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domingo, 22 de setembro de 2019

UM POETA AMAZONENSE





IDA VICENZIA - (da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT) (Especial)

 A imagem pode conter: 6 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas sentadas e violão
Na foto, o Grupo Gaponga, com Celdo Braga à esquerda, seus músicos e esposa Rosilane. Vemos ainda, na extrema direita da foto, o técnico de som do Grupo, Defson Braga (Shakal). 
(Arquivo Celdo Braga)

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O Grupo se apresentando em Manaus
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Grande espetáculo em viagem pelo Brasil
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Celdo em viagem solo




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João Paulo Ribeiro, Celdo Braga, Sofia Amoedo e Neil Armstrong Jr. 
                                                                   
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O Grupo Gaponga (Fotos Arquivo Celdo Braga)
                                                     
                           OS  POETAS  AMAZÔNICOS ::  CELDO  BRAGA

Vale a pena conhece-los. No caso do poeta Celdo Braga, suas composições cantando a beleza da natureza amazônica, mitos e cuñas, botos e animais selvagens são histórias íntimas de sua terra, mas desconhecidas do pessoal de outros Estados, deste país que passamos a chamar de “Brasil”.

    Mas o poeta Celdo Braga não é daqueles criadores que se resignam a cumprir com um destino imposto pelo acaso do nascimento. Muito cedo ainda ele andou por outros pagos, desbravando rincões perdidos da nossa Terra, indo, em  sua procura, até a PUC (Pontifícia Universidade Católica), do Rio Grande do Sul! Foi lá que se descobriu poeta. Em Benjamin Constant, onde nasceu, Celdo fez o curso de Letras, e se tornou professor. Depois veio o Projeto Rondon, e ele fez uma Licenciatura Curta. Queria saber tudo sobre as Letras. Mas foi no Rio Grande do Sul que acabou fazendo a Licenciatura Plena, com honrarias, formando-se com o primeiro lugar da turma! E admite: “No Rio Grande do Sul descobri o meu talento, e comecei a compor, com saudades de minha terra”.

       E eis que surge o poeta, Doutor em Letras! E Celdo voltou para a sua Benjamin Constant ainda mais poeta! Dessa convivência entre os gaúchos ele conheceu “da montaria o pelego, da lareira o chimarrão”. Deixa estar que o poeta fez um belo verso em homenagem àquela experiência sulina! E vem aí...

                                  “Mate Gaudério”

                              Quando bebo um mate amargo
                              relembro dos velhos pagos
                              onde sorvi tradição
                             
                               Do rancho o eterno aconchego
                               da montaria o pelego,
                               da lareira o chimarrão!
                              
                                Lembro o vento minuano
                                nas coxilhas semeando
                                frio danado de conter

                                 (...) Por isso o mate gaudério
                                  hoje és meu refrigério, refúgio,
                                  e minha oração.
                                  
                                  Sou caboclo e  honro  a terra
                                  Ajuricaba na guerra
                                  serviu-me de inspiração
                                  
                                  Mas eu Sepetiarajú
                                  aprendi a ser Xirú
                                  hoje sou fogo de chão!  
                                         
     E eu, gaúcha, adorei essa sua nova encarnação! Mas nada se compara às suas experiências amazônicas. Quem nunca ouviu os sons que Celdo extrai das folhas, das árvores, do vento, das cuias, da água verde, da floresta na floresta, dos passarinhos, não sabe o que é a Amazônia. Coisa mais linda não há! Às vezes Celdo nos lembra São Francisco de Assis, com seu amor à natureza, ao fogo, "nosso irmão", como canta em "Elementos", com seu parceiro Sérgio Souto: 


                                        Elementos

                              Canto o sussurro do vento
                              o vento me faz lembrar
                              o frágil sopro da vida
                              no ato de respirar


                             Canto o murmúrio das águas
                             porque de água me sei
                             se não cuida-la, em deserto
                             meus sonhos transformarei


                             Canto a beleza do fogo
                             no ardor da transformação
                             na essência dos elementos
                             fogo é luz, nosso irmão


                             Eu canto o canto da terra
                             porque um dia fui pó   
                             e quando eu voltar pra terra
                             meu canto será maior
                          
                             E quando eu voltar pra terra
                             meu canto será maior


                            Músicos:
                            Celdo Braga: Tambor de mola
                            João Paulo Ribeiro: Sino
                             Sofia Amoedo: Sino e voz             



     E assim eles vão cantando essa qualidade de beleza que o Brasil não conhece ...
    
    Mas voltemos a Celdo Braga. Nascido em Benjamin Constant, lá no extremo norte do Estado do Amazonas, quase em outro país. Na década de 70 ele foi fazer Licenciatura Plena, em Letras, lá no Rio Grande do Sul. Quando retornou, não só continuou a ser professor, como reuniu um grupo de músicos, criou grupos, sendo o primeiro o Raízes, dando vazão a uma Coletânea de Trabalho, reunida em 5 anos. As criações foram tantas, que o Grupo, se um dia foi Raízes, depois se transformou em Imbaúba, e hoje é o Gaponga. Neste último, Celdo construiu “uma bagagem de projetos”, definindo o seu caminhar.

     Segundo Celdo, são 38 anos dedicados à arte, e o poeta criou mais de 50 instrumentos, que dariam para formar uma orquestra...! E não parou de excursionar,  convidado para apresentações as mais variadas, no Brasil e no exterior. Excursões com seu grupo, naturalmente.

      Celdo começou o seu aprendizado com os índios, o que o levou a descobertas inéditas! Primeiro experimentou as folhas de palmeira (como tucamã, inajá, e outras). Foram tantos os sons e os instrumentos que Celdo criou! Hoje ele afirma  - e nós testemunhamos - que seu som é transmitido como se uma orquestra estivesse tocando! São cuias, folhas, hastes, flautas criadas de material da floresta. E há Sofia Amoedo, com sua voz afinada, seu instrumento musical! Voz sensível, bonita de se ouvir! E há, desde o início, o fiel escudeiro João Paulo, ao qual Celdo comunica suas ideias e João  as executa. Primeiro foi com o Grupo Raízes e sua música tradicional; depois veio o Imbaúba, com ênfase na parte ambiental, e agora Celdo Braga trabalha com o seu novo Grupo, o Gaponga.

     Estes grupos deixaram lembrança. O Raízes chegou a imprimir 12 CDs e 2 (dois)  LPs – o Imbaúba 5 CDs e agora o Caponga tem na bagagem 3 Projetos e já imprimiu 2 CDs, nestes dois anos de pé na estrada. Eles começaram a se reunir em 2018, e agora já tem agendadas, para 2019, mais de 11 apresentações! O trabalho musical de Celdo Braga não para: são simpósios, seminários, oficinas de construção de instrumentos, cursos sobre a cultura amazônica. Nestes dois anos de vida, O Gaponga já fez 34 apresentações, lançando seu primeiro CD em 2018:  “Sons da Floresta”, uma beleza de som, podemos garantir!

      No grupo Gaponga,  Celdo trabalha com “o som do fruto”. E explica: "No Igapó, quando o rio enche, as árvores desenvolvem seu processo de liberação dos frutos e sementes, como o taquari, a seringueira! A semente cai... e o pescador vai “pescar de caponga”, imitando o som da semente caindo. O peixe se aproxima e cai no anzol".

       Celdo observa: “O nosso grupo, o Gaponga, é a reunião de músicos que pescam com o som”.  

       O grupo possui 5 profissionais apaixonados por música: o poeta Celdo Braga que, além de fazer a letra de algumas músicas, toca flauta doce, cuatro venezuelano, imita o canto dos pássaros da região e reproduz efeitos com sonoridade amazônica. Sofia Amoedo, por sua vez, natural de Terra Santa (Pará), e antiga vocalista do grupo. Ela é professora de canto e vocalista. Toca violão e acompanha os instrumentos criados pelo poeta. E há o já citado João Paulo, amigo percussionista, que possui um ouvido invejável. Ele é natural de Parintins. É um verdadeiro luthier – fabricando os instrumentos  com os quais o grupo se apresenta. É amigo do poeta em seu ofício.  João Paulo toca uma espécie de bateria cabocla com instrumentos de percussão de criação artesanal própria. 

     O grupo tem ainda, como apoio musical, o violonista e guitarrista Neil Armstrong Jr. também de Parintins. E o técnico de som Defson Braga (Shakal), manauara, membro do Gaponga, que acompanha o grupo e atua como técnico de som há vários anos. 

     DEDICAMOS ESTA FALA AO NOSSO PRAZER EM TER CONHECIDO ESTE GRUPO - E DESEJAMOS A TODOS IMENSO SUCESSO EM SUAS ANDANÇAS!                                  
                                   
                      
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E VIVA O AMAZONAS!
(Instrumentos do Grupo Caponga)
 (Arquivo Celdo Braga)














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