IDA VICENZIA
(Da
Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
MACUNAÍMA
Eis que Veronica Stigger de “Cabaret Demencial”, e Bia Lessa, de “P.I.
– Panorâmica Insana” uniram-se e criaram essa rapsódia, envolvidas por cenarios e figurinos que nos levam a tempos nunca vividos. É um novo/velho “Macunaíma" que se descortina, um Imperador do Mato-Virgem mais preciso que já nos foi dado ver. E assim, entre músicas e cenários fantásticos, podemos desfrutar dessa “rapsódia
brasileira” criada por Mario de Andrade, em 1928.
Temos certeza que o público de teatro nunca a viu assim tão completa, como o espetáculo criado por Bia Lessa, para a Companhia Barca dos Corações Partidos. A Cia. já carrega em seu currículo outros sucessos e podemos dizer, sem temor de sermos iconoclastas, que Antunes Filho, em comparação com a atual montagem de Bia Lessa, nos deu apenas uma visão (criativa), dos encontros e desencontros de Macunaíma com Ci, a Mãe do Mato - que acabou virando estrela - e outros personagens que nos encantam, neste espetáculo tão brasileiro.
Temos certeza que o público de teatro nunca a viu assim tão completa, como o espetáculo criado por Bia Lessa, para a Companhia Barca dos Corações Partidos. A Cia. já carrega em seu currículo outros sucessos e podemos dizer, sem temor de sermos iconoclastas, que Antunes Filho, em comparação com a atual montagem de Bia Lessa, nos deu apenas uma visão (criativa), dos encontros e desencontros de Macunaíma com Ci, a Mãe do Mato - que acabou virando estrela - e outros personagens que nos encantam, neste espetáculo tão brasileiro.
A nova versão a que assistimos é a mais completa, com mais detalhes
e com muita pimenta, mais “fogo da urtiga”, como diz o autor, a respeito dos
exageros sexuais da sua historia. E tudo gira em torno da lembrança de Ci, a
Mãe do Mato, que deixou Macunaíma para virar estrela, e o herói passou a viver
sob sua proteção, com o Muiraquitã por Ci regalado, antes de ela virar a
Estrela Beta, do Centauro...
Bem, na versão de Bia Lessa há uma “volúpia
da cena”, onde os arroubos sem censura dos habitantes da mata envolvem a
plateia. Tal volúpia mostra corpos nus, cenas eróticas e a liberdade sexual que
imaginamos existir entre os “povos da floresta”. A narrativa de Bia Lessa (e o
olhar de Stigger, em sua adaptação do livro para a cena), são o
quase insuportável encontro do fálico com a dor. (Quem leu “Gran Cabaret Demencial”
de Veronica Stigger sabe a que ponto pode chegar a cena). Estas duas artistas, Bia Lessa principalmente, criaram uma nova versão teatral de
Macunaíma que ultrapassa a imaginação de Mario de Andrade (no caso, mais atento
aos “causos” populares do nosso Brasil), apresentando cenas em detalhes que não foram articulados por Antunes Filho, embora Mario de Andrade os tenha criado. Neste sentido. o espetáculo combina a música com a fala dos personagens, o que o transforma em uma ópera rústica. Em 1978, quando Antunes fez
a sua (e de Jacques Thiériot) adaptação para o palco do nosso “herói sem nenhum
caráter”, podemos dizer que sua visão era mais poética!
Imaginamos que a montagem de Bia Lessa não
deixa escapar nada da versão (e adaptação do texto), feita por Stigger, e
levada à cena pela Cia. Barca dos Corações Partidos. Inesquecível
a cena dos músicos invadindo o espaço cênico e levando os três irmãos, Macunaíma,
Jiguê e Manaape, de roldão, passando, literalmente, por cima dos três e mostrando do que é
capaz a "mata São Paulo"! E assim foram os irmãos apresentados à vida urbana
selvagem. Os músicos que os recebem na pauliceia estão com figurinos de gala que irão usar quando se apresentarem no teatro da cidade civilizada: as mulheres de 'longo preto' e os
homens de 'smoking'! O final do Primeiro Ato (são dois Atos), é aplaudido com “Bravo!”,
pela plateia encantada. O Segundo Ato, construído pelas duas artistas, é bem
mais complicado...
Temos uma dúvida: a personagem da mãe de Macunaíma, interpretado pela índia Zahy Guajajara, fala um idioma indígena, ou é dublada? Ficamos alucinadas com a perfeição da sua fala. No elenco temos também algumas atrizes: Laura Rhodes, Lívia Feltre, Sofia Teixeira, que fizeram teste para os personagens femininos, muito belos. O elenco masculino, que trabalha há mais tempo na Companhia, contou, entre outros, com a presença de Renato Luciano, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, e os diretores musicais Alfredo Del-Penho e Beto Lemos, entre outros.
O SEGUNDO ATO DE MACUNAIMA É O
ENCONTRO DO HERÓI COM O TERRÍVEL VENCESLAU PIETRO PIETRA,
O GIGANTE PIAIMÃ, COMEDOR DE GENTE! ELE POSSUI O MUIRAQUITÃ!
Temos uma dúvida: a personagem da mãe de Macunaíma, interpretado pela índia Zahy Guajajara, fala um idioma indígena, ou é dublada? Ficamos alucinadas com a perfeição da sua fala. No elenco temos também algumas atrizes: Laura Rhodes, Lívia Feltre, Sofia Teixeira, que fizeram teste para os personagens femininos, muito belos. O elenco masculino, que trabalha há mais tempo na Companhia, contou, entre outros, com a presença de Renato Luciano, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, e os diretores musicais Alfredo Del-Penho e Beto Lemos, entre outros.
Na criação do espetáculo tivemos
a Assessoria Teórica de Flora Sussekind e a colaboração de Silviano
Santiago e Marilia Martins, entre outros. A ficha técnica é interminável,
e de primeira grandeza. Andréa Alves é a Produtora da Companhia.
Mário de Andrade, por sua vez, o criador dessa historia de tanto talento,
contou com as lendas e mitos dos índios taulipang, arecuná e macuchi,
recolhidos pelo etnólogo Koch-Grünberg, em 1924.
...E
assim se deu que os três irmãos deixaram a foz do rio Negro e a consciência, na
Ilha de Marapatá. Quando voltaram... foi. Bem, só vendo a versão final da peça de Bia Lessa!
Eis mais algumas informações sobre a ficha técnica: