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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

FREUD E MAHLER





'Freud e Mahler' - Giuseppe Oristaneo e Marcello Escorel. (Foto Divulgação)


IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

      A autora da peça FREUD E MAHLER, Miriam Halfim, explicita de tal maneira o tempo, e as motivações, de dois homens que modificaram o mundo da Música (Mahler), e o da Mente (Freud), com palavras tão marcantes que, ao encontrar sua escrita revivemos a emoção da cena. Mas agora, ao evocarmos a direção de Ary Coslov, a dimensão é outra, e algo mágico pode acontecer, pois vamos criticar a encenação.

     O encontro do psicanalista e do músico se deu em 1910, na Holanda. As motivações para esse encontro podem ser as mais diversas, mas, no caso de Mahler, foram as do coração. Casado com a bela musicista Alma Mahler, a insegurança tomou conta do músico. Tal sentimento não foi ocasionado pela competição artística - como bem podemos imaginar - mas por ser Alma uma mulher irresistível.

     Aqui estão colocados os ingredientes para uma refrega emocionante entre um pesquisador da alma humana (Freud), e um arrebatado artista das emoções, o compositor Gustav Mahler. Como diz Coslov: este foi o encontro do pensamento com a emoção - reconhecendo Coslov - : Isso não quer dizer que Freud deixasse de lado a emoção, ou que Mahler não usasse seus pensamentos. 

     Podemos acrescentar que este encontro dá à peça fluidez e equilíbrio. Miriam Halfim mostra, em sua mais recente criação, grande lucidez ao desvendar os tortuosos caminhos da paixão. Sim, porque a cena se desenvolve através da emoção de dois seres que se aprofundaram em suas  escolhas de vida.

      E, no momento em que, no palco, os dois artistas, Marcello Escorel e Giuseppe Oristanio, aguardam a chegada do público, a peça começa a atingir o seu contorno definitivo. Neste momento os dois atores, descontraídos, sorriem para o público. É quando percebemos a transformação que virá. Com uma sutil mudança de luz, os atores se transformam em personagens!

     É neste momento que percebemos a determinação do diretor. Ao buscar a fala dos personagens, Coslov impõe a sua fala, bem estruturada, transmitindo a riqueza do texto de Miriam Halfim.

     Percebemos também, com sôfrega atenção, que a autora, ao escolher o caminho que será percorrido pela sua escrita, consolida, no palco, a expectativa do que havia sonhado para a sua obra. Sim, o autor percebe quando está no caminho certo. E é com grande atenção que o público acompanha o acerto daqueles quatro artistas.

     Sim, temos Miriam Halfim, com sua competente escrita; Ary Coslov e a acertada direção; e temos Sigmund Freud - Giuseppe Oristanio – que, com sua bem dosada ironia, reconhece em Mahler, seu cliente, o desejo de esconder seus sentimentos. E, finalmente, temos Gustav Mahler que -  não se sentindo muito à vontade - tenta levar a motivação de sua visita para um patamar menos comprometido do que o ciúme. Porém, a combustão não se faz esperar. E vemos um Marcello (Mahler) Escorel ora reticente, ora explosivo, mostrando o artista em sua grande cena, quando confessa a Freud o seu ‘temor de amor’! E, a partir dessa confissão, temos a delícia do jogo de de cena de Giuseppe Oristanio e Marcello Escorel!

   Ary Coslov esclarece: tanto a força de raciocínio de Freud quanto os transbordamentos das emoções de Mahler permaneceram como legado para as gerações posteriores. – Ao que a autora Miriam Halfim acrescenta: sempre admirei Mahler e quis escrever sobre ele. 

     Para nós foi inesquecível o dia em que fomos estabelecer contato com eles, no teatro.

     A trilha sonora escolhida para o espetáculo foi a 6ª sinfonia de Mahler e seus vários movimentos. Criação da trilha sonora, Ary Coslov. Na trilha tem também Frank Zappa – Tributo a Edgard Varese. O cenário, com referências clássicas, é de Marcos Flaksman, e a Luz, de Paulo César Medeiros. Figurinos de Brunna Napoleão. Assessoria de Imprensa Ney Motta.
É BOM VER BOM TEATRO!




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

FRANÇOIS TRUFFAUT - O CINEMA É MINHA VIDA

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 Brunno Rodrigues,  Patrícia Niedermeier e Cavi Borges ombreados pelos gigantes François Truffaut e Jean-Pierre Léaud  (Foto Divulgação)
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Apresentação do Espetáculo: Patrícia Niedermeier e Jean-Pierre Léaud (Foto Divulgação)

IDA  VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

     Muito prazer, Patrícia Niedermeier! Tivemos ocasião de assisti-la no belo espetáculo ‘François Truffaut – o cinema é minha vida’, do projeto ‘A Peça-Filme’. Trata-se de uma aproximação do cinema com o teatro. Ou melhor, uma aproximação das várias linguagens artísticas, entre elas o teatro-dança. Sim, estamos na presença de Niedermeier, uma bailarina-atriz!

     Ou, como nos indicam Cavi Borges e o roteirista e também idealizador do projeto, Rodrigo Fonseca - o espetáculo ‘minha vida’ é uma aproximação entre cinema e teatro, buscando atrair os amantes de cinema que não curtem teatro, e vice-versa. Boa pedida.   
     A direção também é de Cavi Borges e Rodrigo Fonseca. Este último é autor do texto e alterna, em dias variados, com Brunno Rodrigues (encarregado da projeção das cenas/teaser e making of), no papel de memória afetiva (entrevistador?), de Patrícia/François Truffaut! Sim, Rodrigo Fonseca também entra em cena no papel de entrevistador, mas na noite em que assistimos ao espetáculo Brunno era o personagem, e ele se dirige a Patrícia Niedermeier/ François Truffaut em uma espécie de ‘evocador de memorias’, (estimulador?), da vida do cineasta. Brunno cumpre seu papel de maneira charmosa.

     O espetáculo ‘FRANÇOIS TRUFFAUT – o cinema é minha vida’ capta momentos do cineasta lutando com sua inadequação para a vida, até a descoberta do cinema e da sua comunicação com o mundo, através dele. Assim, ouvimos Patrícia/ Truffaut se lembrar dos momentos em que estava procurando saber quem era. Para recuperar o momento sublime, só  recuperando as cenas que são tecidas pelos filmes de Truffaut e pelo texto de Rodrigo Fonseca.

     Aliás, este texto deve muito, também, às pesquisas de Cavi Borges em sua videoteca Cavídeo (e na internet), estimulando cenas inesquecíveis. Lembramos  Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), o ator que dá vida à obra de Truffaut, o famoso alter-ego do cineasta, abrindo para o público a descoberta do menino ator, em sua primeira entrevista com Truffaut, e nas cenas dos filmes que se seguiram! Aliás, o texto de Fonseca é uma epifania à obra de Truffaut... A presença de Doinel menino, na tela, se reproduz também na interpretação de Patrícia Niedermeier, ao vivo, no espaço teatral.  Eis uma bela concepção de espetáculo.

     A equipe técnica é de primeira. Iluminando o pequeno espaço (20 lugares) do Estação Botafogo, temos Luiz Paulo Nenem, em sua concepção minimalista e concentrada. O Design da operadora é realizado pela Rosebud (não é por nada, não, mas este pessoal adora cinema, até Orson Welles entrou na dança!). A Produção  Logística é de Marina Trindade. Com Assessoria de Imprensa de Guilherme Scarpa e Fábio Dobbs. O espetáculo é apresentado aos sábados e domingos, somente. NÃO PERCAM!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

CLÁSSICOS DO TEATRO - ARTHUR AZEVEDO

Resultado de imagem para Fotos de Maria Rita Rezende e o "Teatro de Roda" de Arthur AzevedoFoto do Elenco do Teatro de Roda. Ao centro, Maria Rita Rezende e Luciana Albertin, diretoras.

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

     A diretora Maria Rita Rezende encontrou uma maneira arejada, e  criativa, de trazer o nosso Arthur (ou será Artur, na nova grafia?) Azevedo, para o  convívio do século XXI. E assim podemos assistir, às segundas feiras, e no horário das 20h, os alunos do curso de Interpretação - criado por Mariozinho Telles em seu Teatro de Roda - reproduzirem situações hilárias, orientadas pelas mãos e pela imaginação de duas atrizes/diretoras, Maria Rita e Luciana Albertin, que divertem o público com uma versão popular do teatro de costumes de Arthur Azevedo.  Trata-se de jogos teatrais do Projeto “Clássicos de Teatro”, criado por Mariozinho, vivo no simpático Espaço Rogério Cardoso, da Casa de Cultura Laura Alvim.

     ...E La Nave Va!

     Com alunos dos 18 a 80 anos, o clima é de total interrelação entre o objetivo alcançado (representar o espírito carioca do início do século XX), e o convívio, sempre agradável, com as diferenças, inclusive as do público... e a disposição do elenco de se entregar a esta rica experiência! Há, no Teatro de Roda, o grupo dos alunos, como Carol Martins, Lucia Farias (uma excelente comediante),  Lenilson de Mello, e outros, que fazem uma apresentação minimalista, recorrente, de cenas do cotidiano, entre namoros e fofocas da vizinhança, que já não existem mais, em nossos tempos cibernéticos! E o que fazem estes espíritos transeuntes? Dançam modernas e maliciosas danças, e se arrepiam estrepitosamente, para espanto e delícia do público que os rodeia. Sim, os rodeia, porque o Espaço Rogério Cardoso é mínimo - e acolhedor - como sabemos!

     Este mesmo grupo do Teatro de Roda ensaia (e monta) Shakespeare, por exemplo! Seu último Romeu e Julieta foi simpaticíssimo, e agora eis que se prepara – feito pelos atores já formados, do grupo – uma Megera Domada!

     NÃO PERCAM ESTE ARTHUR AZEVEDO! A MÚSICA É BOLADA POR ELES, E OS MOVIMENTOS TAMBÉM. TUDO REGIDO POR MARIA RITA E LUCIANA ALBERTIN – QUE MARCAM O COMPASSO COM ATENTA DIREÇÃO.