IDA VICENZIA
(da Associação
Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
Andrea Dantas em O Diabo em Mrs. Davis (foto de Luciana Mesquita).
E cá estamos nós comentando o magnífico O Diabo em Mrs. Davis, solo de Andrea Dantas, com direção do ótimo Aloísio de Abreu e texto de Jau Sant’Ângelo.
Temos quase certeza de que vocês não sabem
quem é Jau Sant’Ângelo. Pois ele saiu, ainda menino, dos ensinamentos de Guti
Fraga do Grupo Nós do Morro para a vida profissional e criativa, e deu no que
deu: um ótimo fazedor de textos teatrais! Sim, podemos chamá-lo de dramaturgo,
pois já possui no mínimo três textos de sucesso: No Escuro o que faz uma
mariposa sem uma lâmpada; Amargo Fruto – Vida de Billie Holiday, e este O Diabo
em Mrs. Davis. O autor deste último texto se inspirou nas palestras realizadas
por Bette Davis nos anos 80, quando afastada do cinema. Vocês sabiam que Davis,
uma vez fora do cinema, fez palestras sobre a sua vida?
Pois bem. Temos aqui o ótimo O Diabo em
Mrs. Davis, uma espécie de autobiografia, dirigida por Aloísio de Abreu (para mim
um ator e diretor talentosíssimo que ainda não foi reconhecido e destacado pelo
seu grande talento). Pois bem. O Diabo em Mrs. Davis recolhe ainda outro grande
talento, que é Andrea Dantas fazendo o papel de Mrs. Davis.
E chegamos a este monólogo, mas não antes de
reconhecer o valor do texto de Jau Sant’Ângelo, um grande e irônico texto,
fazendo jus à personalidade de Mrs. Davis. Andrea Dantas, como ótima atriz que
é, entra no espírito da famosa e brilhante atriz, como se a mesma fosse!
Explicamos:
“Dangerous” foi o primeiro Oscar de Bette.
Depois veio “Jezebel”, e um novo Oscar... e filmes que a levaram ao sucesso,
como “Com a Maldade na Alma”; “A Malvada”, e alguns títulos que lhe deram
projeção (e Oscares) em sua vida ativa no cinema. Foram cinco indicações ao
Oscar. Mas Bette Davies - com todo o seu talento - também teve que correr atrás
de participações em filmes, como qualquer mortal! E isso podemos testemunhar no
texto de Jau, nas palestras pós-carreira por ela proferidas. Seus diretores?
Nada menos do que William Wyller (Jezebel); Com
a Maldade na Alma (direção de
Robert Aldrich) – filme em que contracenou com Olivia de Havilland, de quem
era amiga. E muitos outros filmes,. Considerava a sua mãe, Ruth, “uma mistura
de mãe, agente e Deus”, pois foi graças a ela que iniciou a sua carreira de sucesso.
(Os cinéfilos, os adeptos da sétima arte
não esquecem Bette Davis).
Realmente, Bette Davis é (era) uma mulher
brilhante e talentosa. Suas frases no espetáculo do Teatro Municipal Café
Pequeno fazem jus à fama que recolheu durante a carreira. Talvez o mais
divertido (para a plateia) seja o relacionamento de amor e ódio que ela
reservava a Joan Crawford, sua rival no cinema. Ela foi sua companheira no
grotesco e terrível “O que terá acontecido a Baby Jane?” (dirigido pro Robert
Aldrich). Diz Bette que as duas se odiavam. Mas amores e ódios faziam parte da “Época
do Ouro” do cinema de Hollywood!
Andrea Dantas é uma inspirada e brilhante
atriz (mas sem a maldade de Bette). Andrea é uma atriz de doce personalidade
(ao menos é o percebemos em seu contato), e possui o reconhecimento de ser brilhante
como atriz. E não diz - ou talvez não diga - como Bette que: “Sucesso é mais
perigoso do que fracasso”. Não sabemos se pensa assim, Andrea é uma atriz
discreta.
O trio acima mencionado, Jau, Aloísio e
Andrea estão no simpático teatro Café Pequeno até o dia 9 de fevereiro, com
este “O Diabo...”. Imperdível, diríamos. E ele foi levantado com a ajuda de
amigos. O cenário atual é simples – uma cortina vermelha ao fundo, uma poltrona
e uma mesa com bebidas - criado pela
própria atriz. O figurino e a maquiagem
são também escolhidos e realizados por Andrea. Tais atributos a transformam, em
cena, na inesquecível Bette Davis.
O que podemos concluir do espetáculo? Que
ele é uma pura demonstração de amor ao teatro - talvez o mais puro amor - dos que
temos visto ultimamente. O entrosamento do trio é perfeito. Ficamos surpresos e
divertidos com a lucidez e a maldade que Andrea Dantas empresta a Bette Davis.
Na ficha técnica temos Stella Stephany na
divulgação; fotos de Luciana Mesquita; figurino: Marcelo Marques; Ambientação
Cênica de Andrea e Jau (no Café Pequeno com ênfase na criação de Andrea);
Visagismo Walter do Valle. NÃO
PERCAM! É BOM VER BOM
TEATRO!