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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ROMEU E JULIETA

Em cena, Luiz Kerche e Isa Kokai, os pais de Julieta


CRÍTICA DE DANÇA
"ROMEU E  JULIETA"
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional  de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

A Companhia de Ballet da Cidade de Niterói está festejando 21 anos com a adaptação do clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare, em linguagem pós-moderna. Este é um momento único para a Companhia: mostrar o desenvolvimento técnico de seus bailarinos. Nesta versão livre dos apaixonados da Verona, André Mesquita, o coreógrafo convidado, dispensa o meio tom e nos apresenta um balé contemporâneo "heavy-metal". Sua música forte não dá tempo para a plateia respirar.

O primeiro encontro dos adolescentes apaixonados se dá no baile de máscaras da casa dos Capuleto. Romeu infringiu todas as regras, e compareceu à festa proibida. A cena desse encontro remete à alegria, pois o amor está nascendo. Entretanto, não é este o sentimento que a coreografia traduz. Ela é tensa e angustiada como, aliás, como todo o balé.

A proposta tem sabor simbolista, ao menos em seu início, com luzes, sombras, e personagens misteriosos adentrando a cena. Neste sentido, a sensível luz de Paulo Cesar Medeiros dá o tom do espetáculo. O símbolo fala mais alto do que o personagem. Entendido assim o espetáculo torna-se legível. Percebemos, desde o início, misteriosas presenças envoltas em luz e sombra. É quando vemos surgir a figura dúbia de Frei Lourenço.

Na coreografia de Mesquita não há espaço para a empatia O espetáculo é impecável em termos técnicos, e os bailarinos têm perfeita interpretação teatral. Interessante observar que, quanto essa linguagem teatral se impõe, Mesquita nos traz à mente os melhores momentos dos balés inesquecíveis de Fábio de Mello.

Entre os bailarinos há presenças fortes, como a de Isa Kokai, interpretando a senhora Capuleto, mãe de Julieta. Quando a bailarina está em cena, é difícil desviar os olhos de sua interpretação. Outra presença forte é a de Luiz Kerche, o pai de Julieta. Registramos também a delicada atuação de Simone Lorenzi como Julieta. Marcel Anselmé, pela proposta da coreografia, é um Romeu que se confunde na multidão, firmando-se somente nas cenas de amor. Sua técnica, como a de todos os que compõe o elenco, é impecável.

Alexandra Araujo é forte e convincente em sua interpretação da Ama. Claudio Rebelo e Jeanette Guenka fazem um casal entrosado, em sue interpretação dos Montecchio. A registrar também Robson Schmoeller (Mercucio); João Correa (Benvolio), e Luiz Menezes (Páris), amigos de Romeu. Há, em contrapartida, Teobaldo, (Tiago Correa), ligado aos Capuleto. Diego Cruz é o Oráculo e sua atuação é boa, embora com menor foco. Os cavalheiros de Verona: Jaime Tribuzi, Gilson Paixão, Leonardo Vieira, Alex Sena, Malcolm Freita complementam bem a cena. E as belas moças de Verona: Fabricia Cavalcante, Lara Dantas, Mariana Mesquita (uma presença forte), Bruna Lopes, Carla Moita, Carolina Martins, Mirna Nijs e Janaina Castelleti, possuem, grande presença cênica.

Ensaiadora: Fabiana Nunes; Figurinos adequados de Cássio Brasil; Iluminação, Paulo Cesar Medeiros; Diretor de Palco e Cena: Marcos Arruzzo, Diretor: André Mesquita; Diretor Artístico: Pedro Pires. Para quem acompanha a trajetoria da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói, é um prazer ver a sua afirmação como um das melhores companhias de ballet do Rio de Janeiro. A dança de Niterói está de parabéns.