"O Doente Imaginario" - Molière, direção Jacqueline Laurence. Em cena: Argan, Belinha, Angelica e Leo Thurler. (Foto Guga Melgar) |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
Se até nossos dias os médicos ainda
convivem com as incertezas da medicina, imaginem no século de Molière, o
célebre comediante de Luis XIV, na França, século XVII. Pois é das incertezas
da medicina que trata O Doente Imaginario, de Jean Baptiste Poquelin, o Molière,
atualmente em cartaz no Rio de Janeiro, Teatro Eva Herz. O texto do grande comediante francês coloca, na
tradução e adaptação do brasileiríssimo João
Bethencourt, uma pitada de nossa chanchada à brasileira. Muito divertida, por
sinal, com a direção de Jacqueline Laurence, especialista na matéria. Nas mãos destes
três profissionais, o público pode contar com divertimento e crítica
garantidos.
Pois é. O que se passa no palco é que o pai
(hipocondríaco) da jovem casadoira resolve arrumar genro e sogro para a filha, beneficiando-se
da escolha. O doente quer estar cercado de pessoas que sejam úteis a ele, no
campo de medicina, ou seja: quer-se cercado de médico e candidato a tal, pai e
filho. Coloque-se uma pitada de esposa interesseira (a do hipocondríaco), e mais
uma soubrette esperta, e está armada
a cena.
Mas para que o público dê valor ao que
está assistindo há que ter um cenário envolvente: cortinas e bambulinas se
esparramam em toda a cena (Colmar Diniz), facilitando as entradas e saídas repentinas
dos personagens. Fica tudo acertado quando a cena é tomada pelos extravagantes
figurinos do mesmo especialista. O acréscimo cômico se faz notar.
Mas da comicidade encarregam-se
principalmente o próprio doente, o velho Argan, interpretado por Élcio Romar, nosso
conhecido de outras apresentações com a Cia. Limite 151 (de Glaucia Rodrigues, no
papel da soubrette Antonieta, e
Edmundo Lippi, o mano elegante do doente,
o Beraldo). De Élcio Romar assistimos a várias apresentações em comedias desta
Cia.. Prazer em revê-lo. Temos ainda no elenco Márcio Ricciardi interpretando o
Dr. (de olhar fanático!), Thomas
Laxante, e seu filho pretendente de Angelica. A filha de Argan que é a delicada
Andressa Lameu.
O elenco segura muito bem o ritmo da
comédia, dirigida com mão firme por Jacqueline. Temos ainda a esposa
interesseira, "Belinha", interpretada por Jacqueline Brandão, e o candidato
a médico (e esposo) de Angelica, comandado pelo cômico Leo Thurler, uma figura.
Nesta apresentação podemos assistir a comediantes avant la lettre. Há ainda o sóbrio
apaixonado por Angelica, Cleanto, interpretado por Gustavo Wabner. É
impressionante o empenho com que o elenco passa seu recado de teatro popular
francês criado por Molière. Na verdade, Martins Pena não perde nada para as suas
comedias. Certamente os excêntricos figurinos de Colmar Dinz têm muito a dizer
daquela época na França.... Um achado.
A iluminação, sem maiores invenções, é de
Rogerio Wiltgen. Música apropriada para uma comedia de Molière, dirigida por Wagner
Campos. Fotos de Guga Melgar e Direção de Produção de Edmundo Lippi. Divulgação
João Pontes e Stella Stephany. ACONSELHAMOS. BOA DIVERSÃO PARA TODOS!