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domingo, 17 de abril de 2022

TAL VEZ

 


I D A    V I C E N Z I A 
(da  Associação  Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)



TAL   VEZ
 

Cia  de  Ballet  DALAL  ACHCAR

Coreografia  ALEX  NEORAL

Amor? Paixão?

Sim, o tema da abertura já nos põe em contato com a nossa essência:

 “Si tu vois ma mére”

Esta criança vai aparecer de desaparecer, durante o espetáculo, colocando em questão a nossa dor do Amor. “Tal  Vez”...  um espetáculo dedicado ao Amor à Dança e ao Ser Humano – Apaixonado! 

(Seleção e roteiro do coreógrafo Alex Neoral). 

Doce lembrança de nossa sofrida America, nas belas canções espanholas e portuguesas... “De quem eu gosto/ Nem às paredes confesso”... “Quizas, Quizas , Quizas”... e tantas outras!

 (Mas o espetáculo, e Neoral, souberam selecionar as belas criações de nossos 

irmãos do Norte, dando-lhes também um gosto teatral...) :

“When a fall in Love”, “The man I Love”  … e grandes  Manifestações do Amor ... 

chegando a  “El desierto” ... e encerrando com  o apogeu do Amor,  o belíssimo  

“Wild is the Wind”! (com Trislane Maritins e João Luis da Matta).

Percebemos, neste espetáculo, as Delicadezas do Amor, suas Alegrias e Tristezas ...

“Tal  Vez” mostra a chegada de algo que prevemos e sentimos, mas que não 

podemos localizar! São lembranças do passado, unidas a um nebuloso Aqui e 

Agora.

Belo espetáculo de Dança Contemporânea! Vamos a ele:

As nuances das cores que se apresentam em cena, o claro/escuro, a respiração dos 18 bailarinos; o conjunto das cenas vão marcando um hiato entre os acontecimentos, e um desenvolvimento regido pela pulsão clássica! Mistura de linguagens, cores, sons e transparências... Iluminações! ... e a imagem etérea projetada por luzes cenográficas que compõem, com  panos em que o tom rosa impera, são os acortinados de cena, um mix de sonho e fantasia, de efeito singular...

As colocações e o desenvolvimento em cena dos bailarinos envolvidos alcançam a perfeição. A equipe técnica, que tem início com o coreógrafo Alex Neoral, abraça Dalal Achcar, como a mentora da obra e Paulo Cesar Medeiros como o executor da imagem cênica. Sua luz dançante atinge um domínio da cena que comunga com a caixa cênica de Natalia Lana e os figurinos de João Pimenta. Estes figurinos são versões fluidas de movimentos que funcionam como móbiles, dando total fluência na cena. Tal interação pode ser conferida pela plateia ao tomar conhecimento da  mão sempre forte e lúcida do coreógrafo Alex Neoral. O coreógrafo é  conhecido  pelo seu talento, desde o primeiro “Vértice” (2000), da Focus Companhia de Dança, por ele idealizada, Neoral desenvolve uma trajetória que combina  traços clássicos com dança contemporânea.

TAL  VEZ  é aberto pela Companhia  (todo o elenco do espetáculo presente em cena), com imagens poderosas de figurinos dominantes – prometendo o desenvolvimento marcante da cena. Tal expectativa não nos foi frustrada. Na Cena 2 temos a prometida “Quizas...” e seus amores atormentados.  Destaque para Maria Osório, refletida no fundo cênico.

Cena 3 – “When I fall in Love” – com João Luis da Matta e Thais Cabral em destaque. Cena 4 – “The Man I Love” – todo o elenco  (trilha sonora cantada pelos artistas que as tornaram conhecidas, roteiro de Neoral). E as Cenas vão se sucedendo. Impossível citá-las todas. São 16 cenas, com essa História de Amor,  narrada pelas músicas e atuação dos bailarinos.

Interessante detalhe: as músicas latino-americanas vão se intercalando com as notáveis (as mais conhecidas) das músicas norte-americanas. 

Em matéria de Arte, o  mundo é livre!

As demais cenas, não analisadas aqui, são irretocáveis, e cobrem o espectador de emoções fortes. Trata-se de um espetáculo marcante, em que o teatro surge em sua formula imorredoura!

Trata-se de um espetáculo de "Teatro-Dança". As imagens falam por si. Ótima atuação dos bailarinos e da equipe técnica! 

A CIA DE BALLET de DALAL ACHCAR ESTÁ DE PARABÉNS!

ELES ESTARÃO EM CENA HOJE – DOMINGO – DIA 17 DE ABRIL DE 2022.

 NÃO PERCAM!

 

     

sexta-feira, 15 de abril de 2022

I N T I M I D AD E I N D E C E N T E

 I D A   V I C E N Z I A

(da Associação Internacional de Críticos de Teatro -  AICT)

 

I N T I M I D A D E   I N D E C E N T E


Eliane Giardini substituiu Vera Holtz ainda em Portugal. 

(2021/2022  estreia Brasil – Teatro dos 4 – Rio de Janeiro). 

Foto Divulgação, com Marcos Caruso, seu companheiro de elenco.


                     Marcos Caruso e Vera Holtz encenação de Intimidade Indecente em Portugal.

Direção Guilherme Leme Garcia.



 2001 – Theatro  RENAISSANCE – São Paulo :

 Marcos Caruso, Irene Ravache e a autora Leilah  Assumpção. 

(Crédito João Caladas)


Historia de Amor?

Não sabemos se é uma comedia romântica ou uma Historia de Amor: o fato é que é “Uma Historia de Vida”!

No dia em que assistimos ao espetáculo algo incrível aconteceu, e a historia de vida tornou-se tão real, que já não sabíamos se a cena que estávamos presenciando (nós, da plateia), era um recurso do diretor, ou uma visão de vida... real. Palpitante!

O fato é que a saída daquele espectador - um senhor de idade avançada -  tropeçando nas escadas, quase caindo no colo do público! ... era real !!!

...  ou uma encenação da direção?

Viver a Realidade é quase insuportável? O fato é que o teatro nos pega pela emoção, e já não sabemos o que é encenação! “Intimidade Indecente” nos dá essa sensação de irrealidade real !!!

    Estamos nas mãos de Marcos Caruso e Eliane Giardini que, dessa vez, e aos poucos, vão se tornando grandes ... enormes... de emoção e talento, vivendo seus personagens Mariano e Roberta!  É “A Vida como Ela É”, sem Nelson Rodrigues, que vai se delineando em nossa frente! Tudo arquitetado por Leilah Assumpção e regido por Guilherme Leme Garcia! Leilah Assumpção, a nossa deusa dos anos 70, continua de pé, e muito viva. De sua cabeça saiu essa amostra dos terríveis anos que vivemos, enquanto a morte não chega. Dramático, selvagem, e fabricado para grandes atores!

    Dos 60 anos ...  até  aos 100 –  é  o  diabo  que  rege! ... (na peça vai

até  aos  90  anos,   depois é o apoteótico final).      

NÃO  PERCAM!

Neste espetáculo, Técnica perfeita, nas mãos de profissionais que sabem:

Direção de Guilherme Leme Garcia.

Cenografia bem ao estilo de Aurora dos Campos, alguém que dá  uma visão doméstica ao mais alucinado dos textos! Luz de Tomas Ribas; Direção Musical Aline Meyer.

Assessoria de Imprensa: João Pontes e Stella Stephany    

É BOM VER BOM TEATRO!

 


terça-feira, 5 de abril de 2022

O A L I E N I S T A

       

 C R I T I C A  D E  T E A T R O


I D A   V I C E N Z I A

(da Associação  Internacional de  Críticos de Teatro – AICT)

(Especial)

O  A L I E N I S T A

 

Simão Bacamarte e o cérebro de um paciente.

O diretor-autor  Gustavo Paso  escolhe muito bem as suas inspirações. Primeiro virou a nossa cabeça com Harold Pinter e sua Festa de Aniversário!... e agora nos vem com esta surreal  montagem de Machado de Assis.

A Arte se alimenta de Metáforas... E com genialidade. ... como a que os autores Gustavo Paso e seu “companheiro de meninice”, Celso Taddei utilizam, para construir essa “figura de linguagem” que é  adaptação do magnífico O Alienista, de Machado de Assis!   

Vamos  a  O Alienista!

Com uma lista de 14 atores (no dia em que assistimos eram 15, pois Gustavo Paso resolveu participar da brincadeira, entrando em cena!), e um cenário espetacular, musica idem, iluminação “dançante”, ele nos carrega, através de 1 hora e 30 minutos (mais ou menos), a um brilhante trabalho de analise critica, ironia, selvageria, indignação, falsidade e loucura, para nos advertir que o mundo não muda, por mais que Bertold Brecht e tantos artistas lúcidos tentem mudá-lo. Isso acontece desde sempre, porém agora, confrontando o século XIX com o século XXI, pensamos que ela, a mudança, está sempre e cada vez mais distante, para nossa tristeza!

Mudará, algum dia?

Gustavo Paso credita na Patafísica (uma crítica à lógica racional, segundo o diretor do espetáculo) para nos mostrar o mundo de Itaguai (uma pequena vila onde transcorre a historia), e o estreito caminho entre o mundo do conto de Machado, e a nossa vivência, nos faz crer que estamos, mesmo, dentro de uma lógica irracional. Mas nem tudo está perdido: ocorre, na plateia, o sonho de todo artista! Ela está lotada! De professores, alunos... e amantes de teatro!

Pelo polêmico tema em questão vemos, com alivio, que não atraímos, e esperamos não atrair: os raivosos! (E quando dizemos “raivosos”, esperamos que nos entendam).

Quanto ao elenco, temos só surpresas. (tirando Samir Murad, meu conhecido de outros teatros, os outros são novidade, para mim). Mas podemos reconhecer que Simão Bacamarte apresenta o ator Romulo Estrela, muito empenhado em sua atuação, embora sua dicção ainda tenha momentos de irregularidade. Sua companheira, D. Evarista, interpretada por Luciana Fávero (minha conhecida de outras peças) continua, e cada vez mais, com seu poder de “transformação de um corpo em outro corpo” como o quer a Cia Epigenia em ação.

Aliás, a Direção de Arte, Cenário e Visagismo são de Gustavo Paso. Ele queria algo Expressionista, que lembrasse O Gabinete do Dr. Galigari... e o conseguiu! A iluminação “dançante” é do mestre Paulo Cesar Medeiros.

Em tempo: a Cia Epigenia foi criada por Luciana Fávero e Gustavo Paso, e completa hoje, ano 2022, 22 anos de sua criação! Orgulho nosso, da gente de teatro, ter uma Companhia que consegue estabilidade. Torcemos por ela!     

No elenco Glaucio Gomes, Tatiana Sobral, Renato Peres, Laura Canabrava são nomes que nos soam conhecidos, mas é tão difícil localizá-los na historia do nosso teatro! Longa e meritosa vida a eles! (É estranho para uma crítica não poder se alongar sobre todos os atores... mas o elenco me ultrapassa, confesso!), a maneira com que se apresentam em palco, sua energia e talento já nos preenche a alma! Claro, há também Tecca Maria, Anna Hannickel, Dodi Cardoso, Renato Ribonee, Erik Villa, Eduardo Zayit ... e Vitor Thiré (da família teatral tão nossa conhecida?). Ele faz o pastor, enquanto Dodi Cardoso é o representante da Igreja Católica.

Neste espetáculo todas as classes têm seu momento de cena, principalmente a dos políticos, com suas votações segundo os seus interesses... A semelhança com os nossos dias trouxe o pensamento dos anos 70, e  a preocupação: “Mas como deixaram subir ao palco uma crítica tão clara dos governos e da sociedade atual?”

Eis aí mais um exemplo da independência desta Companhia.    

E todos os detalhes do espetáculo são acertados. Trata-se de uma linguagem moderna. Expressões acentuadas por máscaras pintadas, os figurinos (de Graziela Bastos), dão grande poder estético para a cena... as coreografias são de Edio Nunes (excelente bailarino e ator), e o cenário, surpreendente, é de Gustavo Paso... Há também vozes cantadas, e a música de André Poyart, nosso conhecido de Festa de Aniversario. Neste espetáculo, Festa... (texto de Harold Pinter), Poyart executava seu Beethoven escondido nas alturas da cena! Em O Alienista ele executa sua música nos bastidores da cena... Entendemos este mistério, e o perseguimos!

Durante o espetáculo ouvimos a voz de Machado envolvida com a de Gustavo Paso e Celso Taddei. Seus DOIS projetos de crítica ao estado eterno, de nossas decepções, é impressionante! E funciona como advertência para o que pode vir.  

Vida Longa a O Anarquista!

É BOM VER BOM TEATRO!      

Eles ficam no Teatro das Artes até domingo, dia 10 de abril, depois saem em excursão e participação em festivais.

Produção Executiva: Junior Godim

Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa