"O Julgamento de Sócrates", interpretado pelo ator Tonico Pereira, direção Ivan Fernandes. (Foto Victor Pollak) |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
"O JULGAMENTO DE SÓCRATES"
Sócrates, o grande mestre de Platão, está
entre nós. Todo fim de semana, de sexta a domingo, às 20 horas, ele tem um encontro com as pessoas desta cidade através
do primeiro monólogo do ator Tonico Pereira, realizado no Teatro Cândido Mendes,
de Ipanema. O ator Tonico Pereira começa o
monólogo contando um pouco de sua
vida, antes de chegar na cidade de "São Sebastião do Rio de Janeiro".
Conta da influência que teve de dois "Sócrates" de Campos dos
Goytacazes, norte do Estado do Rio, onde
nasceu: um barbeiro amigo, e seu Xixi,
um artesão. Foi através destes dois mestres que Tonico percebeu que estava na
hora de procurar outro caminho, mudar a sua vida! Ah! Se todos nós tivéssemos Sócrates como
mestre! Tonico teve dois ...! que o
convenceram que Campos estava pequeno
demais para ele. Munido de coragem e boas intenções, nosso herói se mandou para
São Sebastião do Rio de Janeiro, e foi aí que tudo começou.
A cada noite, depois do encontro inicial com
a platéia, ele deseja a todos "Boa Sorte", e se encaminha para o
lugar de Sócrates, e para a sua mudança no filósofo grego. Nesta comemoração de
seus 50 anos de carreira, Tonico Pereira joga com duas presenças em cena: a
sua, enquanto artista do nosso tempo, e a do filósofo - pai da filosofia
ocidental - Sócrates.
O texto do espetáculo é de Ivan Fernandes
(inspirado em Platão - "Xenofonte - Apologia de Sócrates": "aquele que não se deixara corromper
pelos tiranos, inimigos da democracia, e que lutara bravamente na guerra por
sua cidade e por seu povo".
Dirigido por Fernandes (e por Tonico
Pereira), "O Julgamento de Sócrates" dá ao público o poder da livre
interpretação, fazendo com que as injustiças e as calunias contra os homens de
bem, tão presentes nos tempos de Sócrates quanto do nosso, fiquem em destaque
em nosso tempo, esse mal-aventurado presente, que pode ser modificado, com
muita inteligência e "cabeça!",
exorta-nos Sócrates, com sua personalidade - e a de Tonico Pereira. Eles
possuem empatia, e nos exortam a sermos Humanos.
O texto não pode ser mais simples e mais
explicito: ele quer atrair a atenção dos "jovens de qualquer idade", e,
como sua platéia é diversificada - ele conta também com os adolescentes -
público presente e atento, absorvendo as lições de vida de Sócrates. Trata-se de um
espetáculo que pode abrir portas (bem-vindas) para o futuro.
É muito bom presenciar um ótimo ator
externando as suas preocupações com os humanos. Não há, no espetáculo, receitas
para um futuro melhor, há somente constatações, muito pertinentes, sobre os
acontecimentos atuais... e um tratamento adequado - no sentido de não ser
gratuito - alertando-nos para estes acontecimentos. As coincidências
estabelecem uma "ponte" entre os tempos de Sócrates e o nosso tempo.
Tonico Pereira encerra a espetáculo com
algo fundamental, falando, ao sair de cena, sobre sua angustia, dizendo ser ela a verdadeira mobilização que o leva a falar sobre assuntos que o preocupam; a
ele, e a todos os que se interessam pelo futuro do Brasil.
VIDA LONGA PARA "O JULGAMENTO DE
SÓCRATES"!
Na ficha técnica temos o cenário e a
iluminação como coadjuvantes da ação. Iluminação de Frederico Eça, que também
cria a Trilha Sonora, e Palloma Morimoto no Cenario e Figurino, muito adequados.
O Figurino é um simples traje de algodão cru, que poderia ser usado pelos
homens do povo de qualquer época. Voz em Off de Wagner Barreto. Direção de
Produção de Caio Bucker. Produção Executiva e Turnê: Ricardo Fernandes.
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