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sábado, 6 de abril de 2013

"O HOMEM COM A FLOR NA BOCA"

Cacá Carvalho em "O Homem com a Flor na Boca", de Pirandello, direção Roberto Bacci.
                                                       (Foto Lenise Pinheiro)



CRITICA  TEATRAL
IDA  VICENZIA  FLORES
(da  Associação  Internacional  de  Críticos  de  Teatro -  AICT)
(Especial)

O  TEATRO  RADICAL  DE  CACÁ  CARVALHO

Quem conhece o trabalho de Cacá Carvalho, sabe do que estou falando. Teatro radical. Para quem ainda não o conhece, essa é uma boa oportunidade de fazê-lo. Atualmente em cartaz no Mezanino do Sesc Copa, Rio de Janeiro, Cacá lança um novo estilo de monólogo, que se completa com a presença exclusiva da platéia. O Nobel de teatro de 1934, Luigi Pirandello, com seu texto, e o diretor Roberto Bacci, com a sua encenação, procuram a emoção direta com leitor e com o espectador.
     Nestes pequenos contos - e um romance - do siciliano, interpretados por Cacá, é impossível controlar o ator. Dirigido por Roberto Bacci, da Fondazione Pontedera de Teatro, Itália, os monólogos dessa Trilogia: "O Homem com a Flor na Boca" (comentado agora), "A Poltrona Escura" e "umnenhumcemmil" - extraído do último romance do autor siciliano, são  apresentados em dias alternados. Aconselha-se a assistir os três. Interessante observar que, neste "O Homem...", os dois (diretor e ator), levam a platéia a um compartilhamento, por vezes involuntário, mas muito receptivo, em uma aproximação palco/platéia. Podemos dizer que tal situação foi vivida, e com a mesma intensidade, em "Hoje é Dia de Rock", nos idos dos anos 70.
     A "performance" de Cacá Carvalho nos trás de volta a vivacidade do teatro, sua razão de ser: o compartilhamento. Para quem vai assisti-lo somente para conhecer o célebre "Macunaíma", de Mario de Andrade/Antunes Filho, não pode esquecer a pluralidade desse ator, que já vimos se transformar em cena num felino, em "Meu Tio Iauaretê", de Guimarães Rosa, além de tantas outras façanhas interpretativas dignas de nota. A apresentação de 2013, de Cacá Carvalho no Rio estabelece, a cada dia, uma performance diferente. São espetáculos independentes. A cada apresentação, o acolhedor Mezanino do Sesc Copa transforma-se. A disposição das cadeiras é organizada conforme as indicações do diretor, do ator e do cenógrafo (Mário Medina, que também é encarregado do figurino de Cacá), em compasso com o iluminador (Fábio Retti). A dramaturgia é de Stefano Geraci. A tradução, de Cacá Carvalho.  
     Antes do espetáculo, uma recepcionista indica os lugares onde o público deve ficar, alternando homens e mulheres, em posições estratégicas, principalmente neste "O Homem com a Flor na Boca" - pois o personagem de Cacá vai travar uma contenda, que visa a já tão convencional "relação homem/mulher".
       O furor interpretativo do paraense pega o público de surpresa. Há uma angústia "do fim que se aproxima", há a poesia envolvendo esse fim - e o desespero. Isso é o que pode ser dito sobre o espetáculo. E, no final da apresentação o ator se transforma, dirigindo-se à platéia, e o faz com surpreendente sensibilidade e empatia. Então, percebemos que não estamos na presença de uma fera simbólica, como tigre, em Iauaretê, muito menos na presença de um homem revoltado, como em "O Homem com a flor na boca", mas em contato com o doce e verdadeiro Cacá Carvalho. Interessante esse recurso do ator para seduzir platéias, a cada final do espetáculo. Não percam as próximas apresentações desse ator tão singular. Com certeza teremos mais surpresas. Há alguns anos Cacá isolou-se em Pontedera, na Itália, onde faz descobertas de linguagem teatral, sob a orientação do diretor Roberto Bacci.
(Assessoria de Imprensa Lu Nabuco)


2 comentários:

  1. Sabe que nunca o vi no teatro? Deve ser absolutamente fantástico. Mais um para a minha lista. Obrigada, Ida. Beijos.

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  2. Vamos combinar pra ver "umnenhumcemil"? Beijos.

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