Rio Antigo: Arcos da Lapa
CRITICA DE
TEATRO
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
... Desta ve z estamos analisando a criação teatral inspirada em “Memórias
Póstumas de Brás Cubas” , de Machado de Assis, espetáculo
que inaugura o espaço multimídia NAVE DE LUZ –
concepção de Paulo Cesar Medeiros em colaboração com Sergio Marimba, artista plástico e cenógrafo. O espetáculo,
intitulado “O MENINO
É PAI DO
HOMEM “ estreou dia primeiro de
julho, um sábado de 2023, no Espaço SESC Copacabana. .
Sendo, como todos nós sabemos, Machado
de Assis (1839-1908) um dos mais
cultos escritores brasileiros, deu-nos, em menos de duas horas,
a representação do que foi a sua obra! E
nós, como público, tivemos ocasião de acompanhar os mais variados aspectos de sua criação, em
apenas algumas horas. São várias, as suas linguagens, porém a da imaginação
predomina, embora a critica social seja um
forte argumento seu.
Obra desenvolvida em várias
varias linguagens: cinema, televisão, obras acadêmicas, resenhas
literárias, e algumas peças de teatro como o recente “O Alienista”, dirigido por Gustavo Paso, não
lhe foram negadas. Podemos dizer que
Machado é o autor por excelência!
Depois de termos assistido esta livre apresentação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” , inspirada
por Paulo Cesar Medeiros e com
Direção Artística de Moacyr Chaves, vemos surgir no ‘espaço mídia’ NAVE DE LUZ as mais variadas formas de ruptura, e observamos
recursos insuspeitados, desafiando a nossa imaginação. Na cenografia há tecidos
translúcidos que escorregam pelo espaço cênico, transformando-o em telas onde se projetam pedaços de nossa
história e de fábulas que nos habitam.
E a cena, através de projeções de Sérgio Marimba, vai
mostrando projeções de um Rio Antigo há
muito sonhado, ou as terríveis cenas e conflitos de uma época sempre repetida
em nossas vidas. Tempos iguais, vividos
por outras gerações!
E o afrodescendente Machado de Assis recorda-nos os anos da escravidão
do Brasil de sua juventude. Anos estes que não existem mais? Machado vai
mostrando, com ironia, os tempos sombrios de todas as épocas. Tempos estes que
deixam a nu a juventude de Machado com a
ganância das pessoas que colocam
anúncios de compra e venda de
escravos!
O Espaço Multimídia do SESC Copacabana, inspirado por
iluminadores , artistas plásticos, músicos e atores, foi criado para
apresentar espetáculos das mais variadas manifestações artísticas, como teatro,
dança, filmes, oficinas, debates, e o que mais houver... Bela iniciativa do
SESC Copa, inspirada por Paulo Cesar Medeiros, o iluminador mágico que faz as
luzes dançarem...
Tudo muito emocionante, neste início de Rio Antigo, não
esquecendo as projeções. A NAVE
DE LUZ tem visões deslumbrantes, que mobilizam o público. Eis um espetáculo que se torna
imprescindível. Tivemos várias obras de
Machado de Assis em cena, porém nunca tivemos um encontro tão multifacetado e com linguagem tão própria do autor, como nesta
NAVE DE
LUZ.
A obra de Machado de Assis é colocada com ironia e
inteligência. É realmente
um espetáculo iluminador
O ELENCO é formado Por
seis atores e um musicista que se encarregam de tão árdua e divertida missão!
Citamos, por ordem alfabética, pois é impossível distinguir o
brilho exato de cada um, dando destaque apenas ao solo cantado por José Mauro
Brant, canção que é de uma beleza infinita.
São eles, o ator já citado José Mauro e, por ordem
alfabética: Anderson Oli, Elisa Pinheiro, Karen Coelho, Márcia Santos, Monica
Biel e o musicista Gustavo Corsi. Todos
excelentes, transformando a difícil passagem da obra de Machado de Assis em um
divertido e inteligente acontecimento teatral.
NÃO PERCAM !!!!
E, para arrematar esta crítica de pé quebrado, eis que surge a
frase lapidar que encerra o espetáculo:
“Não tive filhos, não
transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.
(... E isso que Machado não viveu, nem viverá, o que está batendo
à nossa porta: o Antropoceno. O Planeta Terra está entrando em uma nova Era
Geológica... )
Ficha técnica, além dos já citados: Figurinos: graciosos e que dão destaque aos atores, em
referência à época, são de Ney Madeira e
Dani Vidal;
Conteúdo Audiovisual: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca ; Assistente
de Direção: Sther Missad ;
Direção Musical: Gustavo Corsi ;
Fotos: Dalton Valerio ; Produção Executiva: Thiago Piquet; Assessoria de Imprensa: João Pontes e Stella Stephany
Maravilhosa crítica. Lúcida e inteligente, como sempre.
ResponderExcluirObrigada.
ResponderExcluirQuero saber se JPontes / Stella Stephany receberam. Stella Stephany recebeu?
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