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domingo, 29 de julho de 2018

"VOCÊS QUE HABITAM O TEMPO"


Elenco de "Vocês que habitam o tempo", direção Antonio Guedes. (Foto de Carolina Maduro)


IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
     Pierre Jurde diz que Valère Novarina se aproxima das comédias de Louis de Funès. Das excentricidades francesas talvez esta observação seja a mais acertada das quanto ouvimos sobre o artista plástico suíço que também escreve dramaturgia. Comédia ou Tragédia? Vale à pena dar uma olhada no que aconteceu naquele dia 28 de julho de 2018, no teatro de arena do Sesc Copa.
     Para nós, das excentricidades franco-suiças, o que nos aproxima de Novarina são as do bretão Jean-Luc Lagarde, com sua obsessão pela morte e seu misticismo transcendental. Exageramos?
     Desta vez Novarina, com o seu “Vocês que habitam o tempo”   veio dar seus saltos ornamentais em nossa imaginação! E, somando-se a isto, Antonio Guedes (diretor), Fátima Saadi (dramaturga) e Ângela Leite Lopes (tradutora) vem nos lançar em novas aventuras existenciais! Teatro do absurdo? “O que nos resta é um universo em ruínas” diz Novarina. Pensando bem, a vida é isso mesmo, e estamos livres para avaliar o quanto elas (as ruínas) nos afetam. Mas não queremos filosofar, em um espetáculo absolutamente filosófico! Basta-nos observar o absurdo teatral (bemvindo) que se transformou, para nós, a manifestação cultural sediada no Copa Sesc. Afinal, somos mesmo, como diz Novarina,  secundado por Guedes, “seres transitórios  que existimos na linguagem”?.
     Os franceses dizem que Novarina trabalhou a linguagem até a fazer chegar ao latim inicial, ao etrusco e a outras múltiplas possibilidades. Tudo para encontrar um novo “non savoir faire francês!” transitório, o oposto da tradição francesa do “savoir faire”! Mas o que queremos  apreciar agora é o trabalho deste trio apaixonado por cultura, formado por Guedes, Saadi e Leite Lopes!
     Só mais uma palavrinha sobre Novarina: dizem que ele é seguidor do teatro da crueldade de Artaud! Será por isto que é tão fascinante?
     E há também o seu côté artista plástico! A cenógrafa Doris Rollemberg, aceitando a sugestão de Guedes, cria ângulos para situar o espaço cênico de Novarina lembrando, como representações, as abstrações de Kandinsky e os móbiles de Calder. Há bolas de vários tamanhos, e conviver com elas é só uma maneira de não deixar os atores que estão "fora da linguagem”, não se deixarem ficar esquecidos, sem falar... pois, segundo Antonio Guedes e Novarina, “a morte está no horizonte, mas isso significa apenas que é preciso não parar de falar”... “se a gente parar de falar, a luz para e desfalece – e o teatro se apaga”.
     Estas palavras são conjeturas do autor e do diretor, e o que se observa são atores dizendo textos que se querem incompreensíveis, remetendo a algo que não pode ser dito claramente! Teatro do absurdo? ... Sentidos outros que não os da palavra?  Ionesco continua imbatível neste contexto!
     Calma! Não estamos querendo atirar pedras no espetáculo, pois não somos nenhum Sarcey de saias! O resultado do cenário é interessante, mas o que queremos esclarecer agora é que  nos ressentimos ao não ser informados sobre o elenco, o que dá a impressão de que os criadores estão falando para seus iguais, não se preocupando com o público. Tal não pode acontecer, nunca, no teatro, pois esta criação do início dos tempos é um jogo coletivo e o público é o outro lado deste jogo! A favor do espetáculo não se pode dizer que os atores não tentem se comunicar com o público, mas a iniciativa não se reflete na plateia...
     Podemos somente dar um bom exemplo de compreensão do espetáculo transmitido por um ator longilíneo (quem é? quem é?), cuja presença cênica e a  compreensão do espetáculo esclarece a verdadeira dimensão do que o diretor se propõe.
     Aliás, o espetáculo vale por estas intermitências... são pistas não exploradas. Podemos dizer que cada ator colabora com o diretor conforme e sua compreensão do espetáculo, e, sinto-o dizer, ela não parece estar muito clara para alguns deles...
     A presença marcante de Maria Clara Valle e seu violoncelo dialoga com a cena, porém Cristina Flores, Fernanda Maia e Oscar Saraiva alcançam uma interpretação algo "voluntariosa" de Novarina.  Enquanto isso, Antonio Alves e Sergio Machado são os dois grandes enigmas...             
    O espetáculo é fruto de uma estada de Antonio Guedes em Portugal e o resultado de sua tese de doutorado naquele país. “Vocês que habitam o tempo” (eis um título poético) vem  coroar os 27 anos de vida do Teatro do Pequeno Gesto.  A destacar, na ficha técnica, Nívea Faso com os figurinos (muito bons!), e Binho Schaefer no desenho de luz. A direção musical é de Amora Pera e Paula Leal. 

     Desejamos que alcancem sucesso vocês, que se empenharam nesta estranha linguagem de um novo teatro do absurdo!  




quarta-feira, 25 de julho de 2018

"O ÚLTIMO COMBATE DO HOMEM COMUM"



Resultado de imagem para Fotos Claudia Ribeiro - O Último Combate...
Rogerio Freitas (Souza); Beth Lamas (Neli); Isio Ghelman (Jorge)
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Vera Novelo (Lu, a avó), Rogerio Freitas (Souza)

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Isio Ghelman (Jorge); Vera Novello (Lu, a avó)
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Ana Velloso (Cora), Gillray Coutinho (Afonsinho)
(Fotos Claudia Ribeiro)

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
ODUVALDO VIANNA FILHO já está se despedindo de nossa cidade, o Rio de Janeiro, e nem teve tempo de ser festejado. Será que as coisas passam assim tão depressa? Oduvaldo, o jovem autor que iluminou os anos 70 do século passado com sua dramaturgia inspirada, iluminou também, para os jovens de hoje, os anos de chumbo. Como era bom saber, quando havia um Vianninha em cartaz! Mas era muito difícil assisti-lo,  pois, na maioria das vezes a censura acabava com a nossa alegria! Dessa vez, em 2018, e no Teatro Nelson Rodrigues, aconteceu uma nova adaptação de "Em Familia”, dirigido por Aderbal Freire Filho, mas nem houve tempo para nada, nem para festejá-lo Ou será que os tempos são outros, e os acontecimentos teatrais se revezam com tal velocidade que não há mais tempo, tempo, tempo...  para nada?
     Eis que Aderbal Freire Filho resolve contar sobre “O Ùltimo Combate do Homem Comum”, relembrando “Arena conta...”, onde surgiram todos aqueles autores fabulosos: Vianninha, Guarnieri, Boal... Pois Arena conta agora “O Último Combate do Homem Comum”, rebatizado por Aderbal. As novas gerações (excluindo as que fizeram escolas de teatro), não tiveram ocasião de apreciar corretamente a este autor. Coisas dos tempos modernos, quando o público pensa que tudo é comédia! O mesmo aconteceu há alguns anos atrás quando foi levada em cena “Rasga Coração”. Acontece que, nas peças de Vianninha, as coisas vão se desenvolvendo, as cenas vão se encaixando e, da vivacidade de um encontro entre pais e filhos... podem nascer o riso... e a lágrima! Assim é com esse “O Último Combate...” ! !  Assim foi com “Rasga Coração” !       Quando Rogerio Freitas e Vera Novello fazem e desfazem com o coração do público, temos orgulho do nosso elenco. Quando vemos Isio Ghelman nos levar às lágrimas, no momento em que estávamos refesteladas rindo das tiradas de Souza (Rogerio) com seu amigo Afonsinho (interpretado por Gillray Coutinho), Isio mostra, em seu desabafo pelo fracasso ao acolher em casa os velhos, seus pais, toda a emoção desesperada que se manifesta nos que amam sem amarras. Cena magnífica!
     E não ficamos só com os estes exemplos: Beth Lamas (a bem casada Neli); Ana Velloso (Lu, a caçula); Paulo Giardini (revelando-se como o problemático Beto!),  interpretam os outros filhos do casal. E há o sempre maravilhoso palhacinho interpretado por Kadu Garcia, de maneira alegre e bem vinda, desdobrando-se em “Aparecida”, o “Patrão” e o “Médico”. Mas todas as ligações vão além, e as personalidades conflitantes dos filhos enclausuram os pais!
     Tudo no texto é tão bem formulado, que não falta a união da avó (Vera Novello irreconhecível como Lu, uma das pontas do conflito), mãe e avó desagregando a precaria estabilidade em que vive seu filho Jorge (Isio Ghelman), sua esposa Cora (boa intervenção de Ana Barroso), e a filha adolescente Suzana (Meg Pastori). Quando não há previsão para a velhice, eis a situação a que ela fica exposta. A peça mostra  o olhar carinhoso de Vianninha, e ele nos comove. Percebemos também – através de uma leitura subitamente cruel!  - que nada irá modificar o modo de agir dos filhos, em relação à velhice dos pais!
     Só podemos nos maravilhar com a sequência de cenas escritas por Vianninha. Elas vão desenvolvendo a ação em um encadeamento lógico, levando à negação da cena familiar. O problema de cada filho vai se desenvolvendo como a vida solicita! E assim será, a menos que uma revolução humanista aconteça, e mude as pessoas na sala de jantar.
     “Em Familia” – agora chamada “O Último Combate do Homem Comum” – traz em seu contexto a experiência de uma convivência que não frutifica em amor, mas em certezas.    
     É algo para se pensar, algo que nos leva a refletir sobre a ação dos humanos. Na sequência, vamos desvendando a célula primordial dos acontecimentos que irão se reproduzir em escala universal. Tudo é referido com muito acerto por este grande artista que é Oduvaldo Vianna Filho. E as cenas são bem distribuídas, cada ator tem o seu moment de bravure, como dizem os franceses...
     Corram, que ainda dá tempo!
     FICHA TÉCNICA: Autor: Oduvaldo Vianna Filho. Concepção: Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar. Direção: Aderbal Freire Filho. Cenario: o grande Fernando Mello da Costa! Figurinos dos anos 70: Ney Madeira, Dani Vidal e Pati Faedo; Direção musical e trilha sonora: Tato Taborda; Iluminação: Paulo Cesar Medeiros; Produção: Lúdico Produções Artísticas.   

segunda-feira, 23 de julho de 2018

"CHOPIN OU O TORMENTO DO IDEAL"

Imagem relacionada
Clara Sverner e Nathalia Timberg saudando o público!
(Foto de Ligiane Braga)



IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

CHOPIN  OU  O TORMENTO DO IDEAL

     Começo com uma observação de Antonio Abujamra a 
respeito de Edwige Feuillère, 
e dedico esta observação à nossa Edwige Feuillère: 

Nathalia Timberg!

     “... é a atmosfera exata. Cada gesto, cada momento é 

aproveitado de maneira inteligente. (...) Seu tom de voz é 

levado com um profissionalismo seguro e válido, seu porte, 

sua autoridade, a colocam no plano das maiores atrizes do 

mundo”. 


      E assim começamos a nossa crítica:

     Está em cartaz, no Teatro Maison de France, “Chopin ou o Tormento do 

Ideal”, de Phillipe Etesse, com direção de José Possi Neto. Temos um trio de 

excelência levantando a cena, com a presença de Clara Sverner ao piano. 

O público do Maison de France está de parabéns, embora a estreia deste sofisticado 

espetáculo tenha sido um tanto tumultuada, com a plateia  dividida, os mais 

sofisticados surpreendidos pelo comportamento pouco habitual do público menos 

afeito à música clássica, talvez. Os mais ligados à música de Chopin reclamaram: 

“Assim não é possível começar!” – a respeito das falas e tosses da plateia menos 

afeita ao que se passava no palco! Mas o tumulto foi absorvido pelas duas artistas, 

Nathalia e Clara. Houve um momento, no texto, em que Chopin (Nathalia) dizia: 

“Tenho trabalhado pouco, e tenho tossido muito...” – aí os ânimos se aquietaram! 
Noite prodigiosa!

     Claro, um pouco de exagero é permitido a uma crítica. Naquela noite memorável 
a obsessão chegou “à banalidade côté drama...” como nos diz Chopin! ... e seguimos, 
impávidas!  

     As viagens... a rebeldia, a “desesperança tranquila” de Chopin! Os prelúdios 
foram apresentados naquela noite no monastério de Valdemossa, na ilha de Maillorca!
George Sand, a escritora, ao voltar de compras para a sobrevivência dos peregrinos
do monastério, encontrou Chopin “pálido, olhos esgazeados, cabelos em pé...” 
criando os seus prelúdios...! E Sand continua: “Ao nos ver entrar, Chopin disse, com ar 
atônito: “Ah! Eu bem sabia que vocês tinham morrido!”

     O monasterio, os gritos das águias, a vida real homenageando a morte... a chuva 
lúgubre! Chopin pressentia a sua morte e ironizava a incompetência dos médicos de 
Maillorca: “Uns diziam que eu ia morrer, outros que eu estava morrendo e 
outros que eu estava morto...” E divagava: “A lembrança dos dias felizes é o pior 
dos infortúnios”... recordando a infância em Varsovia... e no dia 8 de setembro de 
1831, a mais bela entre as cenas  belas! O incêndio de Varsovia, a execução, pela 
pianista Clara Sverner, do Estudo Revolucionário, Opus 10 n.12 – e o descontrole de 
Chopin! E George Sand (Nathalia Timberg) recordando seu amor, em um francês 
divino: ”Insuciant, tendre, tout a coup amoureux...”

     São muitos os momentos deste inspirado espetáculo. As variações do 
videografismo de Alexandre Gonzales tiveram eco na criação de Possi Neto ... 
e a Iluminação de Wagner Freire, então! Sobre o espetáculo, a pianista Clara 
Sverner, executando Chopin tão próxima a nós, a plateia, declara, em entrevista: 
“Temos no palco, entre textos e música, uma união de rara sensibilidade”. 
Verdade. E Nathalia acrescenta: “No espetáculo são iluminados 20 anos da vida e 
obra de Chopin”... e, sabiamente encerra o espetáculo com uma frase do 
compositor/pianista: “A simplicidade é o último selo da arte. Não se pode começar 
pelo fim...” E começam os preludios... obras primas!
  
     Há trechos de frases de Lizst sobre Chopin, e suas abruptas dissonâncias... sua 
delicadeza e ousadia... e há o silencio da plateia do Maison (agora devota). Há citações 
de Baudelaire, Gérard de Nerval, Alfred de Musset... e Nathalia transforma-se, em cena,
interpretando os vários personagens. Tradução e projeto de Nathalia Timberg. 
Direção e Adaptação de José Possi Neto. Assistência de Direção Renato Forner. 
Figurinos, muito adequados, de Miki Hashimoto. Cenografia (séc. XIX), Chris Aizner:
 Vídeo Designer: Laerte Késsimos. O espetáculo estará em cartaz até o dia 29 de julho. 
Não percam!    


quinta-feira, 12 de julho de 2018

"COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DA 1ª FEIRA PAULISTA DE OPINIÃO"


É HOJE!  TEATRO IPANEMA ÀS 20H
DIA 20 DE JULHO!

O diretor Mario Sergio Medeiros em ação


Elenco e Diretor de "A Lua muito Pequena e a caminhada Perigosa", Diário de Che Guevara, adaptação Augusto Boal, direção Mario Sergio Medeiros.
(Foto Ida Vicenzia Flores)


IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
                COMEMORAÇÃO  DOS  50  ANOS  DA
                 “1ª FEIRA  PAULISTA  DE  OPINIÃO”

     Os acontecimentos de 1968, a repressão do governo, a censura, o ataque à inteligência dos artistas, esse era o nosso dia a dia. O ano era 1968. Ele  ficou na memória. Hoje celebra-se, em todo o Brasil, a lembrança das lutas travadas contra o arbítrio. E ela se aproxima, novamente, de nós! Hoje alguns Estados, como o Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro relembram os acontecimentos de ontem, e se recusam a admitir a sua repetição! Naqueles Estados os acontecimentos foram vividos com grande intensidade, e nada mais justo que se rememore, para que não voltem a acontecer!

     Em São Paulo, onde a Feira nasceu, os anos eram de luta e a ideia dos artistas era romper o isolamento em que a repressão jogara o teatro paulista e, por consequência, o teatro brasileiro. Eram os anos em que Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Lauro Cesar Muniz, Braulio Pedroso, Plinio Marcos e, Jorge Andrade, e muitos outros artistas realizavam um teatro político. Artistas que estão em nossos corações. Talvez, por falta de tempo para os ensaios, ou por urgência na data da apresentação, dia 20 de julho, alguns tenham ficado fora das comemorações, como é o caso de Guarnieri, ele que foi um dos propulsores dos acontecimentos. Sua peça, “Animalia”, não chegou a ser ensaiada pela Companhia dos Atores da Fábrica, de Nova Iguaçu, mas ele está sendo homenageado em nosso coração. Os Atores da Fábrica ficaram com Plinio Marcos e o seu “Verde que te quero Verde”.

     Um outro grupo de atores foi dirigido pelo Coordenador de Dramaturgia da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat), Mario Sergio Medeiros. Ele possui tradição como diretor.

          Eis os atores que aderiram à homenagem. Eles são citados em ordem alfabética:

     Alexandre David (lendo Guevara), Ângela Valerio (Sr. Doutor), Cecília Rangel, Felipe Mariano (Romão), Fernanda Bontempo (Professora), Junior Prata (Delegado), Karina Diniz (Agente da SUPRA), Lucia Farias, Luciana Albertin, Mara Souto, Marcia do Valle (Sr. Doutor II), Maria Rita Rezende (Secretaria), Roberta Mancuso, Gisele Heine, Wilton Cruz (capitão Gary Prado). Alguns dos atores são do grupo de Mariozinho Telles e Maria Rita Rezende e estiveram na recente montagem de “Romeu e Julieta”, na Casa de Cultura Laura Alvim. Outros atores, como Marcia do Valle, Ângela Valerio, Alexandre David, Cecília Rangel, Junior Prata, Felipe Mariano e outros mais, vem de experiências em televisão e teatro. São ótimos atores, os que estão prestigiando esta homenagem aos criadores da 1ª Feira Paulista de Opinião.    

      As peças lidas (e, em alguns casos, interpretadas), obedecem a seguinte  ordem de apresentação: Augusto Boal – “A Lua muito pequena e a caminhada Perigosa” – de Boal, adaptada do “Diário de Che Guevara”.

     Lauro Cesar Muniz “O Líder”; Braulio Pedroso “O Senhor Doutor” e Jorge  Andrade “A Receita”. O grupo de Nova Iguaçu, Cia. dos Atores da Fábrica, apresentará a citada peça de Plínio Marcos.  

     A colaboração nos figurinos é de Edson Branco, e esta crítica que vos escreve teve o prazer de assistir a Direção de Mario Sérgio Medeiros. No final das apresentações haverá um debate sobre os textos.

     Trata-se de uma iniciativa do Instituto Augusto Boal, que contou com a presença e o apoio da esposa do autor e diretor, Cecília Boal, e é também uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). A Companhia de Atores da Fábrica, de Nova Iguaçu, também faz parte desta homenagem, para a qual estamos estendendo o nosso carinho a todos os presentes. A TODOS OS AMANTES DO TEATRO!

 VIDA LONGA AO INSTITUTO AUGUSTO BOAL, À SOCIEDADE BRASILEIRA DE AUTORES TEATRAIS (SBAT) E AOS ATORES DA FÁBRICA, DE NOVA IGUAÇU!

     Queremos, com esta manifestação preservar a memória de 1968, através do movimento que eclodiu no Teatro de Arena de São Paulo e repercutiu no Brasil.

        A questão “O que pensa você do Brasil de hoje?” foi colocada por Augusto Boal, nos idos de 60. Como vimos, ela continua mais viva do que nunca! Hoje podemos refazer esta pergunta e ela deve ser respondida (haverá um debate, após a leitura), enquanto ainda houver tempo de reagirmos como classe, e como cidadãos: “O que você pensa do Brasil de Hoje – 2018”? ... Eis uma boa pergunta.

     Aguardamos vocês, nosso querido público de teatro, atores, artistas,  companheiros, no dia 20 de julho, às 20h, quando serão lidas pequenas peças, e celebrada a nossa aproximação. Até lá. E BOM ESPETÁCULO!        

domingo, 8 de julho de 2018

"AS MIL E UMA NOITES"





"As Mil e Uma Noites", direção Leandro Romano. Em cena  Pedro Henrique Müller e Clarisse Zarvos. Ao fundo máscara de um pássaro ilustrando os contos. (Foto Renato Mangolin)


Cena de "As Mil e Uma Noites". Ator Pedro Henrique Müller rodeado por personagens cachorros-lobo.
(Foto Renato Mangolin)

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
    Eis uma maneira bastante original de encenar a série de deliciosas historias que povoam “As Mil e Uma Noites”, contadas por Sheerazade para seu marido, o rei da Pérsia, Shariar.  O relato destas mil e uma  histórias está presente no Oi, Futuro, através do Cia. Teatro Voador Não Identificado, nesta temporada de 2018. Eles ficarão em cartaz até setembro. Sheerazade contará 33 historias de sua saga, completando os dias em que estarão em cartaz, sendo contada uma historia a cada noite, até início de setembro. Os imigrantes orientais que por aqui aportaram, vindos da Síria, Egito, Líbano e Marrocos, também estão relatando, em vídeo, no Café Baroni (8º andar de Oi, Futuro), as suas aventuras e desventuras, as mesmas histórias que serão relatadas em cena, no intervalo das narrativas, pelos atores da Cia.

     Recurso muito engenhoso, por sinal. Ficamos em suspenso com a interrupção da narrativa, como ficava o rei Shariar quando Sheerazade suspendia a sua historia, deixando-a para ser contada no dia seguinte (ou, no caso da Cia, somente no próximo espetáculo!). O público voltará, no dia seguinte, para continuar ouvindo as histórias de Sheerazade? Atenção, vocês têm somente até dia 9/9 para assistir a todas as historias! Vale conferir.

     No dia em que estivemos presente (na estreia do espetáculo) foram narrados “O Mercador e o Gênio” e se deu início ao conto  “O Primeiro xeique” e sua gazela. (Aliás, diga-se, de passagem, a Cia. em questão conseguiu objetos de cena - máscaras principalmente – que são a delícia do público, como a da gazela, a dos cachorros-lobo e a do passarinho), encomendadas pela internet...

     Figurinos (contemporâneos) e Iluminação: Gaia Catta e Lia Maia. A cenografia (muito acertada, com praticáveis que acolhem o ruído dos demônios), é de Elsa Romero. Os atores se revezam nos papéis, sendo o elenco formado por Adassa Martins (no dia em que assisti Sheerazade, com muita proficiência, por sinal). Os outros atores: Bernardo Marinho, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Gabriel Vaz (que também elabora, com Felipe Ventura, a trilha sonora que nos leva a sonhar com o distante Oriente), João Rodrigo Ostrower, Julia Bernat, Larissa Siqueira, Pedro Henrique Müller e Romulo Galvão. 
    
     A Cia é composta por sete artistas que se revezam em diferentes funções, os demais são convidados. Eis os sete: Elsa Romero, Gaia Catta, Isadora Petrauskas, Julia Bernat, Leandro Romano, Lia Maia e Luiz Antonio Ribeiro. Como os contos duram muitos dias, dá vontade de voltar para assistir a todas as historias... O diretor Leandro Romano soube aproveitar o potencial de sua Cia e a colocou fazendo desde os ruídos de cena (com presença dos atores nas laterais do palco), até o revezamento nos papéis. Quem o assiste não sabe nunca qual será a próxima Sheerazade em cena...  

     A tradução e consultoria de cultura árabe é de Hadi Bakkour e a consultoria teórica de Mamede Mustafá Jarouche. Como podemos verificar, o trabalho foi cercado do maior cuidado, o que dá garantia de seriedade ao mesmo. 
      
     Um pouco de sua historia: O Teatro Voador... está em cartaz desde 2011, tendo produzido seis espetáculos até chegar a este Oriente de execução ‘original’ (este é o melhor termo para defini-lo). A Cia chegou ao requinte de entrevistar imigrantes do Oriente Médio para fazer um vídeo, que é apresentado no café Baroni (como já dissemos) antes de cada  espetáculo. Os depoimentos dos imigrantes também são executados, no palco e ao vivo, pelos atores, nos intervalos das narrativas de Sheerazade.

      São relatos de literatura oral, contos. (O Oriente, antes de sua decadência era recheado de contadores de historias...).  Talvez a direção não tenha colocado a irmã de Sheerazade, Duniazide, para simplificar a cena. Portanto, Sheerazade conta suas historias dirigindo-se aos protagonistas, (com voz inaudível para a plateia), ela se refere a historias que eles devem contar ao público, como o fazia com Duniazide, para interessar Shariar. Trata-se de um espetáculo curioso (ao menos o fragmento a que assistimos), interessante. Sentimos dizer, mas foi um dos poucos, no atual panorama teatral carioca, que atraiu a presença desta crítica! (Há vários outros, é claro, como era de se esperar!). "As Mil e Uma Noites" estará em cartaz até o dia 9 de setembro. Bom espetáculo!