Paulo Betti e a "Casa da Familia", em "Autobiografia Autorizada", de Paulo Betti. Direção Rafael Ponzi e Paulo Betti. (Foto de Mauro Kury) |
"Em companhia da avó". Paulo Betti em "Autobiografia Autorizada". (Foto de Luciana Mesquita). |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro -
AICT)
(Especial)
Em cartaz no Teatro dos
Correios, no Centro do Rio de Janeiro até dia 10 de maio, a "Autobiografia Autorizada",
de Paulo Betti. Momento mágico, em que o ator-dramaturgo brinca com o público e o incita a sonhar. A primeira brincadeira de Betti é "liberar" o uso dos celulares para a plateia. Este aparelho, inimigo dos atores, pode ser utilizado, desde que seja de maneira
discreta, em um cantinho da platéia... ou para se transformar em uma máquina de fotografar, "mas sem flash". Mas não há problema com os celulares, pois os espectadores não descuidam do ator e sua viva comunicação com a plateia. Com um olhar
carinhoso (e inteligente), o dramaturgo transforma a sua
autobiografia em uma nova mistura de fantasias e temores. Betti inaugura a sua historia com o olhar encantado dos artistas.
Lembrando de sua vida enquanto criança e adolescente, o caçula de 15 irmãos é lançado no burburinho de uma família de imigrantes, e, aos poucos, vai descobrindo o seu mundo. São tantas as peripécias da narrativa que o espetáculo transforma-se em uma máquina bem azeitada, marcando os encontros e desencontros da família. O projeto de escrever a sua historia de menino estava na cabeça de Paulo Betti e em algumas anotações em cadernos de infância. O vai-e-vem se estabelece quando essa história começa a ser contada no palco, fazendo os espectadores esquecerem os 120 minutos que irão viver juntos, no espetáculo!
E o tempo se acelera, e ninguém percebe. A maneira pela qual Paulo Betti nos leva a seu mundo escondido nos cafundós de Rafard, nos traz as raízes de um Brasil procurado por sociólogos e poetas. É a alma dos imigrantes forçada a viver uma nova realidade longe de seu país. E assim vão surgindo cenas com avós, pais e irmãos, todos fazendo parte de um mundo que se esconde atrás das taperas, dos quilombos, do mato e da terra batida. Iustrando sua historia, Paulo interpreta várias personagens: a avó, uma mulher que mata porcos com suas poderosas mãos e que se transforma, na decrepitude da morte, em um bebê que suga os dedos, e engatinha pela casa! A narrativa da doença de seu pai, e as crendices da mãe, com suas benzeduras e mistérios. São fatos assustadores que não deixam o menino dormir...
Lembrando de sua vida enquanto criança e adolescente, o caçula de 15 irmãos é lançado no burburinho de uma família de imigrantes, e, aos poucos, vai descobrindo o seu mundo. São tantas as peripécias da narrativa que o espetáculo transforma-se em uma máquina bem azeitada, marcando os encontros e desencontros da família. O projeto de escrever a sua historia de menino estava na cabeça de Paulo Betti e em algumas anotações em cadernos de infância. O vai-e-vem se estabelece quando essa história começa a ser contada no palco, fazendo os espectadores esquecerem os 120 minutos que irão viver juntos, no espetáculo!
E o tempo se acelera, e ninguém percebe. A maneira pela qual Paulo Betti nos leva a seu mundo escondido nos cafundós de Rafard, nos traz as raízes de um Brasil procurado por sociólogos e poetas. É a alma dos imigrantes forçada a viver uma nova realidade longe de seu país. E assim vão surgindo cenas com avós, pais e irmãos, todos fazendo parte de um mundo que se esconde atrás das taperas, dos quilombos, do mato e da terra batida. Iustrando sua historia, Paulo interpreta várias personagens: a avó, uma mulher que mata porcos com suas poderosas mãos e que se transforma, na decrepitude da morte, em um bebê que suga os dedos, e engatinha pela casa! A narrativa da doença de seu pai, e as crendices da mãe, com suas benzeduras e mistérios. São fatos assustadores que não deixam o menino dormir...
Em sua historia Paulo transborda de simpatia, e humor; e assim temos a divertida irmã Teresa, responsável pelo linguajar caipira no
qual "endemia" se transforma em "academia"; ou sua irmã
Cida, a enfermeira, cuja sensibilidade para tratar os doentes é maior do que a
dos médicos do lugar (deixa estar, que os imigrantes genoveses sempre souberam
se defender em terras estranhas). O espetáculo mostra as
idiossincrasias da família Betti, e vai ilustrando, através de fotos e documentos, a vida de cada um de seus
personagens. As projeções de Marlus Araujo fazem um interessante entrosamento
com o público. O dramaturgo, através de cuidadosa
pesquisa, ilustra os acontecimentos com parlendas, poemas e
canções. Há descrições poéticas de momentos vividos, como o jardim
cultivado por sua mãe Adelaide - "aquela que tem um semblante nobre"...
e o desvendar do nome de seus familiares, são momentos poéticos.
O olhar de Paulo lembra o olhar crítico e carinhoso de Suassuna sobre o povo simples que o
rodeia. Mas também nos leva a pensar no Brasil da obra de Mario de Andrade (o modernista Mario ficaria encantado com as descobertas de Betti). O
monólogo de Paulo traz à cena tantos personagens e vozes diferentes que pensamos estar diante de uma nova e inesgotável historia, que também pode ser a nossa.
Esta autobiografia é uma união de forças e de talentos. Percebemos no cenário e objetos de cena de Mana Bernardes, principalmente a reprodução da casa da "Família Betti", um toque de poesia e leveza que permite viajar, em todos os sentidos. Paulo Betti e Rafael Ponzi, na direção, mostram as possibilidades de uma história tão complexa. Paulo Betti, em seu monólogo, revela-se um ator de múltiplos recursos. Juliana Betti, na assistência de Direção, intervêm com um olhar criativo. Miriam Weitzman, na Direção de Movimento dá ao intérprete a possibilidade de definir os personagens, marcando as suas caracteristicas. A Iluminação de Daniela Sanchez &Luiz Paulo Nenem trabalha entrosada com as projeções de Araujo, e este entrosamento é milimetrado pela interpretação do ator. Sutil arranjo. Trata-se de um trabalho em que figurinos (adequados) de Letícia Ponzi, e Trilha Sonora Original de Pedro Bernardes enriquecem o todo. Direção de Produção: José Luiz Coutinho & Wagner Pacheco. Projeto de Som: Rodrigo Mello. Assessoria de Imprensa: Daniela Cavalcanti.
Esta autobiografia é uma união de forças e de talentos. Percebemos no cenário e objetos de cena de Mana Bernardes, principalmente a reprodução da casa da "Família Betti", um toque de poesia e leveza que permite viajar, em todos os sentidos. Paulo Betti e Rafael Ponzi, na direção, mostram as possibilidades de uma história tão complexa. Paulo Betti, em seu monólogo, revela-se um ator de múltiplos recursos. Juliana Betti, na assistência de Direção, intervêm com um olhar criativo. Miriam Weitzman, na Direção de Movimento dá ao intérprete a possibilidade de definir os personagens, marcando as suas caracteristicas. A Iluminação de Daniela Sanchez &Luiz Paulo Nenem trabalha entrosada com as projeções de Araujo, e este entrosamento é milimetrado pela interpretação do ator. Sutil arranjo. Trata-se de um trabalho em que figurinos (adequados) de Letícia Ponzi, e Trilha Sonora Original de Pedro Bernardes enriquecem o todo. Direção de Produção: José Luiz Coutinho & Wagner Pacheco. Projeto de Som: Rodrigo Mello. Assessoria de Imprensa: Daniela Cavalcanti.
É MUITO BOM VER BOM TEATRO!
Obaaa!!! A segunda foto eu fiz da plateia, assistindo a peça como sempre faço... e nessa peça, melhor ainda por ter sido liberado, desde que sem flash
ResponderExcluirMas fico feliz de ve-la atribuida ao nome de um fotógrafo que é fera, como é o caso de Mauro Kury...
Esse é um dos momentos no qual ele fala sobre a mãe...
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