Em cena, Luiz Kerche e Isa Kokai, os pais de Julieta |
CRÍTICA DE DANÇA
"ROMEU E JULIETA"
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
A Companhia de Ballet da Cidade
de Niterói está festejando 21 anos com a adaptação do clássico Romeu e Julieta,
de Shakespeare, em linguagem pós-moderna. Este é um momento único para a
Companhia: mostrar o desenvolvimento técnico de seus bailarinos. Nesta versão
livre dos apaixonados da Verona, André Mesquita, o coreógrafo convidado,
dispensa o meio tom e nos apresenta um balé contemporâneo "heavy-metal". Sua música forte não dá tempo
para a plateia respirar.
O primeiro encontro dos
adolescentes apaixonados se dá no baile de máscaras da casa dos Capuleto. Romeu
infringiu todas as regras, e compareceu à festa proibida. A cena desse encontro
remete à alegria, pois o amor está nascendo. Entretanto, não é este o
sentimento que a coreografia traduz. Ela é tensa e angustiada como, aliás, como
todo o balé.
A proposta tem sabor simbolista,
ao menos em seu início, com luzes, sombras, e personagens misteriosos
adentrando a cena. Neste sentido, a sensível luz de Paulo Cesar Medeiros dá o
tom do espetáculo. O símbolo fala mais alto do que o personagem. Entendido
assim o espetáculo torna-se legível. Percebemos, desde o início, misteriosas
presenças envoltas em luz e sombra. É quando vemos surgir a figura dúbia de
Frei Lourenço.
Na coreografia de Mesquita não há
espaço para a empatia O espetáculo é impecável em termos técnicos, e os
bailarinos têm perfeita interpretação teatral. Interessante observar que,
quanto essa linguagem teatral se impõe, Mesquita nos traz à mente os melhores
momentos dos balés inesquecíveis de Fábio de Mello.
Entre os bailarinos há presenças
fortes, como a de Isa Kokai, interpretando a senhora Capuleto, mãe de Julieta.
Quando a bailarina está em cena, é difícil desviar os olhos de sua
interpretação. Outra presença forte é a de Luiz Kerche, o pai de Julieta.
Registramos também a delicada atuação de Simone Lorenzi como Julieta. Marcel
Anselmé, pela proposta da coreografia, é um Romeu que se confunde na multidão,
firmando-se somente nas cenas de amor. Sua técnica, como a de todos os que
compõe o elenco, é impecável.
Alexandra Araujo é forte e
convincente em sua interpretação da Ama. Claudio Rebelo e Jeanette Guenka fazem
um casal entrosado, em sue interpretação dos Montecchio. A registrar também
Robson Schmoeller (Mercucio); João Correa (Benvolio), e Luiz Menezes (Páris),
amigos de Romeu. Há, em contrapartida, Teobaldo, (Tiago Correa), ligado aos
Capuleto. Diego Cruz é o Oráculo e sua atuação é boa, embora com menor foco. Os
cavalheiros de Verona: Jaime Tribuzi, Gilson Paixão, Leonardo Vieira, Alex
Sena, Malcolm Freita complementam bem a cena. E as belas moças de Verona:
Fabricia Cavalcante, Lara Dantas, Mariana Mesquita (uma presença forte), Bruna
Lopes, Carla Moita, Carolina Martins, Mirna Nijs e Janaina Castelleti, possuem,
grande presença cênica.
Ensaiadora: Fabiana Nunes; Figurinos
adequados de Cássio Brasil; Iluminação, Paulo Cesar Medeiros; Diretor de Palco
e Cena: Marcos Arruzzo, Diretor: André Mesquita; Diretor Artístico: Pedro
Pires. Para quem acompanha a trajetoria da Companhia de Ballet da Cidade de
Niterói, é um prazer ver a sua afirmação como um das melhores companhias de
ballet do Rio de Janeiro. A dança de Niterói está de parabéns.
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