Jorge Caetano em "Brilho da Noite", direção Marco André Nunes. (João Julio Mello). |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
A única coisa que a música inglesa conseguiu foi o rictus selvagem do rock... e a poesia de Shakespeare! Clássicos, eles só tinham Haydn, que nem inglês era, mas austríaco. Mas de repente, a seleção feita por Jorge Caetano para seu show "Brilho da Noite", dirigido por Marco André Nunes, nos faz ver que as baladas mergulham em um mundo encantado, e podem ser até poéticas. Refiro-me à última música do show, "Jealous Guy", de John Lennon.
Não conhecemos "a cena
musical que aconteceu nos bares Max Kansas City e CBGB", em Nova Iorque,
mas concordamos com o ar blasé muito simpático da "Noite" de Jorge
Caetano, e com o fato de ele fazer uma rápida "meditação relaxante" à
indiana, para depois retomar o show. E também do acolhedor ar
"pocket" do espetáculo! Mas só estas boas qualidades não fazem um
show... Há personagens desnecessárias, que surgem sem acrescentar nada. Aí
ficamos sem saber se é um show-teatro, ou somente um lugar para cantar músicas
gostosas. Se for esta segunda opção, não há razão para intervalos com duvidosas
apresentações de gestos e expressões corporais (destacamos o lustre
brilhando na noite). Iluminação logradíssima de Renato Machado. Há uma suposta - e distraída - ligação entre cantor e
bailarina (Marina Magalhães). Se for show-teatro está fora de tom. Dramaturgia de Pedro Koslovski, Roteiro Musical de Jorge Caetano, Marco André Nunes e Felipe Storino, que assina também a direção musical. Preparadora Vocal: Patricia Maia.
A voz de Jorge Caetano alcança com facilidade
todos os tons e domina a cena. Aguardamos um show mais definido, como os das
apresentações anteriores do cantor/ator: "Outside, um Musical Noir"
(2011) foi o seu grande momento como interprete nesta difícil categoria. Depois
vieram "A Porta da Frente" e "Edipop", 2014 (a este último
não assisti), sempre na bem sucedida parceria com Marco André Nunes, Felipe
Storino e Pedro Kosovski. Neste "Brilho da Noite", a destacar a
atuação das "musicistas" Julie Wein, nos teclados; no violoncelo
Paula Otero, e na percussão Isadora Medella (penso que o baixo é de Fifi
Hudson) e na guitarra, Felipe Storino; bateria: Mauricio Chiari. Este
"Brilho da Noite", com alguns ajustes, pode perfeitamente fazer
excursões pelo Brasil. Há um "momento David Bowie" que parece mandar
algum recado: "This is not America". E há Jocelyn Scofield
("Bang-Bang"). Músicas de Lou Reed; Celso Blues Boys ("De um
Jeito Blues"), e muitos outros bons momentos. O melhor deles, é claro,
fica com John Lennon.
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