Páginas

sábado, 2 de abril de 2016

"CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERNET - RAVENGAR"

Antonio Abujamra no papel de 'Ravengar', da novela "Que Rei Sou Eu?", de Cassiano Gabus Mendes.
(Foto Divulgação)

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

DO LIVRO "ANTONIO ABUJAMRA - CALENDARIO DE PEDRA"               'UMA BIOGRAFIA ESCRITA POR  'IDA VICENZIA'

               CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERNET        
     A internet é algo que nos invade, através da sordidez com que descarrega sobre nós a sua ganância de lucro. Invadem nossos e.mails, blogs e o que mais for, procurando transformar-nos em desenfreados consumistas. Entretanto, há algo que a transforma em paraíso. É quando nos permite entrar em contato com o passado, e com a emoção do futuro. E, em certos casos confiáveis, a internet pode ser até o "paraíso dos pesquisadores". Pois é, há sempre um lado bom nas  histórias de horror. Foi assim que entramos em contato com Ravengar, através da internet, e o conhecemos, em 2015, conhecemos a novela não assistida, de 1986, com o personagem que é fruto, agora, de nossa atenção. Muito obrigada INTERNET!.
     Mas passemos logo para Ravengar, sua figura física: cabelos longos, túnicas longas, idéias longas - tudo é excessivo, neste personagem: o que torna necessário, para interpretá-lo, um ator que tenha físico, naturalidade e humor para encarnar um monstro (ou um mago?), sem parecer falso. Sim, porque Ravengar, o bruxo, é um monstro de mistificação, muito pior do que qualquer Tartufo, de Molière.
     Mas vamos agora à sua alma. Físico e alma se complementam e podemos pensar que, enquanto os autores (Jorge Fernando, Mario Marcio Bandarra, Fabio Sabag e Lucas Bueno), querem mostrar um bruxo astrólogo, médico, psicólogo ... Abujamra, travestido de Ravengar, é uma, e a mesma coisa. Ele diz coisas assim: "a liberdade é uma planta que, quando cria raízes, cresce rapidamente", ou "a piedade atrasa as grandes conquistas", ou ainda: "ter paciência é ter sabedoria". Vocês, por acaso, já não ouviram estas palavras proferidas pelo proprio Abujamra. Desconfie... Duvide!
     É. E é sobre o poder, este pensamento de Ravengar (ou será de Abu?): "Estou falando do poder que penetra no sangue, que irriga o cérebro - é afrodisíaco - é quase magia!". De uma coisa temos certeza: Ravengar foi criado à imagem e semelhança de Abujamra. O vampiro de olheiras profundas e olhar penetrante, o bruxo Ravengar "um fantasma que ainda anda solto por aí", segundo Abujamra declarou, em 2012. A alma de Ravengar está colada à de Abujamra, e temos certeza de que os autores escreveram o personagem pensando no ator. E Ravengar, depois de ter construído o seu "Rei Petrus II" (o filho do Rei a quem serve), um monstrinho criado à sua imagem e semelhança, Ravengar observa: "A minha cria não tem medo de nada, como eu".
     Assim, Ravengar conseguiu dominar o mais fraco. No caso, o futuro "Rei", o tal "Lucien Elam". E Ravengar o hipnotiza: "Você é um pobre miserável faminto e burro. Um príncipe herdeiro de merda... mas um dia pode valer muito. Eu farei de você primeiro uma pessoa, depois um rei, ("como vai encher o saco, esse rapaz")"...
     E, para o "futuro Rei", Ravengar aconselha: "Você quer ficar trancado, como um animal enjaulado? Calma, há tempo pra tudo. (...) Você está proibido de falar com quem quer que seja". ('Lucien Elam' é irmão da princesa Juliette, interpretada por Claudia Abreu) E Ravengar confabula: "O poder de Lucien será o meu poder. Eu terei o poder, como eu quiser". (E dá "aquela" olhada maldosa para a governanta, interpretada por Vera Holtz).
A governanta (fascinada): - Sua inteligência é vibrante, mestre! 
Ravengar - Nós temos tempo... quando estiver pronto, será uma surpresa!
     (Mágicas, cartas, o Diabo, o Destino, a serpente mágica, a vida física - tudo isso Ravengar controla).
- Mas, e o Diabo? -  pergunta Lucien Elam.
Ravengar: - Sempre que eu procuro ver o "seu" futuro, o Diabo está presente...






Nenhum comentário:

Postar um comentário