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quinta-feira, 1 de maio de 2014

"RANDEVU DO AVESSO"

Alice Borges (Melinda, a cantora viciada) e Anna Claudiah Vidal (Tarja Preta) em "Randevu do Avesso", texto de Claudia Mauro, direção Alice Borges.     

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

Como é bom ver um Teatro Musical com "cabeça"...tronco, membros e coração! Hey, you, fellows in New York, you have to bye "Randevu upsidedown" - (and show it in your theatre, in Portuguese, with legends in English) -  and you'll make lots of money, money, money! As you like it.

Adrenalina pura! E Teatro como a gente gosta, não tem um ator dando furo, ô timezinho unido! E talentoso. Começando por quem teve a idéia: Claudia Mauro. Supervisão de José Possi Neto, Direção de Alice Borges, Édio Nunes e Marcos Ácher. Como diz Possi Neto -  e essa que vos escreve assina embaixo - há que se "abrir as portas desse Randevu para que o mundo ouça". Há quanto tempo não vemos uma idéia nova, inteligente, divertida, e com uma história fantástica para contar, no palco musical?

Acho que não vou fazer uma crítica, mas uma apologia... Fiquei novamente alucinada pelo teatro musical. Olhem só o "alucinada". "Randevu do Avesso" é o musical que se ama à primeira vista, quando os atores, dançando, começam a entrar pela plateia. E que atores! Às vezes há situações hilárias que fazem chorar de tanto rir. Seria a conseqüência de uma noite de despedida? Era seu último dia ... Espero que este espetáculo volte muito em breve para os palcos cariocas. E do mundo! Falando sério, ele é muito melhor do que as coisas que a gente vê na Broadway. Ele é "off Broadway".

Vamos lá: o espetáculo desenha o corpo humano. Há Claudia Mauro (Afrodite Pinefrina) e o vermelho da hemoglobina; Gisela Saldanha (Lady Adrianina) e o branco dos leocócitos Elas são as duas personagens que dão energia a Melinda, a cantora viciada (Alice Borges) Pára tudo! Nunca tinha visto Alice Borges em cena. Talvez em "O Baile", mas nunca assim. 

Continuando...Édio Nunes é meu conhecido de outras  apresentações. Ele é o Pentelho Profeta e o Maestro Multipotente (entre outros). "Nunca o tinha visto assim..." (pelo jeito vou ficar repetindo esse refrão). Depois Marcos Ácher, o pobre Cirrus Hepaticus. Sua colocação no mapa do corpo humano o faz agüentar todo tipo de bebida que Melinda resolve absorver... Ele, - e o apresentador (o Sanus Insanus Léo Wagner) - fazem uma brincadeira com as reclamações da crítica a respeito da voz teatral... Sanus Insanos expulsa Cirrus Hepaticos da cena, pela sua má apresentação, dizendo "vai aprender a cantar, a colocar a tua voz de ator!" (ou algo assim). Temi por Ácher. Mas fazia parte da brincadeira, pois Árcher, o sisudo anti-ator dos tempos do Grupo Demolição, transformou-se nesta maleável maravilha canora e falante que se apresenta como Cirrus Hepaticus, Espermaurício e Dona Menô (que velhinha danada, procurando os remédios!). Quanta coisa estes atores estavam escondendo, não? "Randevu do Avesso" merece o melhor.

O que mais? Há, as músicas! E Charles Fernandes fazendo o Laringo-goboy (o vírus?) Todos dançam e todos cantam: Najla Raja (Mezzo Cotoca - Mezzo Sopranina); Anna Claudiah Vidal (Gina Falópipo e Tarja Preta), muito boas, as duas. E Alice Borges (Maria Têta) fazendo o arriscadíssimo número de platéia e contando (no palco) as dores de ser um peito de mulher.

Figurinos de Claudio Tovar, e sua técnica teatral imbatível (figurinista assistente Wanderley Gomes); cenário arrasador de Nelo Marrese, com o camarim da Diva e suas loucuras bem à mostra, no centro do palco, e contraindo-se atrás de cortinas, quando é necessário encobri-la... Iluminação de Paulo César Medeiros. E, ah, as músicas!!!!! Os arranjos vocais, as canções originais e trechos de músicas conhecidas. Cláudia Mauro abre o espetáculo cantando uma poética canção... queria saber de quem era a letra. Soube. Claudio Lins. Arranjos vocais, Tony Lucchesi. Desenho de Som, Leandro Lobo. Coreografias: Adriana Nogueira, Charles Fernandes, Édio Nunes e Maria Araujo. Colaboração Coreográfica: Eliane Carvalho (Flamenco) e Silvia Matos (Tango). Como vimos, uma equipe exemplar. Arranjos instrumentais de Claudio Lins, Guilherme Borges e Tony Lucchesi. Fotos Dalton Valério. Divulgação Pontes, Stephany e Evandro Rius.

É bom ver bom teatro!

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