Analu Prestes e Mario Borges em As Crianças, de Lucy
Kirkwood. Direção de
Rodrigo Portela. (Foto Victor Hugo Ceccato) IDA VICENZIA (da ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CRÍTICOS DE TEATRO – AICT)
(Especial)
A que ponto chegamos! Sim, temos Angra dos Reis, e o mundo tem
Chernobil, Fukushima, e tantos outros. Mas não se assustem, a peça As Crianças,
da londrina Lucy Kirkwood não deixa você em pânico. Assista, e tire as suas
conclusões! Todos devem assisti-la. Kirkwood é jovem, no momento tem 35 anos, e
é formada pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, Reino Unido. O tradutor da peça para o português é Diego
Teza, e Rodrigo Portella dirigiu essa As Crianças para o teatro brasileiro. A
peça é interpretada por três atores: Mario Borges é Robin, Analu Prestes é Dayse
e Andrea Dantas, Rose. Não sabemos se os nomes femininos são tão propriamente
femininos por uma escolha de Kirkwood - se margaridas e rosas fazem parte de um
mundo que pode deixar de existir. Enfim.
O interessante, na peça – além das seguras
interpretações do elenco – é a maneira pela qual os três cientistas (porque se
trata de cientistas) vivem o seu drama latente. O que os salva do pânico é a
vida, o que os cerca, e a aparente falta de consciência do horror que eles
ajudaram a construir, para o seu futuro... e o da humanidade! Mas vamos aos
fatos.
No início, nada é do que lhes parece. Há
um casal que vive o seu dia a dia de conciliação e amor. Tal sentimento é
absorvido pelo público, sem maiores mistérios. Até a visita de uma amiga, que
surge como um possível mistério, naquela vidinha isolada em que vive o casal. A
sua chegada traz algo no ar... Ficamos
em suspense para saber como o diretor Rodrigo Portella nos fará compreender que
estamos lidando com o nosso futuro. Como lidar com a desolação que preparamos
para o nosso futuro?
E aí entram os recursos cênicos, além da
perfeita interpretação do
elenco.
Por que o título, As Crianças? Cada espectador que o interprete à sua maneira,
o fato é que a autora não permite que o pânico se estabeleça, e o diretor
encaminha com segurança os nossos passos para o abismo. Há, na peça, um maravilhoso encontro de frases
inteligentes (ou engraçadas), que nos levam a admirar a qualidade da escrita de
Kirkwood, e o desempenho dos atores. Perfeito. Rimos com algumas conclusões dos
personagens, nos encantamos com o encanto que eles podem produzir, como a cena
em que imitam o barulho do mar, ou a que dançam a dança de sua juventude! Tais
atitudes são coisas que fazemos para distrair a morte... Todos nós fazemos. Conscientes,
ou não. Deixem-se levar, porque o teatro que se apresenta para vocês, esta
noite, é muito especial, desde a maneira como as ações são narradas, até a concretização
destas ações. Chamem de
pós-moderno,
a estas intervenções narradas nas ações dos personagens. Chamem-nas como
quiserem. O fato é que estamos diante de
recursos cênicos muito estranhos, conjugados pela autora, o tradutor e seu diretor,
para contar esta história. Insisto: esta estranheza é bem lograda, e produz reações
as mais inesperadas, na plateia.
Na Assistência de Direção temos Mariah Valeiras. O cenário, simples, é
pensado pelo diretor e Julia Deccache. Simples e efetivo, se levarmos em conta
a falta de patrocínio para este surpreendente espetáculo. A Iluminação é de
Paulo Cesar Medeiros. Destaque para a cena final, em que o mar invade o espaço cênico,
com o recurso da Iluminação. Trata-se de uma visão de beleza e terror. Destaque
também para a trilha sonora original de Marcelo H e Federico Puppi. Esta trilha
é o quarto ator em cena! Os figurinos – simples – são de Rita Murtinho, e o Preparação
Corporal, que complementa a gesto do ator, é de Marcelo Aquino. Se quiserem
mais informações sobre este espetáculo, vá assisti-lo! Não se arrependerá! Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação.
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segunda-feira, 20 de maio de 2019
AS CRIANÇAS
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