Cena de despedida de "A Vida Começa pela Memoria", criação de Ricardo Risuenho. Interpretes: seu criador e a bailarina Anna Raphaela. (Foto de Meduri Scilla - Itália) |
Cena chapliniana de os "guarda-chuvas" - com a bailarina Anna Raphaela.
(Foto de Meduri Scilla - Itália)
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
Em Manaus, recentemente, tive ocasião de
assistir "A Vida Começa pela Memoria", espetáculo da "Companhia de Interpretes Independentes", fundada pelo coreógrafo
Ricardo Risuenho, em 2003. Além de encenador, coreógrafo e bailarino, Risuenho é
médico e exerceu a função de professor universitário nas categorias Anatomia do
Movimento, Consciência Corporal e Improvisação. Este artista faz parte do mundo
dos médicos-artistas-professores e exerce (ou exerceu), a função de professor de
Formação Artística em cursos na Universidade do Amazonas, na Fundação Claudio
Santoro, e outras mais. Sua Companhia recebeu vários prêmios, entre eles destacamos
o de melhor coreografia contemporânea no Festival de Joinville, em 1991. Risuenho é um paraense radicado em Manaus, que iniciou seu trabalho em Belém, com pesquisa arte-corporal
de grande concentração, onde imperam sentimento e técnica. Seu trabalho de dança contemporânea é baseado na técnica MMS
(Movimentação dos Membros Superiores), por ele criada. Sua pesquisa foi agraciada com o Prêmio da Fundação
Klauss Vianna. Atualmente Risuenho desenvolve seu trabalho no “Espaço das Companhias”, um pequeno
teatro de aproximadamente 50 lugares, situado à rua "Dona Libânia", no Centro
de Manaus. Vale a pena conferir. É necessário informar-se pelo menos dois dias antes do espetáculo,
pois os artistas "Independentes" nem sempre estão em Manaus.
"A Vida
Começa pela Memoria" é uma interessante sucessão de quadros, que podem ser
interpretados de diversas maneiras: o caminhar de "encontros e desencontros" de um
casal (interpretado por Risuenho e Anna Raphaella), ou a sucessão de acontecimentos que
a "Vida" e a "Memoria" nos proporcionam, e ou outros mais: sempre com a opção escolhida pelo
coreógrafo, em sua interpretação da técnica MMS.
Anna Raphaella, a bailarina, concentra "tensão e alegria" em seu personagem, dando-nos momentos
de pura arte. Os dois artistas fazem uma demonstração dos movimentos que a técnica MMS proporciona, como quando se equilibram em um precário "estágio" (um banquinho), transmitindo ao público a alegria e o
carisma de seus personagens: são recursos bem sucedidos que falam o
essencial. Outro momento de realização bem-sucedida é a cena dos “guarda-chuvas”
em uma comedia "chapliniana" de intrincada leitura, na
qual a "pericia artesã" é colocada, transmitindo para a cena os mais variados sentimentos. É neste o momento que o som da chuva domina o espetáculo. O som, e não a palavra, domina essa composição de "atores-bailarinos". Destaque também para a sensação de “aprisionamento e libertação” dos personagens que o cenário, com sua rede de proteção e distanciamento da plateia, proporciona. O trabalho de Risuenho e Raphaella se encerra
com um poético encontro de corpos, destacando o "poder de escultura", que a dança permite,
em sua nudez. “A Vida Começa pela Memoria” é um belo encontro com a Arte. Esse encontro nos aguarda nas
vizinhanças do Teatro Amazonas - no Largo de São Sebastião – em Manaus!
Ficha técnica: Criação, direção e
interpretação: Ricardo Risuenho. Bailarina: Anna Raphaella. Operação de Som:
Iara Lane; Operação de Luz: Nelson Magli. Apoio Técnico: Jonatas Amaral. Trilha
Sonora e Cenografia: Ricardo Risuenho. Fotos: Meduri Scilla – Itália.
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