I D A V I C E N Z I A
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
OS OLHOS DA
PELE
Devemos considerar este último trabalho de Regina Miranda não
como sendo o último controle (de sua parte) sobre o universo artístico, mas uma
observação sobre ele.
A primeira foi a descoberta do universo feminino pesquisando Antonin
Artaud
e seu Heliogábalo: “o feminino engendra o masculino” .
Foram tantas as descobertas, desde os anos 70, que podemos
considerar Regina Miranda uma personagem!
Agora, depois de muita reflexão, Regina nos marca, em seu Os
Olhos da Pele, como “a devoradora da sujeição artística ao cotidiano!”
Estamos sujeitos ao fator tempo. Os artistas pensam e vivem esse fator! E
sempre têm que enfrentar uma pergunta desconcertante que é feita para os bailarinos:
“que idade você tem?”.
Sim. Porque para os atores esta pergunta nunca é feita. Por
exemplo: um ator, para fazer o Rei Lear, não precisa ter uma idade definida,
precisa APRESENTAR AQUELA IDADE! Por exemplo:
precisa aparentar 90 anos! E isso não é o início de tudo! Se for um bom
ator, se souber mostrar o seu “Rei Lear”
- ELE SERÁ O REI LEAR!!
mesmo tendo 40 anos!
Mas quem garante isso a um bailarino?
O bailarino tem que se reinventar!
E aí entra novamente a genialidade e a criatividade de Regina
Miranda... e vemos sua dança, seus movimentos se estenderem em cena, movimentos
com uma mobilidade... às vezes dura, às
vezes complacente...
Esta técnica é criada pelo Laban Bartenieft Institut of Movement.
Ou será Regina Miranda criatividade pura?
Ficamos observando seus gestos...
O estudo entre a dança e a tecnologia se encontram com os
belos poemas de Jeladium Rumi (sé. XIII), ou a integração de seus movimentos
com os do videomaker Shalom Gorewtiz, em Ghazal?
Tudo isso é Regina.
Hoje Regina Miranda parte da limitação imposta ao bailarino. E destaca este temor! No início do espetáculo, artista crítica o que
é se interpor entre estas dificuldades.
Para ela o envelhecer quer limitar o bailarino, o que já não acontece com o
ator! Para esta crítica, aí está a chave de seu pensamento, do desenvolver deste
pensamento: Por que o bailarino?
Por que essa diferença não existe para o ator?
(Mas os bailarinos de Regina Miranda são atores/bailarinos!)
Como fica isso??!!
“Que idade você tem”? – é a pergunta que se repete, para o bailarino.
A sua condição física faz com que ele não seja só uma
manifestação corporal: o bailarino deve
entregar todo o seu espírito.
... e Regina Miranda, com seus movimentos quase imóveis, nos dá
a impressão do que pode ser a imobilidade da dança!
Uma escultura?
As mãos de Regina são uma escultura!
Queremos comentar o trabalho de Regina e Os Olhos da Pele.
Nele as formas de arte podem se manifestar livremente. O que seriam os movimentos dos parangolés de
Helio Oiticica, que nasceram da liberdade da livre expressão do artista? Em
cena, e maravilhando o público, Fabiano Nunes reveste a dança em sua expressão
mais pura, leva o público ao delírio nos trazendo Helio Oiticica para a cena!
E, a seguir, assistimos
Marina Salomon evoluindo em seu texto de
bailarina/atriz! E Lucas Popeta participando com seu talento. Que belo
espetáculo!
E que desbravador, derrubador de velhos tabus! Por que
bailarinos não podem dançar sempre?
Por que estabelecer limites para os bailarinos?
DESTAQUES:
(As luzes de Luiz Paulo Nenen falam com o espetáculo). E o
som bailarino de Sergio Krakovski são
pontos que destacamos nesta manifestação artística onde todos os elementos
cênicos fazem parte de um só abraço. (O público em cena, no palco arena,
também).
E o aconchegante Teatro Cacilda Becker!
Sim. Eis o espetáculo de Regina Miranda!
Vem mais coisa aí? Ela promete... Esperemos para ver!
REGINA E SUA DANÇA
ABSOLUTA!
(NÃO PERCAM ESTE
ESPETÁCULO!)
Nenhum comentário:
Postar um comentário