Alice Borges (Melinda, a cantora viciada) e Anna Claudiah Vidal (Tarja Preta) em "Randevu do Avesso", texto de Claudia Mauro, direção Alice Borges. |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional
de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
Como
é bom ver um Teatro Musical com "cabeça"...tronco, membros e coração!
Hey, you, fellows in New York, you have to bye "Randevu upsidedown" -
(and show it in your theatre, in Portuguese, with legends in English) - and you'll make lots of money, money, money! As
you like it.
Adrenalina
pura! E Teatro como a gente gosta, não tem um ator dando furo, ô timezinho
unido! E talentoso. Começando por quem teve a idéia: Claudia Mauro. Supervisão
de José Possi Neto, Direção de Alice Borges, Édio Nunes e Marcos Ácher. Como
diz Possi Neto - e essa que vos escreve assina
embaixo - há que se "abrir as portas desse Randevu para que o mundo
ouça". Há quanto tempo não vemos uma idéia nova, inteligente, divertida, e
com uma história fantástica para contar, no palco musical?
Acho
que não vou fazer uma crítica, mas uma apologia... Fiquei novamente alucinada pelo
teatro musical. Olhem só o "alucinada". "Randevu do Avesso"
é o musical que se ama à primeira vista, quando os atores, dançando, começam a entrar
pela plateia. E que atores! Às vezes há situações hilárias que fazem chorar de
tanto rir. Seria a conseqüência de uma noite de despedida? Era seu último dia ...
Espero que este espetáculo volte muito em breve para os palcos cariocas. E do
mundo! Falando sério, ele é muito melhor do que as coisas que a gente vê na
Broadway. Ele é "off Broadway".
Vamos
lá: o espetáculo desenha o corpo humano. Há Claudia Mauro (Afrodite Pinefrina) e
o vermelho da hemoglobina; Gisela Saldanha (Lady Adrianina) e o branco dos leocócitos Elas são as duas personagens que dão energia a Melinda, a cantora
viciada (Alice Borges) Pára tudo! Nunca tinha visto Alice Borges em cena.
Talvez em "O Baile", mas nunca assim.
Continuando...Édio
Nunes é meu conhecido de outras
apresentações. Ele é o Pentelho Profeta e o Maestro Multipotente (entre
outros). "Nunca o tinha visto assim..." (pelo jeito vou ficar
repetindo esse refrão). Depois Marcos Ácher, o pobre Cirrus Hepaticus. Sua
colocação no mapa do corpo humano o faz agüentar todo tipo de bebida que
Melinda resolve absorver... Ele, - e o apresentador (o Sanus Insanus Léo
Wagner) - fazem uma brincadeira com as reclamações da crítica a respeito da voz
teatral... Sanus Insanos expulsa Cirrus Hepaticos da cena, pela sua má
apresentação, dizendo "vai aprender a cantar, a colocar a tua voz de ator!"
(ou algo assim). Temi por Ácher. Mas fazia parte da brincadeira, pois Árcher, o
sisudo anti-ator dos tempos do Grupo Demolição, transformou-se nesta maleável
maravilha canora e falante que se apresenta como Cirrus Hepaticus, Espermaurício
e Dona Menô (que velhinha danada, procurando os remédios!). Quanta coisa estes
atores estavam escondendo, não? "Randevu do Avesso" merece o melhor.
O
que mais? Há, as músicas! E Charles Fernandes fazendo o Laringo-goboy (o vírus?)
Todos dançam e todos cantam: Najla Raja (Mezzo Cotoca - Mezzo Sopranina); Anna
Claudiah Vidal (Gina Falópipo e Tarja Preta), muito boas, as duas. E Alice Borges
(Maria Têta) fazendo o arriscadíssimo número de platéia e contando (no palco)
as dores de ser um peito de mulher.
Figurinos
de Claudio Tovar, e sua técnica teatral imbatível (figurinista assistente
Wanderley Gomes); cenário arrasador de Nelo Marrese, com o camarim da Diva e suas
loucuras bem à mostra, no centro do palco, e contraindo-se atrás de cortinas,
quando é necessário encobri-la... Iluminação
de Paulo César Medeiros. E, ah, as músicas!!!!! Os arranjos vocais, as canções
originais e trechos de músicas conhecidas. Cláudia Mauro abre o espetáculo cantando
uma poética canção... queria saber de quem era a letra. Soube. Claudio Lins. Arranjos
vocais, Tony Lucchesi. Desenho de Som, Leandro Lobo. Coreografias: Adriana Nogueira, Charles Fernandes, Édio Nunes e Maria Araujo. Colaboração Coreográfica: Eliane Carvalho (Flamenco) e Silvia Matos (Tango). Como vimos, uma equipe
exemplar. Arranjos instrumentais de Claudio Lins, Guilherme Borges e Tony Lucchesi.
Fotos Dalton Valério. Divulgação Pontes, Stephany e Evandro Rius.
É
bom ver bom teatro!
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