Louise Lecavalier em "So Blue" - 2014 - Theatro Municipal do Rio de Janeiro. |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional
de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
Louise
Lecavalier, a "francesa canadense" que empolgou os palcos do Rio de Janeiro,
sendo a sensação do Carlton Dance Festival dos anos 90 com "La, La, La, Human
Steps", fez uma rápida visita ao Rio (somente uma apresentação) no
Festival O Boticário na Dança, e deixou seus fãs, novamente, eletrizados. Para
quem nunca a assistiu, foi um choque de civilização artística, em vários sentidos.
Louis Lecavalier nos mostra, em cena, que somos uma mistura de prótons e
elétrons cuja ação não conhece limites.
Esse
ser andrógino vai além do seu próprio corpo. Durante uma hora e trinta minutos
o palco do Theatro Municipal foi tomado por uma eletricidade jamais imaginada em
cena. E, coisa curiosa, seu partner, o bailarino Frédéric Tavernini, vai sendo
tomado aos poucos pelo contato do corpo da bailarina. Embora pareça incrível, eles
apenas estão criando um novo sentido para a dança.
A
música do espetáculo, do turco Dede Mercan, mistura aspectos da tradicional arte
musical da Turquia, com outros sons orientais e música eletrônica. Há também sons
adicionais de Normand-Pierre Bilodeau, Daft Punk e Meilko Kaji, com remixagem
de Normand-Pierre Bilodeau. A criação da performance é de Louise Lecavalier e
Fréderic Tavernini. O que nos parece, à primeira vista, algo de fácil leitura,
vai aos poucos se transformando em um trabalho de complexa precisão. Tal
precisão aumenta, consideravelmente, quando Tavernini entra em cena, estabelecendo-se
um jogo de suporte e rejeição.
O
palco nu é sustentado pelo claro/escuro da iluminação de Alain Lortie. Essa
iluminação, incindindo sobre o figurino de Lecavalier (criado por Yso), sublinha as alterações do mesmo, fazendo com
que ele mude rapidamente de cor, indo do azul para o fúcsia e intensificando o
efeito cênico. O espetáculo, ao que parece, é uma união Oriente-Ocidente em sua
troca de calma e agitação conseqüentes. Nossa imaginação não está longe da
verdade, já que os artistas que preparam a cena são quase todos de origem
oriental, a começar por Mercan, cujos trabalhos anteriores citam obras dos Sufis
e músicas dos Dervishes. Talvez seja uma tentativa de Lecavalier/Tavernini valorizarem
linguagens artísticas e trazerem para o ocidente a criatividade oriental. De
qualquer forma, trata-se de um espetáculo desconcertante, que trabalha a nossa imaginação,
e faz pensar.
Assistente
de coreografia e direção de ensaios, France Buyère. Com muitos prêmios no
currículo, Lecavalier desperta merecida atenção de bailarinos e público. Bem vindos
ao Rio de Janeiro de 2014!
Deve ter sido incrível. Não conhecia essa bailarina. Saudades. Beijos.
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