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sexta-feira, 16 de agosto de 2019

ROMOLA & NIJINSKY




                                 Marina Salomon e Antonio Negreiros em Romola & Nijinsky, 
                                              direção de Regina Miranda (Foto: Luis Cancel) .




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Castelinho - Centro Municipal de Cultura Oduvaldo Vianna Filho, local do espetáculo Romola & Nijinsky, de Regina Miranda com os Atores Bailarinos. 
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Romola de Pulszky  

Regina Miranda, a coreografa/bailarina e diretora que nos deu este belo Romola & Nijinsky. Regina pesquisou nas obras de Romola e no Diario de Nijinsky para fazer a dramaturgia do espetáculo.

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IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

ROMOLA  &  NIJINSKY 

Regina Miranda, nossa grande coreógrafa, retorna em plena forma a seus Atores Bailarinos. E lá no Castelinho do Flamengo que se dá este encontro. Regina transformou aquele local na mágica morada de Nijinsky e Romola de Pulszky, o casal inesperado do mundo da dança. Desde que Regina nos ofereceu, no final do segundo milênio, a sua Divina Comedia - uma  narrativa extraordinária em imaginação e poder - trazendo para nós um Dante Alighieri do alto da imponência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, não tivemos mais a oportunidade de assistir, não em plena inspiração artística, ao encontro deste grupo de Regina Miranda: os Atores Bailarinos!  São quatro artistas, eu diria, interpretando estes dois amantes da arte! Na vida real temos Marina Salomon e Antonio Negreiros nos trazendo de volta o tempo de Nijinhsky e Romola!
     Seis, eu diria! Não podemos esquecer a bela Clarice Gonzallez que representa Lili Kraus, a pianista amiga do casal, e que nos encanta com as interpretações de Ravel, Stravinsky, Schumann, Satie... musa essa que não nos deixa esquecer que também domina o dom da comunicação da atriz. Bem explorado é o momento em que Nijinsky pede à amiga que toque uma música, talvez Eric Satie! ... ou Schumann? A diretora/coreógrafa Regina Miranda é artista permanente, a que cuida dos acontecimentos inesquecíveis!   

     A coreógrafa transformou o moldável Castelinho em um local sofisticado, em um espaço transpirando o bem cuidado século XIX, onde todos falavam  francês, inclusive os russos...  e os aristocratas e artistas se sentiam em casa, em um ambiente acolhedor e culto. E Regina pode trabalhar, assim, com seus parceiros de sonho: Marina Salomon e Antonio Negreiros, que nos levam ao tempo mágico em que a arte era tratada de maneira vital. É interessante notar a adequação dos artistas aos personagens que interpretam. Antonio Negreiros, um gigante em todos os sentidos, foi uma surpresa na noite da estreia (e em  todas as noites), demonstrando possuir a mesma delicadeza de Nijinsky, com seus traços delicados, seu perfil semelhante e a mesma emoção ao revelar seus sentimentos. (Quem escreve neste momento foi pesquisar o que ficou das atuações de Nijinsky, flashes filmados na época). A emoção de Negreiros vai em um crescendo até o final de Nijinsky como bailarino, momento no qual ele admite ser “um louco com bom senso e os nervos treinados”. Nijinsky viveu os altos e baixos da esquizofrenia até sua morte, no início dos anos 50.

     E o que dizer da interpretação de Marina Salomon? Na verdade, a posteridade declara que Nijinsky a amou. Sim, pela dedicação do bailarino percebe-se que ele a amou. Nijinsky chegou a faltar a um espetáculo porque Romola estava doente! É o que dizem os registros, e essa preocupação se chama amor (talvez, um pouco coroada com irresponsabilidade, mas os gênios fazem isso. Talvez ele nem conseguisse dançar, tão preocupado estava? Talvez sua filha Kyra estivesse nascendo?). Marina Salomon, a atriz/bailarina, se entrega totalmente a esta mulher que ama, se apaixona, Romola, e vive o tormento que lhe foi dado para viver. Alguns dizem ainda que tanta loucura que tomou conta dos dois foi em consequência da chegada à Bahia e ao Rio de Janeiro. Eles ficaram enlouquecidos com tanta beleza e sensualidade! Romola já estava  apaixonada por Nijinsky (assim ela conta para sua amiga Lili Kraus, a pianista). Porém Romola era uma mulher forte, e sabia o que iria enfrentar. Pelo menos essa é a impressão que o espetáculo de Regina Miranda deixa encravada em nosso peito: a responsabilidade de Romola de Pulszky, em relação a Nijinsky!

     Marina está inteira, verdadeira, em todos os momentos em que se entrega ao personagem. Ela vive  a emoção da conquista, o reconhecimento do amor compartilhado. Entretanto, há no contexto do espetáculo um Nijinsky  amargo que a assusta, com tanto desespero. Ela diz não ter medo (a foto de Luis R. Cancel monstra um momento de conflito do casal), mas Romola tenta sempre ajudar Nijinsky. Ela o ama.

     As situações de conflito são muito bem resolvidas pelos dois artistas. Como o são também as situações generosas, de gestos afetivos e palavras doces. Há, em certos momentos, o que podemos chamar de “um turbilhão de emoções” entre os dois, às vezes agressivas, outras apaixonadas, e quem sai ganhando é o público!

     Quanto à transformação mágica do “Castelinho do Flamengo”, podemos constatar, caminhando em suas salas, subindo aos inúmeros cômodos, o cuidado com que o espetáculo foi levantado. Há móveis de época na “sala da música”: uma preciosa poltrona estilo Império, salvo engano, com uma harpa desenhada. O piano de cauda, o biombo oriental..! No térreo temos as projeções de cenas de Nijinsky e móveis estilo francês, com seus espelhos e poltroninhas que os acompanham. Grande delicadeza. Coisas de Regina... pois é sua, também, entre outras coisas já citadas, a concepção do cenário!

     Direção de Arte de Raquel Guerreiro, e imagens de vídeo com a série Nijinsky: variações, de Amador Perez. Videografismo (dando vida ao espetáculo) de Inez Torres. Iluminação, a alma que acompanha a cena, é de Paulo Brakarz.  Figurino e alfaiataria são criações de Anna Vic e Luiza Marcier (figurinos). E Macedo Leal assina a alfaiataria. Assistente de Direção Camila Simion. DIREÇÃO: Regina Miranda. O espetáculo estreou dia 8 de agosto de 2019. Vai até 1º de setembro do mesmo ano. NÃO PERCAM!  
É IMPRESSIONANTE A BELEZA DO ENCONTRO DESTES ARTISTAS!
     Para coroar a sua iniciativa Regina decorou o cenário com moveis de época, tapetes de coleção, um piano de cauda com o som mais puro, envolvido em uma iluminação inspiradora. Como podemos constatar, vários fatores se juntaram para proporcionar ao público este caminho em direção ao destino do revolucionário da arte que foi Nijinsky. Regina debruçou-se em uma rigorosa pesquisa no Diário de Nijinsky, nos livros que Romola escreveu a seu respeito, e pode contar esta história do entre-guerras trágico. Sempre, de uma maneira ou de outra, a guerra, longínqua ou presente, atrapalha a Arte, fazendo os artistas sofrerem.      
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Nijinsky e Romola em um castelo semelhante ao nosso!
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"L' après midi d'un faune", de Debussy, primeira coreografia de Nijinsky
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Nijinsky e Serguei Pavlovich Diaghilev, o empresário que destruiu Nijinsky. (Fotos Divulgação).

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Romola e Nijinsky e sua filha Kyra!

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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

"UM TARTUFO"



Cenários que se transformam em altares; Salas de jantar... Alcovas! Claro Escuro Expressionista! Mistérios!
Gustavo Damasceno/Orgon, submetido à Bíblia!

Cenário de "Um Tartufo", execução de Bel Lobo e Bruce Gomlevisky. 
CENA DAS PLUMAS! Dorina/Thiago Gerrante e Mariana/Nuaj Del Fiol.
Elenco de "Um Tartufo". Ao centro Yasmin Gomlevsky -Tartufo - (Fotos Dalton Valerio e Manu Tasca).

                       IDA VICENZIA


(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

UM TARTUFO
O teatro carioca passa por um reencontro dos espetáculos
premiados, sucesso esse que alguns espectadores não tiveram
ocasião de presenciar anteriormente. Agora “Um Tartufo”
volta aos palcos, dessa vez no Maison de France, onde se
destaca a criação de Bruce Gomlevisky para um texto de Molière.
Trata-se de um espetáculo dos mais surpreendentes, em relação
ao texto e à sua proposta.

Devemos frisar que a presente historia da peça Tartufo é contada – e
compreendida - sem uma palavra do texto a ser proferida. Temos,
em cena, a invasão de um falso religioso cujo desígnio é tirar proveito
dos ingênuos que o cercam e, sendo eles ricos, melhor ainda.  
O texto de Molière destaca os maus sentimentos de um homem de Deus:
ou assim autointitulado. Para nós, e para o autor, Tartufo tornou-se
sinônimo de hipocrisia, um substantivo masculino!
Tanta vilania da parte de Tartufo podemos testemunhar durante os acontecimentos que se seguem na casa de Orgon (interpretado
lindamente por Gustavo Damasceno, um ator que acompanha
Gomlevski em várias de suas montagens). Orgon é um rico pai
de família que recebe o religioso em seu lar. O rico burguês
tornou-se um fanático religioso, apaixonado pelos  poderes e pelos
conselhos de Tartufo, e desdenhando as advertências da esposa,
filho e agregados, que suspeitam da falsidade do homem de Deus.
Aos poucos, mesmo para quem, na plateia, não domina o contexto
dessa peça de Molière, as intenções do mau religioso vão se tornando
evidentes.

É aí que o diretor mostra-se genial, ao apresentar os recursos
que tornam claras as intensões de Tartufo. O religioso, quando
 contrariado, brande a sua sineta e bale, como as ovelhas, dirigindo-se
a elas, seus devotos. Ele as considera ovelhas encerradas em seu
aprisco. Tartufo é interpretado por Yasmin Gomlevski, e fazer
uma mulher interpretar um canalha joga com a compreensão
profunda e a sutileza que o “sexo frágil” possui. Yasmin está perfeita,
em sua interpretação de Tartufo!  

E, ao mesmo tempo que o diretor vai testando as possibilidades
expressionistas do espetáculo,  de quebra ele  vai expondo as
possibilidades de sedução de um hipócrita, em relação às  mulheres
da casa burguesa, subvertendo a ordem aparente. E, de recurso
em recurso, o diretor vai imaginando brilhantes situações e
desempenhos para seus atores.
 As cenas ocorrem de maneira tão perversa em relação a Tartufo,
que não haverá dúvida, mesmo para uma plateia que não conheça
o texto (o que não é o caso do público do Maison de France), pode
compreendê-lo.  
A estética expressionista do espetáculo fala por si. Trata-se de
uma postura sofisticada, que é revestida pela competência de
um ritmo inovador. No caso, não seria exagerado dizer que ele
lembra o cinema mudo de Murnau, porém ultrapassa os recursos do cineasta! O que vemos no palco, além da música que sublinha a ação,
e a iluminação, os figurinos e a maquiagem que compartilham dessa
estética, podemos perceber uma determinação da direção em ultrapassar
as peripécias e maldades burguesas da sociedade de Tartufo, expandindo
as intensões de Molière. No caso, podemos imaginar o que os
“puristas” do tempo de Molière pensariam das alterações de
Gomlevski, e com certeza bons protestos e debates acalorados
surgiriam (parece que foi pior, veio a censura religiosa!). Em todo
caso, Gomlevski se dirige aos nossos tempos, buscando uma
conjuntura que sinaliza os perigos do atual fanatismo, no qual
os religiosos não são somente fanáticos da religião! É ver para crer!

No elenco, além do já citados Gustavo Damasceno e Yasmin
Gomlevski temos Nuaj Del Fiot, artista visual e performática,
que transmite os sentimentos de Mariane, noiva de Valère
(interpretado por Gustavo Luz). Há a bela Madame Elmira,
talvez uma das interpretações mais marcantes, com o seu
cachorrinho interpretado por ela, ao mesmo tempo que se
encarrega do tempo de sedução para dominar o mau homem
da religião. A propósito, Elmira (interpretada pela ótima Patrícia Callai),
se encarrega de desmascarar Tartufo para seu marido Orgon.
O diretor destacou oito personagens, dos quinze que compõe o elenco,
havendo, no lugar de um policial, uma dupla... (deixemos a surpresa para
quem vai assistir “Um Tartufo”). A soubrette de Molière é um homem,
interpretado por Thiago Guerrante, que tem cenas “estouvadas” e outras até
de certa beleza, como a das plumas que, atiradas por ele, voam para aos
braços de Mariane, que está infeliz por causa das artimanhas de Tartufo
querendo casar com ela, que ama Valère. No Tartufo de Gomlevski as
 coisas não se resolvem como no tempo de Molière, tempo no qual o final
feliz era recomendação do Rei Louis XIV.

Temos o filho de Orgon, Damis, interpretado por Felipe de Barros. Aliás,
todos os atores de Gomlevski são excelentes e cumprem com o difícil papel
de interpretar emoções através de gestos precisos e contraídos. Ricardo
Lopes representa o Estrangeiro, o homem com o olhar crítico. Ele é
Cleanto, que  introduz, versão Gomlensky, outras crenças religiosas além
da Ocidental. Mas sem fanatismos. Seu personagem é interessante e faz pensar.
O já citado Felipe de Barros, que interpreta Damis, filho de Orgon, sofre o desamor e a descrença
de seu pai a tal ponto que chega a ser deserdado, em favor de Tartufo, só
porque o rapaz quer alertar o pai a respeito do hipócrita! Mas isso nós já
sabemos.

Temos neste espetáculo um momento histórico a ser destacado, e
transmitido a gerações! Talvez filmá-lo? É impressionante a submissão
decorrente da dominação. Devemos assistir “Um Tartufo” como o caminho da Historia do Homem – um conflito perpetuo!

Até quando?

E agora a belíssima ficha técnica. Temos a impressão de que a preparação
gestual foi um trabalho de grupo: criação coletiva e individual. A música
 desconhecida e atuante é do compositor esloveno Borut Krzisnik, afamado
em seu país. A Luz é dada por Elisa Tandeta. Bravos! Figurinos de
imaginação soberba e eficaz de Marina Duarte. A Caracterização, trabalho
 poderoso, é de Mona Magalhães. Assistente de Direção: Luiza Espíndola.
Assessoria de Imprensa João Pontes e Stella Stephani. A Cia. Esplendor
completa 10 anos, com espetáculos relevantes e belo teatro. Parabéns! 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

MARACANÃ

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MARACANÃ - Texto e Direção de Moacir Chaves. Intérprete Ricardo Kosoviski (Foto Giselle Falbo).

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

MARACANÃ

“Habemus scripta!” Ele inicia, ou melhor, o ator Ricardo Kosovski
inicia o espetáculo chamando, conclamando o público, com seriedade 
e urgência, para este encontro com o humano! 

Na verdade, Ricardo Kosovski vai interpretar o texto de Moacir
Chaves, “Maracanã”, uma contemporânea junção de textos,
clássicos e modernos, sobre as desordens do nosso dia a dia.
Trata-se da nova escrita, que não deixa para trás os antigos valores
 e incita o público a prestar atenção no que vai se passar no palco.
Trata-se de uma aula sobre o humano. Pelo menos é o que nos parece,
que vamos assistir a narrativas bem-humoradas sobre o lado escuro
da natureza humana. Sim, está em destaque, no texto de Moacir Chaves,
o Mal - encoberto com grande senso de humor e ironia. Sim,
muitas vezes o humor e a ironia são recursos mais eficazes para narrar,
em teatro, a tragedia e a melancolia das quais o ser humano é capaz,
em seu dia a dia.
Não estamos com isso libertando “Maracanã”, o texto de Moacir Chaves,
da tragedia e da melancolia. As bruxas de Macbeth podem ser o temor
do homem contemporâneo, o temor ao retratar as mulheres, estas
bruxas desconhecidas. E não podemos deixar de perceber,
nesta passagem “irresponsável”, como os homens entendem, de maneira
bem-humorada  (no sentido de assimilar a proposta...), a estas modernas
mulheres-bruxas!
Há, no texto, a compreensão do lado perverso do humano (Macbeth é um
bom exemplo),  que se revela também no oportunismo dos diretores dos
grandes espaços modernos, que  abrigam milhares de seres humanos,
em conglomerados, como o do Maracanã, “o maior estádio do mundo”,
e a tudo transformam em caos, em nome do lucro. O espetáculo
concentra-se na verdadeira alma do humano, a sua maldade.
Porém há atenuantes, e é quando o narrador/ator nos incita a
complementar o que está revelando, em sua narrativa inesgotável,
até compreendermos o que lhe vai n’alma!  Em sua argumentação
há passagens de Tchecov (“O Jardim das Cerejeiras”, muito oportuno,
sobre os servos, e a conservação da natureza), Padre Antonio Vieira e
Manuel Bandeira também fazem presença. Sim, há os que compreendem
o humano, e se debruçam sobre ele, como estes três últimos citados!
Como Shakespeare, claro! Esperamos que este encontro continue,
depois de sua estada no Teatro Sérgio Porto!    
Nesta historia toda saímos muito interessados ao constatarmos ter,
no Brasil, dramaturgos que se preocupam com a escrita e com o
recado que querem transmitir a quem os assiste. Pessoas que criam o seu
texto. Seres sensíveis.
Demos, como público, mais um passo em direção à compreensão do
trabalho de Moacir Chaves.
Gostaríamos de ouvi-lo mais.
Quanto a Ricardo Kosovski, que transmite com precisão o pensamento
do autor, louvamos a capacidade de comunicação com o público,
a empatia que revela e nos surpreende. Sempre foi assim, quando
está em cena. Temos a celebrar o isolamento deste alguém que pensa.
O espaço criado pelo nosso querido Fernando Mello da Costa,
um poeta do olhar, que conseguiu limitar o isolamento e abrir caminho
para o ator se libertar de pensamentos que o acompanham, insistentemente.
Como já formulamos, estes pensamentos vão sendo absorvidos por quem o
 vê e ouve – o espectador do milagre teatral. A iluminação, que participa
deste encontro, é de Aurélio de Simoni, nosso grande Mestre. Figurino
do cotidiano de Lídia Kosovski. Temos, com estes seis fatores: autor, direção,
atuação, espaço cênico, iluminação e figurino, um grande e verdadeiro
encontro com o Teatro!