I D A V I C E N Z I A
(da Associação Internacional de
Críticos de Teatro -
AICT)
(Especial)
Vocês sabem quem é Cris (Cristina ) Mayrink? Por certo que sabem. Ela agora está em cartaz com uma peça idealizada e escrita
por (e para ) ela, sua
intérprete. Um monólogo. Surpreendentemente,
a atriz se coloca - o nos coloca
- no caminho das mudanças
literárias - nessa escola que está
sempre se reconstruindo::
a literatura! E, de repente, vemos Mayrink, a Provocadora,
se inserir em um caminho muito procurado pelos dramaturgos, dando mais um passo
na modificação da linguagem teatral.
Tudo é permitido, em “O Som e a
Fúria” - desde a tragédia mais carregada,
até a comédia - e ao envolvimento
emocional mais sutil. Há quem chore, na fala final da atriz. Fala belíssima!
Passemos rápido por esta abertura!
Mas não podemos esquecer que Cris deu um importante passo no caminho da construção
dramatúrgica. Citemos rapidamente
Graça Aranha. Quem diria! “um fabricante
de acontecimentos” – que encantou a Paris
do início do século XX com seu revolucionário
Malazarte , um moleque
macunaímico. Muito depois, mas ainda no século XX, veio Jorge de Lima e sua Invenção de Orfeu com sua visita
descontinuada de todos os tempos, desde a cultura falada e escrita. E,
finalmente, temos Antonio Abujamra e sua
desconstrução dos clássicos!
E temos também uma mulher:: chamando para a luta as suas iguais! Não esqueçamos que Mayrink interpreta Lady
Macbeth, a feroz! Nenhum homem, mesmo forte, deve sair despreocupado de sua fala tão atual
!
Pois é a respeito dessa ferocidade que Cris
Mayrink encerra o espetáculo... e com um dos mais belos textos sobre o
nascimento da Bondade e da Maldade, em uma descrição de personalidades em seus
limites.
O bravo começar da passagem pelo
palco dessa força da natureza, Cris Mayrink, interpretando Lady Macbeth, nos deixa entusiasmados, envolvidos e
acreditando no futuro do teatro (aliás, sempre acreditamos neste futuro). O
teatro está sempre se renovando. Não percam a essa renovação
da atriz, inserindo textos, criando outros
( a idealização do espetáculo e criação do texto
são dela), nos fazendo amar estar ali, naquele momento, assistindo àquela transformação.
Com o colaboração do também ator Diogo Camargos, dessa vez
diretor e também iluminador ( com Francisco Hashiguchi) em um jogo perfeito entre atriz, diretor – a luz e o movimento.
“O Som e a Fúria de lady macBeth” é um
espetáculo bem acabado e com grande ´entrada´
em nossas emoções.
O monólogo final, sobre a formação da personalidade e a
identificação do bem e do mal em um ser humano foi um dos monólogos mais fortes
e poéticos já ouvidos em teatro. O que mais aproxima público e ator:: a suave e cruel poesia que transmite!
Não esquecendo que, provocativa,
Cristina Mayrink coloca no final do espetáculo - dominando palco e plateia
- a música de Dom e Ravel “Eu te amo, meu Brasil”, desafiando os brasileiros que se pensam donos de nosso estandarte Nacional,
e relembrando uma época em que tudo era retorcido, aflitivo! Cris, com certeza,
não viveu essa época!
A peça é impactante. E o impacto
final, com sua comunicação visual com o público, onde uma cenografia que grita
a verdade, no final, não deixa esquecer o
que devemos fazer para espantar o Mal, não deixa ninguém pensar que este Mayrink Produções faz teatro para se divertir!
TAMBÉM FAZEM!
MAS AÍ JÁ
É OUTRA HISTÓRIA.
NÃO PERCAM “O
SOM E A FÚRIA DE LADY MACBETH
!!!
É
BOM VER BOM TEATRO !
FICHA TÉCNICA:
Além dos já citados, temos:
Figurino: Letícia Birolli (aliás, a concepção viva dos avatares - e das composições - se movimentam entre figurinos e atriz )
Vídeo Espetáculo : Mauro Marques
Fotos de Cena: Nando Machado
Design Gráfico:
Thiago Ristow
Operação de Som: Camila Camargos
Assessoria de
Imprensa: Maria Fernanda Gurgel
Realização: Mayrink
Produções