Grupo Galpão. Teuda Bara à frente. Muita música, dança, morte e vida! Muito texto! Cenografia Marcelo Alvarenga. Direção Marcio Abreu (Foto Guto Muniz).
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro –
AICT)
(Especial)
“OUTROS”
A obra de arte tem várias leituras, e
entra no coração de quem a reconhece. Assim é. “Outros” é a obra de arte de um
grupo de teatro que teve a coragem de se aproximar do público mostrando o seu abismo
– que também é o nosso - e confessou seu MEDO, já que o medo é o princípio de
tudo.
Será o recomeço do Grupo, outro
envolvimento? Dessa vez com Marcio Abreu.
Poesia pura!
É bom entrar neste mundo fracionado do
Grupo Galpão “onde o abismo é a vertigem única, o principio de tudo ... onde o
abismo é o nada!”
Na literatura tínhamos visto o abismo, mas
nunca tão presente como agora, neste teatro. Entramos nele, podemos tocá-lo. “Eu
não quero me calar” – eles gritam, e nunca seu canto chegou tão perto de nós. É
verdade que não assistimos ao grande momento em que tudo recomeçou, mas presenciamos
agora o caminho que nos trouxe até aqui. E como é bom entrar neste mundo... “deles”...
“nosso”!
“O abismo, a vertigem imensa do principio
de tudo. O MEDO”.
“Eu não quero me calar” – eles gritam.
Filigramas...! Dança! Dança! Grande
Tchaikovsky! E eles perfazem o caminho com música, dança, fala, encontro,
desencontro, emoção! E têm a coragem de terminar com o que é nosso, com Villa
Lobos! “Acorda, vem olhar a lua/ que brilha, na noite escura...// “Quisera
saber-te minha/ Na hora serena e calma... (...) “Quando dentro da noite/ Reclama
o teu amor...” !
Este é o caminho do encontro/ que também é
o nosso. Então... é assim!
Obrigada, Grupo Galpão, por este momento
tão estranho, tão belo.
Para nós, que nos encontramos tão
fracionados, tão perdidos neste viver/morrer.
E viva o “mesão”! E vivam os atores!
Antonio Edson, Arildo de Barros, Beto Franco, Chico Pelucio, Eduardo Moreira, Fernanda
Vianna, Inês Peixoto, Julio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André, Simone
Ordones, Teuda Bara.
E viva quem começou tudo isso, e quem já
dirigiu o Grupo Galpão! Viva Fernando Linares, Eduardo Moreira, Paulinho
Polika, Carmen Paternostro, Antonio Edson, Eid Ribeiro, Gabriel Villela, Cacá
Carvalho, Chico Pelucio, Paulo José, Paulo de Moraes, Julio Maciel, Yara de
Novaes, Jurij Alshcitz, Simone Ordones, Lydia Del Picchia, Marcio Abreu.
TUDO
COMEÇOU EM 1982.
QUERO
DIZER: OS ESPETÁCULOS... IMAGINO QUE TUDO TENHA
COMEÇADO MUITO
ANTES. NÃO?
HÁ TAMBÉM
“OS CURSOS LIVRES”, E O “GALPÃO CINE
HORTO”, E O “CENTRO DE PESQUISA E MEMÓRIA
DO TEATRO”... E OS EVENTOS... E A
ESTRELA AMARELA!
E NÃO PODEMOS DEIXAR DE ACRESCENTAR O “RECADO DO
GRUPO”:
“A montagem de NÓS, nosso primeiro
encontro com Marcio Abreu, gerou muitas alegrias, dúvidas e inquietações. Novos
horizontes se descortinavam. Não só na forma mas também no conteúdo e na
relação do ato teatral com o público. A peça, que foi construída como uma
resposta àquilo que chamamos internamente de “nossa reação diante da ação do
mundo em nós”, gerou não só uma matéria que dialogava de forma radical com o
momento político do país e do mundo, mas também uma série de indagações sobre o
nosso lugar de artistas e a função do teatro e da arte nos nossos tempos.”
(Este
encontro, ao que parece, se deu em 2016, mas pode ter sido antes...).
O Grupo faz uma Homenagem ao filósofo coreano
radicado na Alemanha, BYUNG-CHUL HAN
– que escreveu, entre outros livros, “A Agonia do Eros” – sobre a sociedade
atual, onde destacamos algo que nos aflige: “O neoliberalismo aciona uma
despolitização geral da sociedade onde ele substitui o eros por sexualidade e
pornografia.”
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domingo, 16 de dezembro de 2018
"OUTROS"
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