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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"KISS ME, KATE !"

José Mayer e Alessandra Verney em "Kiss me, Kate!", direção Charles Möeller, inspirado em "A Megera Domada", de Shakespeare. (Fotos Produção)
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

KISS ME KATE
"Chama o Shakespeare! "

E eis-me eu, de volta aos musicais! Cole Porte, William Shakespeare, Charles Möeller, Claudio Botelho: "Kiss me Kate! - o beijo da megera". Um incrível coreógrafo: Alonso Barros; um incrível maestro: Marcelo Castro. Direção de Charles Möeller. Versão e supervisão musical de Claudio Botelho. Ótimos bailarinos e cantores! Cenário de primeira grandeza de Rogerio Falcão, e eis que esquecemos as maldições da vida.
     Möeller e Botelho relembram 1935 e o tempo "dos Lunts", o casal que sacudiu a historia do teatro americano. Suas brigas de bastidores (e que chegavam até a cena) inspiraram Cole Porter e o casal Spewack (texto de Sam e Bella Spewack) a criar uma versão musical da peça que levava o casal às turras: "A Megera Domada", de Shakespeare!
     E somos convidados a testemunhar, com detalhes de grande arte, a esta bela montagem que está no Teatro Bradesco, Barra, Rio de Janeiro. Assisti ao revival da Broadway, 2001, de "Kiss me Kate"! E  sai encantada com as "turras" teatrais e a perseguição ao casal, feita pelos dois gangsters. E com as músicas de Cole Porter, claro! Nesta versão carioca temos José Mayer como Petruchio e Fred Graham, (personagem e ator de "Kiss me Kate"), com sua voz  de barítono, seu domínio de palco e, pasmem!... seu talento tão natural para o ofício. Mayer parece ter nascido e convivido nos bastidores dos musicais! Atenção produção, dêem um chicote decente para o Petruchio, um daqueles de domadores de feras, pois Kate merece!   
     Outra grande atriz de musicais! Alessandra Verney, (Kate e Lili Vanessi), grata surpresa. Ela atinge todos os tons, e não tem cara de boneca estereotipada. Uma verdadeira fera teatral! Sei que vou me exceder, e os que me lêem podem até rir, mas eu amei este espetáculo! Único senão: a abertura: Cáspite! Pensei. Eis que fui pega em uma armadilha! O tal de "Another Opening, Another Show" não acabava mais, com fala entremeada com música, um "Oklahoma" à vista! E algumas canções românticas... Mas depois chegou "Wunderbar", com Fred e Lili (Mayer e Verney), e fiz as pazes com o espetáculo.    
     Vamos a ele: são 22 atores em cena, entre bailarinos e cantores temos, além dos já citados, Jitman Vibranovski fazendo o pai da megera, Batista (uma delícia); Ruben Gabira (Paul) arrasando em "To Darn Hot" (aliás, os bailarinos/cantores em cena, com a orquestra do Maestro Marcelo Castro abrindo o "Ato 2" são um delírio!). Destaque para Ruben Gabira. Mas eles todos, os bailarinos: Tomas Quaresma, Thiago Garça, Patricia Athayde, Mariana Gallindo, Lana Rhodes (alguns criando um tique para se destacar, tal e qual fazem os bailarinos nos musicais... Aliás, a crítica aos "pequenos tiques" nossos, da nossa sociedade e do nosso tempo, é o que não falta nesta sábia versão brasileira de Claudio Botelho, dirigida com acerto por Charles Möeller); João Paulo de Almeida, Giselle Prattes, Augusto Arcanjo... e  Beto Vandestein (Pop's), que rodopia... Depois de tanto trabalho (de perder o fôlego), um dos maquinistas da montagem, ou será o diretor? manda todo mundo trabalhar!         
     E agora a dupla Chico Caruso e Will Anderson (Shake adoraria!), maior "caras de pau" e timming pra comédia. Às vezes Chico se atrasa, mas Will não deixa por menos, empurra seu companheiro e tudo volta ao normal ... talvez esse jogo faça parte do charme da dupla! Quem sabe? E temos Fabi Bang (Lois e Bianca), com "Eu sou sempre fiel". Há para todos. Essa dupla MB é de uma generosidade exemplar, basta só ter talento. E também estão em cena Guilherme Locullo (Bill/Lucentio), e Leo Wainer (irreconhecível) como o General Harrisson Howell.
    E não faltaram Ivanna Domenyco (Hattie); Igor Pontes (Grêmio); Leo Wagner (Hortêncio) e Marcel Octavio (Ralph) para animar a cena. 12 músicos: Kelly Davis e Luiz Henrique Lima (Violinos 1 e 2); Saulo Vignoli (Cello); Zaida Valentim e Gustavo Salgado, (Teclados 1 e 2); Nocchi (Picollo, Clarineta, Flauta e Sax Alto); Dilson Balbino (Clarineta e Sax Alto); Whatson Cardozo (Clarone, Clarineta e Sax Barítono); Matheus Moraes (Trompete e Flügel); Vitor Tosta (Trombone); Omar Cavalheiro (Contrabaixo); Marcio Romano (Bateria e Percussão). Orquestração Original de Don Sebesky; Direção Musical, Regência e Arranjos Musicais do Maestro Marcelo Castro.
     Paulo Cesar Medeiros faz acontecer a iluminação do espetáculo. Os figurinos de Carol Lobato são broadway, com adequação de plumas e paetês, 'pero no' exagerados. Elegantes, o das mulheres. Um pequeno senão no figurino de Petruchio, na cena do marido malvado. Trata-se de um pirata, ou de um pobre (o que Kate certamente odeia). É de propósito? Como já foi definido anteriormente, até o chicote não funciona. Desconheço os motivos. Mayer, apesar do "deslize" de Carol, consegue fazer muito pela cena. Ele é um cavalheiro.
Abstraindo o que foi falado acima, este Beijo da Megera é implacável em seu acerto. ACONSELHA-SE A NÃO PERDÊ-LO!         
                  
    


               

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