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sábado, 28 de maio de 2022

O LAGO DOS CISNES

 



           O LAGO DOS CISNES

 

IDA  VICENZIA

(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)

(Especial)

 

         Sinto-me em casa. 

 

Os Cisnes e seu Lago                                                (Foto de Daniel A. Rodrigues)   
 

Sempre acontece quando vou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Especialmente em se 

     tratando da apresentação de O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, o meu compositor predileto, o 

primeiro deles. Sempre digo que nasci no século XIX... talvez seja verdade. Quem o sabe?

Mas vamos ao Lago!

  A noite do dia 25 de maio foi inesquecível. Em cena Márcia Jaqueline, no papel de Odette/Odile; Cícero Gomes, o príncipe Siegfried; Rainha Mãe – Priscila Albuquerque; Rothbart, o bruxo – Saulo Finelon; o Bobo, Luiz  Paulo... e tantos outros!

Não foi uma noite de estreia, mas foi uma noite privilegiada. A preparação técnica e o envolvimento emocional dos principais bailarinos é algo a destacar, assim como é a comovente preparação e atuação dos bailarinos da Escola de Dança Maria Olenewa.

Uma noite perfeita.

Desde sua criação, no século XIX, para ser mais precisa, desde sua estreia no século XIX - (registramos aqui sua verdadeira estreia de sucesso, no final do século XIX – 1895), o Lago tornou-se o mais belo e completo poema de amor dançado, com requintes de uma obra-prima.

O Lago dos Cisnes é um dos balés mais amados, tanto pelo público, como pelos bailarinos que lhe dão vida. No dia 25 de maio, um dia antes de seu encerramento como estreia da temporada do balé clássico no Theatro Municipal, a plateia estava lotada de um participante público... e o que se apresentava aos amantes do balé era um espetáculo completo: uma união palco e plateia! Não se pode avaliar o comportamento de uma plateia como se estivesse em uma torcida de futebol, mas era tal a azafama que os mais discretos da plateia ficaram surpreendidos. Nosso público estava necessitado, mesmo, de um retorno à tão Brilhante Arte! Nunca tínhamos visto tal agitação em um teatro considerado ( e é...) a catedral do saber erudito!

          Mas vamos lá!

Ainda causando surpresa e encantamento a adaptação realizada pelo de Maitre de Ballet Jorge Teixeira, dando um tom mais  otimista, leve, eliminando a tragédia final e acenando para um futuro repleto de amor para o jovem casal apaixonado: Odette, que se transforma em uma bela moça, e o Príncipe Siegfried, que não teve que lutar com o monstro que aprisionava as moças, quem sabe proporcionando, no futuro, a salvação de todas elas? O que fica é a reação de um confuso e abalado bruxo Rothbart, aflito por ter perdido de vista sua prisioneira, confundindo-a com as outras moças sob seu domínio, e desistindo do combate com o Príncipe, retirando-se de cena. O bruxo Rothbart é interpretado pelo belo bailarino Saulo Finelon.

... E acontece o possível final feliz para o casal apaixonado. Na noite em que nos foi dado assistir, o Príncipe Siegfried foi interpretado por Cícero Gomes, que, com sua Odette, fazia um casal moderno (não propositadamente, mas aos olhos de quem os via), como o homem e a mulher em igualdade de condições, parecendo o Príncipe um comovente menino, em companhia de sua amada.                     

O que também comove neste espetáculo é a perfeição e o empenho dos alunos da EDTM – Maria Olenewa, com sua participação impecável. Havia algumas transformações na coreografia dos cisnes, que concretizavam, em seus gestos, uma organização incontestável: um Lago repleto de Cisnes, mobilizados e participantes da historia... e  não a costumeira  aceitação de seu status quo!  Via-se, na sutil formação dos cisnes, a formação de um Lago, um desenho evidente e mais vivo, energizando a coreografia habitual, sendo o desenho dos Cisnes incontestável, surgido de seus braços delgados com a estrutura física de um cisne: esses braços alongados lembravam as características fundamentais de sua diferença de outros seres da água, e seus  pescoços alongados (talvez só os flamingos possam com eles concorrer...), e a  Mise-en-Scène e Concepção do Espetáculo do Mestre Hélio Bejani, diretor da ETM.  

Mas, se  a coreografia dos  cisnes  lembra o formato de um lago, sua dança também surpreende pela sua mobilidade.  Outra adaptação surpreendente é a interpretação do Bobo (Luiz Paulo), festejado pelos participantes, desde a Rainha até os visitantes ilustres (como Rothbarth e Odile...) e pelos companheiros de cena. O elenco prestava atenção e dava carinhos ao Bobo. Não há recordação de, em outros Lagos, ter visto tal destaque dado ao Bobo. Aliás, este personagem, na interpretação de Luiz Paulo,  mereceu aplausos em cena aberta.

Um destaque para o elenco: a sua preparação como intérpretes e como bailarinos bem ensaiados. Desde as danças regionais russas ou espanholas, e outras, até a interpretação das noivas e dos cisnes. O elenco de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro está de parabéns! Não esquecendo a bela Rainha, interpretada com discrição e altivez por Priscila Albuquerque.       

Agora um espaço para a Iluminação! Na cena da sedução de Odile, o Cisne Negro, e o arrebatamento do Príncipe em seu favor - até os mínimos detalhes de chiaroscuro, a iluminação foi uma perfeição. Detenho-me na sustentação da orquestra e da luz (transformando-se em um lilás profundo) quando da aparição de Odette sofrendo a sua desilusão, em um plano de luz fictício, contracenando com o staccato da orquestra. A regência de Tobias Volkmann e seus músicos da Orquestra Sinfônica do TM/RJ, e a luz fulgurante de Paulo Ornellas, complementados pelo cenário do próprio acervo do BTM - fazem a cena inesquecível.   

         Parabéns ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro!           

domingo, 8 de maio de 2022

A Vontade como Princípio da Ação

CRITICA DE TEATRO

IDA  VICENZIA

( DA  ASSOCIAÇÃO  INTERNACIONAL DE CRÍTICOS DE TEATRO - AICT)

 (ESPECIAL)


                 Lançamento do livro sobre os anos 90.  O  Teatro Gláucio  Gill, o seu movimento.

                 O livro traz uma apurada pesquisa sobre os anos de criatividade e alegria que só 

         um movimento integrado, como o do Centro de Demolição, um movimento com                   

        alma,  pode ter.   

        Gloriosos anos 90!

        Na verdade, a Historia do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, um 

         sonho do diretor Aderbal Freire Filho, começou um anos antes -  em  1989 - 

         quando o diretor  procurou realizar seu sonho. 

          Apenas cinco anos de duração foi o périplo de tão brilhante trabalho! 

          Porém foram cinco anos gloriosos!

          Vamos ao que nos surpreendeu na noite de autógrafos do livro sobre o Centro... 

           e  ainda  surpreende: o amor que este movimento criou entre os artistas! 

           No dia do lançamento do livro - 7 de maio de 2020 - estava presente grande 

           parte  dos componentes do grupo. E foi neste momento, nos jardins do Palácio 

           do  Catete,  onde foi encenado um de grandes sucessos do Grupo,   'O Tiro que 

           mudou a Historia',  sobre o percurso de Getulio Vargas até seu gesto final - o tiro no 

           Palácio do Catete.                   


         Neste local, os atores do Grupo recordaram o passado - e, com grande harmonia  

         e um  histrionismo invejável - nos ofereceram músicas e textos de alguns momentos 

         inesquecíveis dos espetáculos criados pelo diretor Aderbal Freire-Filho.

         As músicas foram compostas pelo grupo, ou pelo diretor, ou ainda, 

         adaptadas de outras músicas, como foi o caso de parceria Marcia Duvalle e Claudio 

         Mendes. 

         No dia do lançamento, algumas delas foram lembradas.  

         Momento lindo!

         Encontrada no livro, uma delas remete à composição de Caetano Veloso, 'Oração do 

         Tempo', relembrada por Márcia Duvalle e Claudio Mendes. 

         Se você quiser conhecê-las - e não só as músicas, mas a nossa Historia - leia o livro!

         Eis um trecho da parceria Claudio e Márcia: 

                        

                                                                                         És um grupo tão bonito 

                                                                                         Desigual mas muito unido

                                                                                         Centro, Centro, Centro, Centro


                                                                                         Por seres tão criativo

                                                                                         Trabalhador muito ativo

                                                                                         Centro, Centro, Centro, Centro

                                                                                         Precisas estar sempre vivo  

                                                                                         Centro, Centro, Centro, Centro

      

                                                                                         Acordo de objetivos

                                                                                         União de nossos destinos

                                                                                         Centro, Centro, Centro, Centro

                                                                                         Quero caminhar contigo

                                                                                         Centro, Centro, Centro, Centro 

         

       Escolhemos esta música porque é a união da música popular brasileira com a 

       poesia: o trabalho de Aderbal.

       As músicas, várias delas originais, eram cantadas sob a batuta de  Nico 

       Nicolaiewsky, Tato Taborda, e as letras de Aderbal Freire Filho, e outros. 

       COMENTÁRIO FINAL:  Pena que essa caminhada tão linda tenha sido cortada 

       pelos substitutos de Aspásia Camargo, na Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro!

                 NÃO  DEIXEM  DE  LER  ESTE  LIVRO  DE  ANTONIO  CARLOS  

                                                     BERNARDES                  

        São informações muito ricas sobre o teatro dos anos 90 ...  e suas EXCESSÕES !!!! 

        ... uma delas relatada neste belo e completo livro sobre o que foi o Movimento do 

                     

                 CENTRO DE DEMOLIÇÃO E CONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO                         

        Aconselhamos a leitura deste livro. Conhecer com detalhes a nossa sofrida

                       Historia Cultural é o primeiro passo para compreende-la!

                ENTRETANTO, HÁ MUITA BELEZA NESTE SOFRIMENTO  

                                               E MUITA LUTA!