IDA VICENZIA
(da
Associação Internacional de Críticos de
Teatro – AICT)
(Especial)
C I R C U N C I S Ã O E M N
O V A Y O R K,
O autor dessa comedia
conhecia bem a alma humana. Ele consegue colocar vários sentimentos e
preconceitos em jogo, e luta contra o sentimento de culpa de Miriam, a
personagem que desencadeia a ação, interpretada por uma elogiável Narjara
Tureta. Devemos acrescentar, já no início, que este personagem explica, para a
família, seu sentimento de culpa, por ser como é... e tudo se resolve no final.
Mas estamos falando em
João Bethencourt, o autor de tantos sucessos, que novamente se apresenta entre
nós!
Não nos apressemos.
Estamos falando sobre uma sociedade judia, portanto, devemos levar em conta seu
rígido dogma de preconceitos religiosos, o que nos leva a um quid pro quo muito
bem resolvido!
Antes de tudo, saudemos o
retorno do autor húngaro/brasileiro João Bethencourt, grande comediógrafo, nascido
em Budapest. João veio para o Brasil em 1933, com a família, aos 10 anos de
idade. Sabemos o porquê de tantos cuidados. Ah! As guerras do continente
europeu!
Formado em Yale, João é
Mestre em Artes Cênicas por aquela Universidade, e, como não podemos deixar de
acrescentar, ele é (era?), um ser humano excepcional e nos deixa várias peças,
entre elas a que está se despedindo hoje, dia 17 de julho de 2022, do Teatro Fashion
Mall, Rio de Janeiro. Mas temos uma boa notícia! Circuncisão vai abrilhantar a
reinauguração do Teatro Princesa Isabel, aquele que fica na entrada de
Copacabana, e cujo proprietário (e amigo das Artes Cênicas) é Orlando Miranda!
Boas Vindas! Este Teatro, que iluminou por muitos anos a Avenida que lhe dá o
nome, muito em breve voltará a nos
iluminar!
A estreia do Princesa
Isabel será com a peça que estamos comentando. O elenco é brilhante: Temos Narjara Tureta como Miriam, a jovem judia que
resolve se desvencilhar das amarras de sua condição, e partir para uma nova
vida, independente! Rogério Freitas, brilhando sempre, dessa vez como o amigo
(e avô!) do filho de Miriam... e de Emily, a companheira que influencia a entrada
em um futuro menos ortodoxo praqueles que ainda usam o quipá (os pais... os
homens!), indicativo de que a religião está acima de tudo. Eis que surge o
Abraão II, (o pai de Emily) Rogério Freitas, para modificar a situação e fazer
parte do embruglio!
E como fica isso?!
... e, a partir dessas revelações, o público vê surgir as situações mais inesperadas, na maioria conduzidas pela mãe judia! (Jalusa Barcellos em interpretação destacada e brilhante, como a mãe que procura solucionar a questão, para ela tão alarmente, de ter uma filha que está apaixonada por uma mulher! Jalusa/Sara, está impagável em seus cuidados!).
Mas há que vencer a
resistência do patriarca Sergio Fonta, o Abraão I!... e aí surge o nó da
questão!
Abraão I, vaidoso com a filha que
vai ser mãe, e com a possibilidade de ser avô! Porém, sem o verdadeiro
conhecimento do que está ocorrendo em sua residência, ele é o involuntário
protagonista de tal confusão! (Sergio Fonta em memorável atuação). E aí começa a situação de comédia que acaba envolvendo
atores e público!
... Participamos, todos, do
poder de imaginação de nosso dramaturgo, muito bem dirigido por Guilherme
Delrio e orientado por nada menos do que Cristina Bethencourt, a filha de João!
O elenco, composto por
vários e bons artistas, entre eles Dalton Lisboa, uma surpresa, e Carlos
Loffler, voltando com sua carga cômica e o papel do rabino! Temos também a
noiva/esposa de Miriam, a doce e firme Emily, interpretada pro Araci Breckenfeld.
E mais não relatamos,
deixamos para a imaginação do público (ou de quem vier a sê-lo) para
complementar o enredo!
No final, celebrando o
amor resolvido, o elenco nos brinda com uma espécie da can can judeu! – com uma
música muito conhecida – Aleluia! - comemorando
amizade e amor... e as palmas do público!
Na ficha técnica, destaque
para os figurinos criativos de Augusto Pessoa, que também se encarrega do
cenário (uma simples sala de visitas, com muitos recursos cênicos...). Temos
também a coreografia de Julita Machado. E a Luz e feita por Guilherme Delrio e
Cristina Bethencourt.
Consultoria e Gestão Cultural:
Patrícia Castro Arte e Cultura.
NÃO PERCAM!
É
BOM VER BOM
TEATRO!
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