Páginas

sexta-feira, 24 de junho de 2022

O C O R S A R I O

 

               I D A   V I C E N Z I A

            ( da Associação  Internacional de Críticos de Teatro  (AICT)

            (Especial)




   

         O  C O R S A R I O

  Foto Ballet “O Corsário” com a BEMO-TMRJFoto de capa do Programa do Ballet apresentado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no mês de junho de 2022. Na foto, Alyson Trindade, “o homem-pássaro”, ensaiando.(Foto de Carol Lancelloti)

... Trata-se de um ballet inspirado em um poema de Lord Byron, O Corsário, de 1814. O poeta britânico foi, por excelência, o sonho dos românticos de todos os tempos. Suas aventuras no Oriente o representam; assim como seus poemas. Cremos que na passagem do século XIX para o século XX  não houve  música, ou  verso, mais apaixonante do que a música de Chopin e os versos de Lord Byron...

Mas quem está trazendo estas informações é uma romântica que nasceu no sec. XIX !!!  E é, para ela, muito importante, neste contexto atribulado do século XXI,  rever os românticos, com suas pantomimas francesas e sua técnica. É um alimento, uma renovação! Sim, O Corsário, reproduzido no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no mês de junho de 2022, é, para ela, o caminho da  retomada da dança, justamente no Theatro de nossos carinhos!  

Neste contexto, o balé, com música de Leo Delibes e Adolphe Adams, entre outros - e coreografia de Marius Petipa - está muito bem representado, com alguns acréscimos na coreografia, criados por  Helio Bejani e Jorge Texeira.

Não conseguimos perceber os acréscimos, exceto pela a presença da companheira amada do corsário, representada, salvo engano, por Medora  (Marcella Borges).  No original a esposa não se apresenta na luta do marido, mas aguarda seu retorno a casa, triunfante. Diz a lenda que o corsário não retorna jamais... Talvez a participação, forte, de sua esposa, seja um sinal dos tempos!

Mas quem pode dizer que a realidade não está ultrapassando o sonho? Afinal, e uma única vez, tivemos ocasião de assistir Mikhail Baryshnikov  no Brasil, evoluindo em uma fascinante interpretação de O Corsário...       

Mas, calma! O que vimos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, neste último dia 

19 de junho, em uma matine de domingo...  foi surpreendente, pois encenado pelos 

alunos da Escola de Dança Maria Olenewa, cujo retorno à historia do balé foi 

inspirado por Helio Bejani e Jorge Texeira, atuais coreógrafos e diretores da Cia 

BEMO do Theatro Municipal.

É interessante perceber, na criação de Jules Perrot e Marius Petipa, as  citações de balés da época, do Séc XIX, que faziam sucesso: como a dança dos quatro pequenos cisnes, de O Lago dos Cisnes, interpretados também pelas sapatilhas de ponta de Taglione neste O Corsário; ou a lembrança das pantomimas francesas, cuja inspiração é justamente Gisele, também de Adams, com suave e surpreendente presença na música de O Corsário.

Ficamos agora em dúvida se estas alterações não foram concebidas por Bejani e Texeira... Seja como for, o espetáculo é um belo retorno ao balé de repertório que abraça os mais diferentes tipos de bailarinos, em sua representação enquanto povo e dança. Explico: o balé de Maria Olenewa recebe os mais variados bailarinos, e este acolhimento reflete o cuidado e o amor com que seus diretores indicam o possível caminho do estrelato para estes novos, e multirraciais, amantes da dança... Para quem assistiu o retorno, alguns dias atrás, da Escola BMO com O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, foi uma grande ocasião para dar um mergulho na compreensão do que o ballet da Escola do Theatro Municipal realiza com seus alunos, possibilitando, mais uma vez, a beleza e a emoção do conjunto. Estão de parabéns, novamente, seus diretores Helio Bejani e Ana Paula Lessa. E, na Direção Artística, Jorge Texeira, que assina a coreografia com Helio Bejani, d’après Marius Petipa!

... e temos uma historia que se reveste de acontecimentos insuspeitados  -  abrindo mão do conjunto de bailarinos profissionais, como estamos acostumados, para colocar em cena bailarinos/alunos  que nos dão uma nova visão do futuro, e daqueles tempos de mouros, paxás, e sonhos alucinados!

Destacamos, no elenco, Alyson Trindade interpretando Conrad, o pirata que, em sua espetacular entrada em cena assemelha-se a um homem-pássaro, tal a leveza e permanência de seu salto, e de sua elevação! A plateia, entusiasmada, o aplaude.

Constatamos a preocupação dos diretores com a formação de plateia e, observando os amantes da dança que estiveram presentes no espaço do público: plateia lotada no último domingo! -  podemos dizer que os rapazes e moças, e admiradores de todas as idades, inclusive crianças - assistiam  a  O Corsário - e às elevações dos bailarinos - sem se desconcentrar.

No papel de Medora, a companheira do pirata, temos a bailarina Marcella  Borges; o bailarino José Ailton interpreta Ali, o escravo; e Alyson, o homem-pássaro, é o corsário.  Os Primeiros Bailarinos  convidados para a estreia de O Corsário, Filipe Moreira  (Conrad)  e  Cícero Gomes (Ali), e ainda Saulo Finelon, nosso conhecido de O Lago dos Cisnes interpretando o belo bruxo Rothbart (está   irreconhecível  no  papel do Paxá Seyd,  sinal de sua boa atuação como ator....). Os três (quatro, com Marcella Borges), não deixaram nada a dever aos Primeiros Bailarinos convidados para a estreia do espetáculo. Tais observações são especulações de quem assistiu somente no domingo. Imaginamos que a presença de Medora, Ali e Alyson,  citados para o domingo de encerramento do espetáculo, não deixaram nada a dever aos bailarinos na sua estreia, tal a emoção com que o público os recebeu!

Na Direção Geral do espetáculo temos Ana Paula Lessa e Helio Bejani, grande bailarino que, no início de sua carreira, iluminou os palcos do Theatro Municipal! Jorge Texeira assina a Direção Artística... e os alunos/bailarinos são os mesmos que se apresentaram no inesquecível O Lago dos Cisnes.

E, acrescentamos, para vosso conhecimento, que as figuras de destaque na história dos balés não são prejudicadas pela mudança dos personagens, muito pelo contrário! ...  Quando dizemos que Saulo Finelon interpretando Rothbart, o bruxo, era “o belo” bailarino, agora, em O Corsário, sua composição é a do velho Paxá,  momento em que  não se apresenta “o belo” - muito pelo contrario - apresenta-se “o velho”, andando sobre seus pés cansados! Irreconhecível. Boa interpretação.

Como  ensaiadora temos Deborah Ribeiro, e ainda Paulo Ornellas na Iluminação; Tania Agra nos figurinos e Visagismo, e cenografia de Manoel dos Santos e José Galdino. Na técnica são ao todo dez pessoas, entre aprendizes e profissionais. 

Não é sem certa melancolia que vemos, refletidas neste espetáculo, as lembranças dos primeiros balés românticos franceses que entraram nas nossas vidas, como Gisele, por exemplo, cujos primeiros acordes e passos da pantomima, presentes em O Corsário, nos levaram a recordá-la! Ah! As pantomimas dos primeiros balés românticos franceses!  

São, ao todo, 49 alunos da Cia BEMO – TMRJ enriquecendo o nosso material artístico. Estão de parabéns também a AMADANÇA que tanto tem acompanhado o movimento desta casa de espetáculos que sobrevive, orgulhosamente, através dos anos! 

CONSTANTE RETORNO, É O QUE LHES DESEJAMOS!

                    



segunda-feira, 13 de junho de 2022

JUDY o arco-iris é aqui . . .

 



    IDA VICENZIA

   (da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)

    (Especial)

         JUDY   -  o arco-iris é aqui... Liliane Secco, Luciana Braga e Vitor Granete em cena.


     GET  HAPPY

     Forget yours troubles,

     come on,

     get happy.

     You better chase

     all your cares  away…

 

    Judy – o arco-iris é aqui... :  texto e direção de Flavio Marinho, interpretação de      Luciana Braga.

Depois de O Lago dos Cisnes, balé que voltou ao palco no Theatro Municipal do Rio de Janeiro comemorando a volta dos artistas da dança ao Theatro,  temos agora, no Teatro Vannucci,  Judy Garland, na interpretação de Luciana Braga, comemorando a volta dos anos de ouro do teatro musical ...

Luciana, em um solo memorável.

Parodiando Alberto Manguel em ‘Uma História da Leitura’, quando esse autor de sucesso diz ser “a leitura a apoteose do escritor”, constatamos que “a plateia é a apoteose do artista!”

Complementando essa observação, dizemos da importância do autor/diretor e coordenador do Projeto, Flavio Marinho, um gentleman moderno, por temperamento. Ocorreu-lhe, há alguns anos, colocar a vida de Judy Garland nos palcos e ele fez do texto um jogo, no qual coloca face a face, a vida das duas atrizes, Judy Garland  e  Luciana Braga, realçando, ao mesmo tempo, a sua (do autor) criatividade!  O texto funciona com uma dramaticidade intensa, digna da atribulada vida de Judy, e trafega na semelhança da vida das duas atrizes que, segundo declaração de Luciana, “é a vida de toda atriz”. Compreendemos que Luciana Braga se refere à vida, cheia de altos e baixos, de todo artista, eles ou elas. 

Luciana Braga, uma surpresa, realiza  trabalho  irrepreensível e repleto de nuances, ao abordar a vida das duas personalidades que se encontram no palco.  

O espetáculo tem início com Luciana cantando o belíssimo Over the Rainbow, de 

maneira suave, que vai tomando conta do público,  acompanhada pelos pianos de 

Liliane Secco e Vitor Granete, - e aí começa

'A   APOTEOSE  DO  ATOR !!!'   . . .

que é a entrega da plateia.

Em um cenário aberto (de Ronald Teixeira, que também assina os figurinos), onde se localizam dois pianos de cauda e várias malas de viagem, nas quais dizia Judy viver, temos um painel iluminado (luz de Paulo César Medeiros), como pano de fundo, onde brilham estrelas... E os holofotes. Ah...! Os holofotes, a verdadeira vida de Judy Garland.    

Compreende-se   observação de Judy. E ela vivia sob holofotes, e recuperava o 

fôlego da exaustão causada por Hollywood, inventando algum show, alguma 

estreia de suas músicas, sob os holofotes!  Sucesso certo. Sempre temos alguma 

coisa a nos trazer à vida! Alguns artistas têm o palco, outros a crítica teatral... para 

viver outros talentos.

And  so  it  goes ...

Diz a Produção que o espetáculo não teve patrocínio oficial, porém  patrocinadores muito especiais, os amigos... como La Fiorentina; o Núcleo de Teatro Musical de Maria Lucia Priolli; o Solar de Botafogo, e a tão necessária Lavanderia Flor de Copacabana, entre outros, tantos outros, uma dúzia deles! ... realizando o que se tornaria um grande espetáculo, onde o teatro mostra a sua força.

E, na ficha técnica são 21 pessoas, 21 artistas. Impossível cita-los a todos... Já citamos alguns, e temos Tania Nardini, na Direção de Movimentos; Marcos Vinicius de Moraes, na Produção Executiva e Direção de Cena (desconfio que é ele quem faz o contrarregra em destaque) ... e muitos outros.

O espetáculo estreou no dia 10 de junho de 2002, marcando a data do centenário de nascimento de Judy Garland.

 Com: Assessoria de Imprensa:  JSPontes/ Stella Stepnany  

  É  BOM  VER  BOM  TEATRO!