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domingo, 26 de julho de 2015

"AS AVENTURAS DO MENINO IOGUE"


Orlando Caldeira, Luciana Bellina e o Menino Iogue, em
"As Aventuras do  Menino Iogue" (Foto do Estudio Carol Chediak)


IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

    Espetáculo Infantil: "As Aventuras do Menino Iogue". Espaço Tom Jobim, Galpão das Artes - Jardim Botânico - Rio de Janeiro. Na bilheteria, muita confusão e a ameaça de mandar esta crítica para outro horário (como se fosse possível). Por falta de espaço, diziam. Propaganda? Lá dentro, espaços vazios e muita calma. Bilheteria zero; espetáculo 10. Não merece a bilheteria estressada.

    Trata-se de um espetáculo homenageando a Índia e seus iogues. Um belo espetáculo, as crianças curtem, e os pais compartilham desse ambiente que homenageia os praticantes de ioga.

     Fomos  assistir as aventuras de um menino príncipe que foge de seu castelo. Liberdade e transcendência, eis a essência da peça. Antonio Tigre, autor do livro no qual é baseado o espetáculo, teve seus momentos de adaptação e descoberta, segundo ficamos sabendo no programa de Leda Nagle. Muito jovem, travou uma batalha contra um problema sério de coluna. Venceu-o através da postura correta da ioga.  Aprendeu como se sentar sobre os "sitting bones" - os ísquios, "ossinhos de sentar". E muitas coisas mais, que agora ensina a seus alunos. 

      Antonio Tigre protagonizou uma historia de superação. Agora, autor de livro, professor de ioga e também manipulador de bonecos (nesta experiência teatral com o Menino Iogue), compositor das músicas do espetáculo e, em um momento também ator, ele confessa que sempre imaginou seu livro como um espetáculo teatral. E deu certo. Tudo isso foi conseguido com a colaboração e direção de Juliana Terra (que também faz a direção de movimento) e Arlindo Lopes. Junto com Carol Chediak, assistente de direção, os dois diretores adaptaram o texto para palco. A preparação vocal é da ótima Soraya Ravenle.

     As crianças, na platéia, se empolgam e orientam, com suas indicações, para onde deve ir  o jovem príncipe, em suas andanças. E de quem ele deve se precaver... para ser bem sucedido. No início, temeroso, lá vai o príncipe em busca de seu coração. Sim, a peça nos diz que todos os tesouros do mundo os levamos dentro de nós, no nosso coração: principalmente a felicidade.
     Pode-se observar, pela alegria que a peça transmite, um elenco feliz. Há músicos interpretando os mantras e os ritmos orientais indianos. E há, no ar, uma imensa satisfação de estar ali. Uma alegria colorida. Sim. Muita cor.

     A ficha técnica é um luxo só. Além dos já citados, temos o desenho de luz de Paulo Cesar Medeiros. Com a sua competência habitual, ele transforma ambientes. Os figurinos  coloridos - a cada cor uma interpretação do mundo iogue - são de Beth Passi de Moraes, Joana Passi e Rebeca Dallmaier.  Direção musical de Gui Cavalcanti.  A criação do espetáculo é exigente, em seus mínimos detalhes. Às vezes temos a impressão de que eles são em demasia, os detalhes, mas o mundo oriental é mesmo assim, excessivo em suas manifestações culturais, religiosas, e em seu feitiço...

      Há também o cenário Gabi Windmüller e Alberta Barros, com seus telões de montanhas (o Himalaia) e nichos de flores para os músicos. Estes são Luciana Bolina (que também é atriz), no instrumento de corda, (o Tat  Wadya) ; Antonio Arvindo toca o Ghan Wadya. Temos Guilherme Alves no Susahir Wadya.  E  Wilson Jequitiba, Gui Cavalcanti e Grasiela Müller dedilhando e percutindo instrumentos mais conhecidos do repertório ocidental:  tais como o violão, dedilhado por Cavalcanti, ou a percussão, ativada por Jequitibá;  ou ainda o acordeon de Grasiela Müller.

     São tantos os preparativos para este espetáculo exuberante, que é quase impossível citá-los todos. Há um simpático ratinho (os bonecos são de confecção de Fernando Gomes): Ananta e Vahana. As indicações de manejo foram dadas por Alexandre Guimarães, inclusive a do manejo do Menino Ioge, executado por Alexandre Tigre. Na confecção dos bonecos "Alê" é acompanhado por  Letícia Medella. Viram só? É um não acabar de preparativos para o grande acontecimento. O pessoal da ioga está de parabéns.

    Há ainda a confecção das máscaras! São macaquinhos cantando e dançando, fazendo acrobacias e posições de ioga. Uma demonstração. As máscaras são de Maria Arribasplata.  E as perucas de Marcia Elias. O visagismo é de Gabriel Ramos. A  divulgação é feita pelos de nossos queridos Carlos Gilberto e Fábio Amaral, do Minas de Ideias. 

     No elenco, composto por (em ordem alfabética) Antonio Arvind, Antonio Tigre, Grasiela Müller, Gui Cavalcanti, Guilherme Alves, Luciana Bollina, Orlando Caldeira e Wilson Jequitibá, na sua maioria, toca também os instrumentos e participa interpretando os bonecos mascarados.

     Destacamos a atriz, e também bailarina, Luciana Bollina e seu número sobre a "temível serpente venenosa" a Naja dos indianos, que se manifesta de maneira juvenil e divertida. Também destaque para o "pássaro azul", de Grasiela Müller. E, claro Alexandre Tigre, com a sua alegria e bondade aparente.             
  
     O caminho do "menino iogue" o leva para os píncaros do Himalaia, onde medita, procurando o "seu" pássaro azul. Em cena, na transformação, temos a presença de Antonio Tigre representando o apogeu do menino iogue, quando ele se transforma em um rapaz,  meditando, transformando-se em um sabedor da cultura indú: "Ommm..." Parabéns elenco e equipe! 
    OBS: Raramente esta crítica se dirige ao teatro infantil. Gostaria de fazê-lo mais, porém o adulto é a prioridade desta coluna.   


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