE

Jorge Caetano em "Brilho da Noite", direção Marco André Nunes. (João Julio Mello). 
   
      IDA VICENZIA
     (da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
     (Especial)

       A única coisa que a música inglesa conseguiu foi o rictus selvagem do rock... e a poesia de Shakespeare! Clássicos, eles só tinham Haydn, que nem inglês era, mas austríaco. Mas de repente, a seleção feita por Jorge Caetano para seu show "Brilho da Noite", dirigido por Marco André Nunes, nos faz ver que as baladas mergulham em um mundo encantado, e podem ser até poéticas. Refiro-me à última música do show, "Jealous Guy", de John Lennon.      

     Não conhecemos "a cena musical que aconteceu nos bares Max Kansas City e CBGB", em Nova Iorque, mas concordamos com o ar blasé muito simpático da "Noite" de Jorge Caetano, e com o fato de ele fazer uma rápida "meditação relaxante" à indiana, para depois retomar o show. E também do acolhedor ar "pocket" do espetáculo! Mas só estas boas qualidades não fazem um show... Há personagens desnecessárias, que surgem sem acrescentar nada. Aí ficamos sem saber se é um show-teatro, ou somente um lugar para cantar músicas gostosas. Se for esta segunda opção, não há razão para intervalos com duvidosas apresentações de gestos e expressões corporais (destacamos o lustre brilhando na noite). Iluminação logradíssima de Renato Machado. Há uma suposta - e distraída - ligação entre cantor e bailarina (Marina Magalhães). Se for show-teatro está fora de tom. Dramaturgia de Pedro Koslovski, Roteiro Musical de Jorge Caetano, Marco André Nunes e Felipe Storino, que assina também a direção musical. Preparadora Vocal: Patricia Maia.  
   
      A voz de Jorge Caetano alcança com facilidade todos os tons e domina a cena. Aguardamos um show mais definido, como os das apresentações anteriores do cantor/ator: "Outside, um Musical Noir" (2011) foi o seu grande momento como interprete nesta difícil categoria. Depois vieram "A Porta da Frente" e "Edipop", 2014 (a este último não assisti), sempre na bem sucedida parceria com Marco André Nunes, Felipe Storino e Pedro Kosovski. Neste "Brilho da Noite", a destacar a atuação das "musicistas" Julie Wein, nos teclados; no violoncelo Paula Otero, e na percussão Isadora Medella (penso que o baixo é de Fifi Hudson) e na guitarra, Felipe Storino; bateria: Mauricio Chiari. Este "Brilho da Noite", com alguns ajustes, pode perfeitamente fazer excursões pelo Brasil. Há um "momento David Bowie" que parece mandar algum recado: "This is not America". E há Jocelyn Scofield ("Bang-Bang"). Músicas de Lou Reed; Celso Blues Boys ("De um Jeito Blues"), e muitos outros bons momentos. O melhor deles, é claro, fica com John Lennon.

          
         

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