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quarta-feira, 25 de julho de 2018

"O ÚLTIMO COMBATE DO HOMEM COMUM"



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Rogerio Freitas (Souza); Beth Lamas (Neli); Isio Ghelman (Jorge)
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Vera Novelo (Lu, a avó), Rogerio Freitas (Souza)

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Isio Ghelman (Jorge); Vera Novello (Lu, a avó)
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Ana Velloso (Cora), Gillray Coutinho (Afonsinho)
(Fotos Claudia Ribeiro)

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
ODUVALDO VIANNA FILHO já está se despedindo de nossa cidade, o Rio de Janeiro, e nem teve tempo de ser festejado. Será que as coisas passam assim tão depressa? Oduvaldo, o jovem autor que iluminou os anos 70 do século passado com sua dramaturgia inspirada, iluminou também, para os jovens de hoje, os anos de chumbo. Como era bom saber, quando havia um Vianninha em cartaz! Mas era muito difícil assisti-lo,  pois, na maioria das vezes a censura acabava com a nossa alegria! Dessa vez, em 2018, e no Teatro Nelson Rodrigues, aconteceu uma nova adaptação de "Em Familia”, dirigido por Aderbal Freire Filho, mas nem houve tempo para nada, nem para festejá-lo Ou será que os tempos são outros, e os acontecimentos teatrais se revezam com tal velocidade que não há mais tempo, tempo, tempo...  para nada?
     Eis que Aderbal Freire Filho resolve contar sobre “O Ùltimo Combate do Homem Comum”, relembrando “Arena conta...”, onde surgiram todos aqueles autores fabulosos: Vianninha, Guarnieri, Boal... Pois Arena conta agora “O Último Combate do Homem Comum”, rebatizado por Aderbal. As novas gerações (excluindo as que fizeram escolas de teatro), não tiveram ocasião de apreciar corretamente a este autor. Coisas dos tempos modernos, quando o público pensa que tudo é comédia! O mesmo aconteceu há alguns anos atrás quando foi levada em cena “Rasga Coração”. Acontece que, nas peças de Vianninha, as coisas vão se desenvolvendo, as cenas vão se encaixando e, da vivacidade de um encontro entre pais e filhos... podem nascer o riso... e a lágrima! Assim é com esse “O Último Combate...” ! !  Assim foi com “Rasga Coração” !       Quando Rogerio Freitas e Vera Novello fazem e desfazem com o coração do público, temos orgulho do nosso elenco. Quando vemos Isio Ghelman nos levar às lágrimas, no momento em que estávamos refesteladas rindo das tiradas de Souza (Rogerio) com seu amigo Afonsinho (interpretado por Gillray Coutinho), Isio mostra, em seu desabafo pelo fracasso ao acolher em casa os velhos, seus pais, toda a emoção desesperada que se manifesta nos que amam sem amarras. Cena magnífica!
     E não ficamos só com os estes exemplos: Beth Lamas (a bem casada Neli); Ana Velloso (Lu, a caçula); Paulo Giardini (revelando-se como o problemático Beto!),  interpretam os outros filhos do casal. E há o sempre maravilhoso palhacinho interpretado por Kadu Garcia, de maneira alegre e bem vinda, desdobrando-se em “Aparecida”, o “Patrão” e o “Médico”. Mas todas as ligações vão além, e as personalidades conflitantes dos filhos enclausuram os pais!
     Tudo no texto é tão bem formulado, que não falta a união da avó (Vera Novello irreconhecível como Lu, uma das pontas do conflito), mãe e avó desagregando a precaria estabilidade em que vive seu filho Jorge (Isio Ghelman), sua esposa Cora (boa intervenção de Ana Barroso), e a filha adolescente Suzana (Meg Pastori). Quando não há previsão para a velhice, eis a situação a que ela fica exposta. A peça mostra  o olhar carinhoso de Vianninha, e ele nos comove. Percebemos também – através de uma leitura subitamente cruel!  - que nada irá modificar o modo de agir dos filhos, em relação à velhice dos pais!
     Só podemos nos maravilhar com a sequência de cenas escritas por Vianninha. Elas vão desenvolvendo a ação em um encadeamento lógico, levando à negação da cena familiar. O problema de cada filho vai se desenvolvendo como a vida solicita! E assim será, a menos que uma revolução humanista aconteça, e mude as pessoas na sala de jantar.
     “Em Familia” – agora chamada “O Último Combate do Homem Comum” – traz em seu contexto a experiência de uma convivência que não frutifica em amor, mas em certezas.    
     É algo para se pensar, algo que nos leva a refletir sobre a ação dos humanos. Na sequência, vamos desvendando a célula primordial dos acontecimentos que irão se reproduzir em escala universal. Tudo é referido com muito acerto por este grande artista que é Oduvaldo Vianna Filho. E as cenas são bem distribuídas, cada ator tem o seu moment de bravure, como dizem os franceses...
     Corram, que ainda dá tempo!
     FICHA TÉCNICA: Autor: Oduvaldo Vianna Filho. Concepção: Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar. Direção: Aderbal Freire Filho. Cenario: o grande Fernando Mello da Costa! Figurinos dos anos 70: Ney Madeira, Dani Vidal e Pati Faedo; Direção musical e trilha sonora: Tato Taborda; Iluminação: Paulo Cesar Medeiros; Produção: Lúdico Produções Artísticas.   

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