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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

IDA VICENZIA – CRITICA DE TEATRO

(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)

MATÉRIA ESPECIAL:

“LUGARES QUE O DIA NÃO ME DEIXA VER”


                                             João Fernandes, artista criador da Cia. de Idéias.

                                                                Casarão de Idéias


João Fernandes e o seu Casarão de Idéias:

... Eis que João Fernandes, artista cearense radicado em Manaus, acaba de nos proporcionar, em 2020, um belo "livro-revista" com fotos destacando aspectos de uma Manaus fantasma, desaparecida, nos idos do século XIX... O artista preenche a solidão dos casarões abandonados com a sua imaginação!

Trabalhando com Fernandes estão Jeyder e Wagner Eleutério, os técnicos de luz que dão a dimensão da beleza daqueles lugares...e também uma equipe de fotógrafos: Bruno Bastos, Ruth Jucá, Marcus Pessoa e Carlos Navarro, possuidores de grande sensibilidade.

João Fernandes é uma personalidade cultural da cidade. Já foi Coordenador Pedagógico do grupo de dança da Faculdade de Manaus (UEA), e também pertenceu a equipe de criação do Curso de Teatro desta Faculdade. Sua experiência cultural é cercada por  invejável currículo (tem mais, muito mais), porém, a mais importante de suas qualidades – sem desmerecer as outras - é a sua alma de artista.

Graças a sensibilidade de Fernandes temos um trabalho, requintado, sobre os tempos idos da borracha. Quem folheia com cuidado o seu livro adquire uma necessidade interior de ver todas aquelas maravilhas - agora em colapso - novamente erguidas!

                                    A  ANTIGA  ARQUITETURA  DE  MANAUS

O livro de João Fernandes -  “Lugares que o dia não me deixa Ver” - editado com a cooperação da Prefeitura da Manaus, nos leva a imaginar a reconstrução daquilo que foi tão belo! Para os amazonenses a abandonada arquitetura é o “Centro Histórico de Manaus”, mas para quem a visita - como é o meu caso - é a História de Manaus que está retratada nestes caminhos que dominam a cidade. Temos a impressão, neste primeiro contato com sua arquitetura do século XIX, que realmente se trata de uma cidade do passado, ou que ficou desta cidade (abstraindo os tão conhecidos Teatro Amazonas, o Mercado Municipal e outras obras que a caracterizam), o destaque que o autor dá a seu livro é de outra natureza. Peço licença para informar que, para mim, a Manaus de hoje está cada vez mais parecida com Miami,  suas estradas a desembocar em bairros repletos de edifícios modernos e shopping centers. Ai de quem não tiver carro! Só se salva a parte antiga de Miami. 

Mas isto não nos interessa, o que nos empolga é a súbita visão de uma Manaus que já não existe mais. E é o que descobrimos no livro de Fernandes: a verdadeira Manaus anda perdida, já não prestamos atenção ao que nos rodeia, não valorizamos este estranho encontro que vislumbramos a partir do livro de Fernandes. Somente olhando a cidade com os "olhos noturnos" do autor percebemos o lugar que nos acolhe com tanta beleza, seu olhar nos abre o caminho do passado, que acabou por se tornar tão misterioso! Olhemos algumas fotos, vale a pena guardá-las com carinho, na memória e na biblioteca de nossas casas.

O Casarão também publica a revista Idéias Editadas (assim mesmo, com acento agudo na palavra Idéias), como costumava ser escrita no Brasil. A revista nasceu antes da entrada do Brasil no Novo Acordo da Língua Portuguesa entre Portugal e países da Língua Portuguesa. No Brasil o acordo só entrou em vigor em 2016, depois do lançamento da revista, realizado em 2011. E foi uma confusão! A própria Cecília Meireles, que faleceu em 1964, costumava dizer, em tom divertido, que estes acordos (e foram vários, enquanto ela viveu), sempre a levavam a estudar novamente o Português.

Na revista Idéias Editadas os artigos; entrevistas e a programação cultural da cidade estão nela publicadas. A revista sai de três em três meses; a próxima, se tudo der certo, sairá em dezembro de 2020. 

É preciso não esquecer que o casarão é um verdadeiro movimento cultural cuja raiz é a Cia. de Idéias, um grupo de Teatro e Dança fundado em 2005, que participa de festivais e organiza cursos, palestras, leituras dramáticas, exposições de artes plásticas, sessões de cinema, e possui uma biblioteca especializada que trabalha também com empréstimo de livros... além de disponibilizar de um bar com cafezinho e quitutes de primeira, que atraem artistas e visitantes. A revista é distribuída gratuitamente, para o público amante do teatro e para os artistas de Manaus. Idéias Editadas possui temas os mais variados, escritos por profissionais do ramo. No grupo do Casarão constatamos a presença, na revista,  de João Fernandes, Vitor Lima, Dyego Monnzaho, Wellington Junior, e, eventualmente, o crítico Jorge Bandeira - entre outros.          

Agora convido aos meus leitores para darem uma olhada nas fotos do livro-revista de João Fernandes, "Lugares que o dia não me deixa Ver", e ter uma dimensão do poder de comunicação deste artista. 

Vamos lá?

Booth Line (séc. XIX)



O Passado (séc. XIX) espreita os jovens que se manifestam ao longo 
do prédio da antiga Booth Line.



  
    Um prédio da época: Av. Getúlio Vargas esquina com a Rua Leonardo Malcher  

FANTASIA COM O PRÉDIO  DA  AVENIDA GETULIO  VARGAS  -  "FIGURAS DO PASSADO" (foto Produção)



                     CLOSE DO PRÉDIO E ILUMINAÇÃO DA EQUIPE DA CIA. DE  IDÉIAS 
                                             AV. GETÚLIO VARGAS - CENTRO DE MANAUS

Quem se interessou pela visão linda deste passeio por Manaus pode encontrar os seus criadores na sede da Companhia, localizada à Rua Barroso, 293 - Centro. 
(Tel: 92 - 3633-4008).