FOTO DAMASCO
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
Introdução de "Calendario de Pedra" - Biografia de Antonio ABUJAMRA
EM DAMASCO
"Damasco é uma das mais belas cidades do mundo, que não sei e não
posso abandonar. Velha e soberba capital do califado omíada, cujas fronteiras
se estendiam do Afganistão à Península Ibérica. Promotora de um convívio
admirável entre culturas e religiões diversas, Damasco era conhecida como
"a cidade do amor" na alta e refinada tradição da poesia árabe.
"Hoje infelizmente Damasco assume feições contraditórias e
monstruosas, cidade vítima do ódio que se espalhou pela Síria. (...) Guerra
civil aberta ao mundo, num grande tabuleiro, cujas partes envolvidas já não se
limitam ao desenho de um país autônomo, mas a um cabo de forças de interesse
incontornáveis entre a Otan e a Rússia, a Arábia Saudita e o Irã, Israel e
Hezbolá. (...) genocídio que completou dois anos, com um saldo aproximativo de
setenta mil mortos, até a presente data. (...) Leio com raiva e absurda
esperança alguns versos do jovem poeta sírio, Golan Haji:
"Os mortos estão sendo enterrados,
mas como enterrar o sofrimento?
Estou só, como a nossa mãe,
só como esta árvore.
Um pássaro que acaba de morrer.
Quebrou-se a casa dos gritos.
Um diamante rompe o vidro sujo
do mundo".
(poesia Golan Haji)
(da Crônica de Marco
Lucchesi, O Globo, 2014)
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