Cacá Carvalho em "O Homem com a Flor na Boca", de Pirandello, direção Roberto Bacci. |
CRITICA TEATRAL
IDA VICENZIA
FLORES
(da Associação
Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
O TEATRO
RADICAL DE CACÁ
CARVALHO
Quem conhece o trabalho de Cacá
Carvalho, sabe do que estou falando. Teatro radical. Para quem ainda não o
conhece, essa é uma boa oportunidade de fazê-lo. Atualmente em cartaz no
Mezanino do Sesc Copa, Rio de Janeiro, Cacá lança um novo estilo de monólogo,
que se completa com a presença exclusiva da platéia. O Nobel de teatro de 1934,
Luigi Pirandello, com seu texto, e o
diretor Roberto Bacci, com a sua encenação, procuram a emoção direta com
leitor e com o espectador.
Nestes pequenos contos - e um romance - do siciliano, interpretados por Cacá,
é impossível controlar o ator. Dirigido por Roberto Bacci, da Fondazione Pontedera de Teatro,
Itália, os monólogos dessa Trilogia: "O Homem com a Flor na Boca" (comentado
agora), "A Poltrona Escura" e "umnenhumcemmil" - extraído do
último romance do autor siciliano, são apresentados em dias alternados. Aconselha-se a assistir os três. Interessante
observar que, neste "O Homem...", os dois (diretor e ator), levam a platéia
a um compartilhamento, por vezes involuntário, mas muito receptivo, em uma aproximação
palco/platéia. Podemos dizer que tal situação foi vivida, e com a mesma intensidade, em "Hoje é Dia
de Rock", nos idos dos anos 70.
A "performance" de Cacá Carvalho nos trás de volta a
vivacidade do teatro, sua razão de ser: o compartilhamento. Para quem vai
assisti-lo somente para conhecer o célebre "Macunaíma", de Mario de
Andrade/Antunes Filho, não pode esquecer a pluralidade desse ator, que já vimos
se transformar em cena num felino, em "Meu Tio Iauaretê", de
Guimarães Rosa, além de tantas outras façanhas interpretativas dignas de nota. A
apresentação de 2013, de Cacá Carvalho no Rio estabelece, a cada dia, uma performance
diferente. São espetáculos independentes. A cada apresentação, o acolhedor
Mezanino do Sesc Copa transforma-se. A disposição das cadeiras é organizada conforme
as indicações do diretor, do ator e do cenógrafo (Mário Medina, que também é
encarregado do figurino de Cacá), em compasso com o iluminador (Fábio Retti). A
dramaturgia é de Stefano Geraci. A tradução, de Cacá Carvalho.
Antes do espetáculo, uma recepcionista indica os lugares onde o público
deve ficar, alternando homens e mulheres, em posições estratégicas,
principalmente neste "O Homem com a Flor na Boca" - pois o personagem
de Cacá vai travar uma contenda, que visa a já tão convencional "relação
homem/mulher".
O furor interpretativo do paraense pega o
público de surpresa. Há uma angústia "do fim que se aproxima", há a
poesia envolvendo esse fim - e o desespero. Isso é o que pode ser dito sobre o
espetáculo. E, no final da apresentação o ator se transforma, dirigindo-se à platéia,
e o faz com surpreendente sensibilidade e empatia. Então, percebemos que não
estamos na presença de uma fera simbólica, como tigre, em Iauaretê, muito menos
na presença de um homem revoltado, como em "O Homem com a flor na boca",
mas em contato com o doce e verdadeiro Cacá Carvalho. Interessante esse recurso
do ator para seduzir platéias, a cada final do espetáculo. Não percam as
próximas apresentações desse ator tão singular. Com certeza teremos mais
surpresas. Há alguns anos Cacá isolou-se em Pontedera, na Itália, onde faz
descobertas de linguagem teatral, sob a orientação do diretor Roberto Bacci.
(Assessoria de Imprensa Lu Nabuco)
Sabe que nunca o vi no teatro? Deve ser absolutamente fantástico. Mais um para a minha lista. Obrigada, Ida. Beijos.
ResponderExcluirVamos combinar pra ver "umnenhumcemil"? Beijos.
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