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quarta-feira, 27 de junho de 2018

"A MENTIRA"

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"A Mentira", de Nelson Rodrigues. Direção Inez Viana. Em cena os atores Leonardo Brício, Denise Stutz, Elisa Barbosa, Junior Dantas, a diretora Inez Viana e André Senna, Lucas Lacerda e Zé Wendell. (Foto Aline Macedo)

CRITICA  DE TEATRO
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

     Nelson Rodrigues, o nosso Shakespeare de subúrbio (explico: Shake fala sobre reis e Rodrigues sobre o povo... embora Shake também fale sobre povo, e Nelson tenha escrito "Senhora dos Afogados"!!!) ... agora, então, com este  “A Mentira”, seu texto irreverente, absurdo, dá a dimensão de Nelson! Chavões, ditados populares, histeria e malemolência, tudo junto ele aborda, tratando de uma família cujo pai, mãe, três filhas, dois genros e um personagem "de fora", um aleijado (criado pela imaginação da caçula) saíram das entranhas do autor! Inez Viana dirige, e nos mostra que, como sempre, os caçulas fazem "das suas", e tudo gira em torno dessa personagem...   

     Como a gente sabe, tudo é "mentira"! E ela é anunciada por um ginecologista maluco, um mentiroso contumaz que não pode ver uma adolescente sem se excitar, sem mentir. Ele não aparece em cena, mas a sua mentira coloca a família em ação, e Nelson se agita!

      O que acontece desde a declaração da gravidez da menina até o seu desmentido é de uma desfaçatez deliciosa! Inez Viana se supera e, com o auxilio da atriz convidada Denise Stutz, que também dirige o movimento dos atores. Inez imagina cenas muito engraçadas, muito loucas, e é raro tanto acerto, tanta desinibição talentosa, o elenco da Cia. OmondÉ  mostra-se  exemplar. Ele é formado, nesta peça, (pois o Companhia não está completa), por André Senna, Elisa Barbosa, Junior Dantas, Leonardo Brício (o nosso “Péricles”, de Shakespeare, está de volta!), Lucas Lacerda e Zé Wendell.

       Ora, com estes atores (não há uma falha na interpretação), cuja naturalidade é rara, a diretora nos traz um Nelson absolutamente verdadeiro! A peça é uma adaptação, feita por Inez, do romance que nasceu das crônicas de Nelson sobre a família, escritas a pedido de Samuel Wainer para o jornal “Última Hora”, e depois transformadas em livro.

     Como o trabalho realizado pela companhia é “na raça”, a adesão dos profissionais foi salvadora. Virginia Barros criou os figurinos, adequados para a loucura geral, e sem exageros! (Que coisa terrível, no Brasil de agora está cada vez mais difícil conseguir um financiamento!).  E Ana Luzia “de Simoni” – este nome não lhes diz nada? – criou a luz. Tudo gente de teatro até a medula, e eles conseguem levar este barco, muito bem levado! 
Assessoria de Imprensa, Ney Motta. Direção Executiva dos atores Junior Dantas e Lucas Lacerda... 
Viva o Teatro! Vale à pena conferir.                 
          

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