IDA VICENZIA
(da Associação
Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
Comecemos pelo começo. Há um escritório de detetive, há uma auxiliar de escritório que tenta colocar alguma organização no caos. No texto
de Alessandra Colasanti se impõe uma hierarquia entre chefe e subordinado, talvez uma crítica espontânea sobre o poder, como a autora costuma fazer em seus espetáculos. Em "A Bailarina de Vermelho" havia este relacionamento com o seu submisso servidor, interpretado por João Velho. No atual espetáculo, a troca entre detetive (Colasanti) e auxiliar (Flavia Espirito Santo) oferece a mesma dinâmica. As peripécias que a autora conduz em ambos os textos leva-nos a concluir que Alessandra procura uma nova maneira de fazer teatro. Desta vez, a história gira em torno do desaparecimento de Alessandra Colasanti, a atriz, no dia de
seu aniversario. Seus pais buscam, aflitos, uma maneira de localizar a filha, e se entregam nas mãos na detetive "Alexandra
Cavalcanti". E o jogo teatral começa.
Os métodos de investigação da detetive são hilariantes, talvez mais desconcertantes do que os caminhos que percorre o detetive Jacques Clouseau, de "A Pantera Cor de Rosa". Cavalcanti, a detetive, se dedica a várias experiências, entre elas a da ufologia, para atingir sua meta! A ideia é boa, porém o público fica perdido no caos. A uma certa "atribulação juvenil" ao narrar a historia, assumindo o espetáculo diversas linguagens. No final, o encontro meio enigmático da verdadeira Alessandra Colasanti, através da descoberta do DNA de seu cabelo.
O "plot" se estabelece a partir do sumiço da verdadeira Alessandra, e tudo se converte em uma grande brincadeira. A presença (em voz gravada) dos poetas e escritores Marina Colasanti e Affonso Romano de Santana, pais da atriz, pode nos levar ao que seria a procura da "dopplegänger" da atriz, tal a semelhança entre as duas: investigadora e investigada. Muito bom. As
projeções de vídeo com imagens familiares do passado parecem buscar a cumplicidade da plateia, porém há um excesso trepidante de informação visual. O vídeo é criado pela própria
autora e Nani Escobar. O espetáculo, que necessita de alguns cortes, apresenta, em sua cena
final, uma conjugação de espaço sideral associado a um texto poético de autoria de Alessandra Colasanti que resulta em uma revelação de pura poesia. Talvez o público entenda, neste final, o que verdadeiramente se propõe o espetáculo.
Na ficha técnica temos
a direção musical de Letícia Novaes e Arthur Braganti. A
cenografia é de Aurora de Campos. Luz belíssima, principalmente no
final, com a criação do espaço sideral que acompanha o texto, de Tomás
Ribas. Figurino de Alexandra Cavalcante (não confundir com a detetive). Assistente de figurino a Sra.
Ramalhete. Confecção dos "sapatos de rubi" de Marcia Marques. Programação visual de Bady Cartier. A propósito, registramos a brincadeira com os nomes e apelidos das
personagens, sendo a detetive batizada de Alexandra Cavalcanti e sua auxiliar
nomeada "Ramalhete". Há a participação, em vídeo, dos amigos da verdadeira Alessandra, preocupados com o seu sumiço. São
eles, entre outros, João Velho (seu anterior parceiro em "A Bailarina de
Vermelho"), Bianca Comparato, Bianca Joy, Carlos Grun, Carlos Condé, e muito outros, desculpem os não citados. Assessoria de Imprensa JSPontes.
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