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segunda-feira, 20 de maio de 2019

AS CRIANÇAS

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Analu Prestes e Mario Borges em As Crianças, de Lucy Kirkwood. Direção de
Rodrigo  Portela. 
 (Foto Victor Hugo Ceccato)



IDA VICENZIA
(da ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CRÍTICOS DE TEATRO – AICT)
(Especial)
  

     A que ponto chegamos! Sim, temos Angra dos Reis, e o mundo tem Chernobil, Fukushima, e tantos outros. Mas não se assustem, a peça As Crianças, da londrina Lucy Kirkwood não deixa você em pânico. Assista, e tire as suas conclusões! Todos devem assisti-la. Kirkwood é jovem, no momento tem 35 anos, e é formada pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, Reino Unido.  O tradutor da peça para o português é Diego Teza, e Rodrigo Portella dirigiu essa As Crianças para o teatro brasileiro. A peça é interpretada por três atores: Mario Borges é Robin, Analu Prestes é Dayse e Andrea Dantas, Rose. Não sabemos se os nomes femininos são tão propriamente femininos por uma escolha de Kirkwood - se margaridas e rosas fazem parte de um mundo que pode deixar de existir. Enfim.


     O interessante, na peça – além das seguras interpretações do elenco – é a maneira pela qual os três cientistas (porque se trata de cientistas) vivem o seu drama latente. O que os salva do pânico é a vida, o que os cerca, e a aparente falta de consciência do horror que eles ajudaram a construir, para o seu futuro... e o da humanidade! Mas vamos aos fatos.

     No início, nada é do que lhes parece. Há um casal que vive o seu dia a dia de conciliação e amor. Tal sentimento é absorvido pelo público, sem maiores mistérios. Até a visita de uma amiga, que surge como um possível mistério, naquela vidinha isolada em que vive o casal. A sua chegada traz  algo no ar... Ficamos em suspense para saber como o diretor Rodrigo Portella nos fará compreender que estamos lidando com o nosso futuro. Como lidar com a desolação que preparamos para o nosso futuro? 
        

     E aí entram os recursos cênicos, além da perfeita interpretação do elenco. Por que o título, As Crianças?   Cada espectador que o interprete à sua maneira, o fato é que a autora não permite que o pânico se estabeleça, e o diretor encaminha com segurança os nossos passos para o abismo.  Há, na peça, um maravilhoso encontro de frases inteligentes (ou engraçadas), que nos levam a admirar a qualidade da escrita de Kirkwood, e o desempenho dos atores. Perfeito. Rimos com algumas conclusões dos personagens, nos encantamos com o encanto que eles podem produzir, como a cena em que imitam o barulho do mar, ou a que dançam a dança de sua juventude! Tais atitudes são coisas que fazemos para distrair a morte... Todos nós fazemos. Conscientes, ou não. Deixem-se levar, porque o teatro que se apresenta para vocês, esta noite, é muito especial, desde a maneira como as ações são narradas, até a concretização destas ações. Chamem de pós-moderno, a estas intervenções narradas nas ações dos personagens. Chamem-nas como quiserem.  O fato é que estamos diante de recursos cênicos muito estranhos, conjugados pela autora, o tradutor e seu diretor, para contar esta história. Insisto: esta estranheza é bem lograda, e produz reações as mais inesperadas, na plateia.

     Na Assistência de Direção temos Mariah Valeiras. O cenário, simples, é pensado pelo diretor e Julia Deccache. Simples e efetivo, se levarmos em conta a falta de patrocínio para este surpreendente espetáculo. A Iluminação é de Paulo Cesar Medeiros. Destaque para a cena final, em que o mar invade o espaço cênico, com o recurso da Iluminação. Trata-se de uma visão de beleza e terror. Destaque também para a trilha sonora original de Marcelo H e Federico Puppi. Esta trilha é o quarto ator em cena! Os figurinos – simples – são de Rita Murtinho, e o Preparação Corporal, que complementa a gesto do ator, é de Marcelo Aquino. Se quiserem mais informações sobre este espetáculo, vá assisti-lo! Não se arrependerá!  Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação.        
       




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