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sábado, 18 de novembro de 2017

"O JULGAMENTO DE SÓCRATES"

"O Julgamento de Sócrates", interpretado pelo ator Tonico Pereira, direção Ivan Fernandes. (Foto Victor Pollak) 


IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

"O JULGAMENTO DE SÓCRATES"
     Sócrates, o grande mestre de Platão, está entre nós. Todo fim de semana, de sexta a domingo, às 20 horas, ele tem um  encontro com as pessoas desta cidade através do primeiro monólogo do ator Tonico Pereira, realizado no Teatro Cândido Mendes, de Ipanema. O ator Tonico Pereira começa o   monólogo contando um pouco de sua vida, antes de chegar na cidade de "São Sebastião do Rio de Janeiro". Conta da influência que teve de dois "Sócrates" de Campos dos Goytacazes,  norte do Estado do Rio, onde nasceu:  um barbeiro amigo, e seu Xixi, um artesão. Foi através destes dois mestres que Tonico percebeu que estava na hora de procurar outro caminho, mudar a sua vida!  Ah! Se todos nós tivéssemos Sócrates como mestre! Tonico teve dois ...!  que o convenceram que  Campos estava pequeno demais para ele. Munido de coragem e boas intenções, nosso herói se mandou para São Sebastião do Rio de Janeiro, e foi aí que tudo começou. 


     A cada noite, depois do encontro inicial com a platéia, ele deseja a todos "Boa Sorte", e se encaminha para o lugar de Sócrates, e para a sua mudança no filósofo grego. Nesta comemoração de seus 50 anos de carreira, Tonico Pereira joga com duas presenças em cena: a sua, enquanto artista do nosso tempo, e a do filósofo - pai da filosofia ocidental -  Sócrates.

     O texto do espetáculo é de Ivan Fernandes (inspirado em Platão - "Xenofonte - Apologia de Sócrates":  "aquele que não se deixara corromper pelos tiranos, inimigos da democracia, e que lutara bravamente na guerra por sua cidade e por seu povo". 

     Dirigido por Fernandes (e por Tonico Pereira), "O Julgamento de Sócrates" dá ao público o poder da livre interpretação, fazendo com que as injustiças e as calunias contra os homens de bem, tão presentes nos tempos de Sócrates quanto do nosso, fiquem em destaque em nosso tempo, esse mal-aventurado presente, que pode ser modificado, com muita inteligência  e "cabeça!", exorta-nos Sócrates, com sua personalidade - e a de Tonico Pereira. Eles possuem empatia, e nos exortam a sermos Humanos. 

     O texto não pode ser mais simples e mais explicito: ele quer atrair a atenção dos "jovens de qualquer idade", e, como sua platéia é diversificada - ele conta também com os adolescentes - público presente e atento, absorvendo as  lições de vida de Sócrates. Trata-se de um espetáculo que pode abrir portas (bem-vindas) para o futuro. 

     É muito bom presenciar um ótimo ator externando as suas preocupações com os humanos. Não há, no espetáculo, receitas para um futuro melhor, há somente constatações, muito pertinentes, sobre os acontecimentos atuais... e um tratamento adequado - no sentido de não ser gratuito - alertando-nos para estes acontecimentos. As coincidências estabelecem uma "ponte" entre os tempos de Sócrates e o nosso tempo.    
         
     Tonico Pereira encerra a espetáculo com algo fundamental, falando, ao sair de cena, sobre sua angustia, dizendo ser ela a verdadeira mobilização que o leva a falar sobre assuntos que o preocupam; a ele, e a todos os que se interessam pelo futuro do Brasil.
     VIDA LONGA PARA "O JULGAMENTO DE SÓCRATES"!

     Na ficha técnica temos o cenário e a iluminação como coadjuvantes da ação. Iluminação de Frederico Eça, que também cria a Trilha Sonora, e Palloma Morimoto no Cenario e Figurino, muito adequados. O Figurino é um simples traje de algodão cru, que poderia ser usado pelos homens do povo de qualquer época. Voz em Off de Wagner Barreto. Direção de Produção de Caio Bucker. Produção Executiva e Turnê: Ricardo Fernandes.   

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