Françoise Forton e Mauricio Baduh em "Um Amor de Vinil", texto de Flavio Marinho, direção André Paes Leme. |
IDA VICENZIA
( Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial Rio)
Flavio Marinho nos traz à cena um momento
de romantismo e comedia com o seu texto "Um Amor de Vinil" fazendo o
público transitar entre compositores como Getulio Cortes, na música imortalizada por Luiz Melodia, "Negro Gato", que Françoise Forton interpreta, abrindo a cena com muito humor e ironia. A direção é de André Paes Leme, e essa
é uma estréia do Teatro Fernanda Montenegro, no Leblon. São 22 canções
românticas, embaladas pelas vozes de Mauricio Baduh, Françoise Forton e Marco Gérard,
ator e músico, e Gustavo Salgado no teclado.
Forton revela seu talento para a comedia,
apresentando um "tempo" único para se relacionar com o público.
Dotada de uma interpretação sensível, sua voz é explorada com muita competência, dando-lhe ótimos momentos, como em
"Nasci para Chorar", música na qual Françoise mostra a que veio, ou
seja: encantar o público. Também Mauricio Baduh nos dá uma grande revelação com seu timbre de voz que remete
a Roberto Carlos. A dupla tem momentos ótimos. Não podemos deixar de nos
referir ao grande final, quando "Falando Serio" é cantado por Baduh e
interpretado por Forton, que transmite o sentimento da canção através de sua
expressão facial. Momento marcante.
O texto de Flavio Marinho faz, com muito
humor, alusões críticas aos críticos, a certos musicais e às peças
"papo-cabeça". E, sim, Marinho coloca o problema do
"alemão" e do "inglês" (Alzheimer e Parkinson) brincando
com os "esquecimentos" de Amanda (Françoise Forton). Aliás, o texto
brinca também com a morte... com um certo humor funébre. Há, neste
texto de Flavio Marinho, um leve despertar da linguagem de hoje, perpassando a
troca de papéis entre o homem e a mulher, transmitida através das canções.
Observamos que "Começar de Novo" é cantado pelo homem, voltando às
raízes, pois Ivan Lins e Getulio Costa a compuseram propondo a liberdade e o renascer do amor, porém
a cantora Simone dela se apropriou, tornando-a praticamente um hino feminista!
Não sabemos se Marinho e Paes Leme (na
direção), tiveram a iniciativa de "espicaçar" esse lado do
relacionamento amoroso, a liberdade feminina, em homenagem ao momento muito
particular em que vivemos: o relacionamento homem/mulher. O certo é que "Negro
Gato" é cantado por uma mulher... embora meio maluquinha, uma empreendedora
(tem um negócio, uma loja da discos de vinil muito procurada), o que já é uma proposta
de liberdade financeira. O autor chega perto da discussão dos papéis sociais, e
como esse não é o tema da peça... fica somente a sensação da liberdade da
mulher e da fragilidade do homem! Eis um caminho novo para os novos musicais...
Figurinos: do cotidiano, de Ticiana Passos.
Direção Musical Liliane Secco. Iluminação Paulo Denizot. O Cenário de Carlos
Alberto Nunes convive com o outro espetáculo da produção "Nós sempre teremos
Paris..." e a "loja" se transforma em um "bar", permanecendo
nele os muito bem bolados cubos portáteis com imagens dos antigos discos de
vinil... Direção Coreográfica de Marina Salomon. Produção Barata Comunicação. É
BOM VIVER ESTE MOMENTO DIVERTIDO!
Cara Ida, você, como sempre, nos encanta com sua análise primorosa dos palcos da vida. Através dos seus olhos, consigo imaginar a delícia que deve ser este espetáculo. Vou correndo assistir. Beijos.
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