IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro – AICT)
Marina Salomon em "NAITSU - Noites de Murakami", direção Regina Miranda. (Foto Luis Cancel). |
(Especial)
NAITSU – Noites com Murakami
Até o dia 8 de julho podemos assistir (no
Espaço Rogerio Cardoso, Casa de Laura Alvim), a interpretação de Marina Salomon contracenando com o imaginário
do escritor japonês Haruki Murakami, um mestre na ligação do consciente com o inconsciente - e no espetáculo contar com a criatividade de Regina Miranda.
O surpreendente na linguagem
de “NAITSU – Noites com Murakami” é a sua dimensão, que nos leva ao paroxismo
do sensível. É a arte procurando a expressão do subjetivo para transformá-lo em
palavras. Na atuação da inacreditável Marina Salomon a procura desta expressão
é dominante. A atriz-bailarina é a representação viva da procura de Regina
Miranda em suas manifestações corporais e na sua fala.
Mas
como transmitir, em palavras, a dimensão do que assistimos em cena? Os espetáculos
de Regina são momentos suspensos no tempo, são manifestações vibrantes entre falas e momentos evanescentes, que em NAITSU se misturam com os gestos, se acalmam, se repelem, se entrelaçam, e não
dão sossego a quem está assistindo a bailarina-atriz!
Regina junta a sua voz a de Haruki
Murakami, escritor que é considerado um dos maiores autores japoneses
contemporâneos. Em seus livros ele cria um “universo quase
hipnótico”. E NAITSU joga justamente com situações de insônia,
inquietação, medo, inconsciência. São manifestações da alma, por isso é muito
importante registrar o pensamento dos artistas que se "jogaram" em sua concretização.
Diz Marina: [um espetáculo] “onde o real e o imaginário quase se confundem, em
trocas continuas de lugar e sentido”.
... como o destino. E este espetáculo tem
a ver com fatalidades, com destinos!
Regina Miranda é a responsável pela
ambientação da cena, por seu clima onírico, pelos véus que se entrelaçam dando outra dimensão ao espaço. De Regina
também é o texto, a partir das obras de Murakami. É por isso que a
bailarina-atriz pergunta: “vocês me acham bonita?” e faz tantas aproximações
com os medos e a “vontade de se perder” que se complementam, esquecendo gêneros.
É Regina, e é Murakami. A trilha sonora em que se misturam nacionalidades. E a luz... Regina brinca com a bailarina! Figurino simples e revelador de Luiza Marcier. Produção
Executiva de Denise Escudero.
Não vejo como as palavras podem
representar mais do que o espetáculo. Há que assisti-lo! Há que se deixar
transportar para Orion, Alfa, Centauro... Delta!
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