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sexta-feira, 22 de junho de 2018

"NAITSU - Noites com Murakami"




IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
Resultado de imagem para fotos de NAITSU - Marina Salomon

 Marina Salomon em "NAITSU - Noites de Murakami", direção Regina Miranda.
 (Foto Luis Cancel).
(Especial)

NAITSU – Noites com Murakami

     Até o dia 8 de julho podemos assistir (no Espaço Rogerio Cardoso, Casa de Laura Alvim), a interpretação de Marina Salomon contracenando com o imaginário do escritor japonês Haruki Murakami, um mestre na ligação do consciente com o inconsciente - e  no  espetáculo  contar  com  a  criatividade  de  Regina  Miranda. 

     O surpreendente na linguagem de “NAITSU – Noites com Murakami” é a sua dimensão, que nos leva ao paroxismo do sensível. É a arte procurando a expressão do subjetivo para transformá-lo em palavras. Na atuação da inacreditável Marina Salomon a procura desta expressão é dominante. A atriz-bailarina é a representação viva da procura de Regina Miranda em suas manifestações corporais e na sua fala.

      Mas como transmitir, em palavras, a dimensão do que assistimos em cena? Os espetáculos de Regina são momentos suspensos no tempo, são manifestações vibrantes entre falas e momentos evanescentes, que em NAITSU se misturam com os gestos, se acalmam, se repelem, se entrelaçam, e não dão sossego a quem está assistindo a bailarina-atriz!

     Regina junta a sua voz a de Haruki Murakami, escritor que é considerado um dos maiores autores japoneses contemporâneos. Em seus livros ele cria um “universo quase hipnótico”. E NAITSU joga justamente com situações de insônia, inquietação, medo, inconsciência. São manifestações da alma, por isso é muito importante registrar o pensamento dos artistas que se "jogaram" em sua concretização. Diz Marina: [um espetáculo] “onde o real e o imaginário quase se confundem, em trocas continuas de lugar e sentido”.

     ... como o destino. E este espetáculo tem a ver com fatalidades, com destinos!
     Regina Miranda é a responsável pela ambientação da cena, por seu clima onírico, pelos véus que se entrelaçam dando outra dimensão ao espaço.  De Regina também é o texto, a partir das obras de Murakami. É por isso que a bailarina-atriz pergunta: “vocês me acham bonita?” e faz tantas aproximações com os medos e a “vontade de se perder” que se complementam, esquecendo gêneros. É Regina, e é Murakami. A trilha sonora em que se misturam nacionalidades. E a luz...  Regina brinca com a bailarina! Figurino simples e revelador de Luiza Marcier. Produção Executiva de Denise Escudero.  

     Não vejo como as palavras podem representar mais do que o espetáculo. Há que assisti-lo! Há que se deixar transportar para Orion, Alfa, Centauro... Delta!      

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