Raphael Viana e Gaby Haviaras, em "João Cabral", roteiro e direção de Renato Farias. Cena e Interpretação de "Bailarina Andaluza". (Foto de Carol Beiriz). |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro -
AICT)
(Especial)
Não temos vontade de escrever sobre... mas
ficar assistindo... assistindo... assistindo... Como diria Cecília Meireles
menina: "Mas isso existe, mesmo?" Pois é: o carisma é um
mistério. Nunca pedimos tanto, mas ele
vem: é "a necessidade de criar", como diz o diretor Renato Farias. E descobrimos, vivo, o poeta João Cabral de
Melo Neto.
Não falo por falar. Eis que estou escrevendo a biografia de Antonio Abujamra e de repente me deparo com os personagens do poeta, com a bailarina andaluza viva na minha frente, aquele personagem que Abujamra tanto comenta, no tempo em que viveu, estudante ainda, na casa do poeta, em Marseille. São
quatro atores em cena: eles são muitos mais, na Companhia de Teatro Íntimo, mas
desta vez estão em cena: Gaby Haviaras, Caetano O'Maihlan, Rafael Sieg e
Raphael Viana. Os atores se revezam, em suas funções extra palco. Thiago
Mendonça (que não está em cena) fez os figurinos; a direção de arte é de Gabriela
(em cena, a Gaby) Haviaras; e Rafael Sieg faz o desenho de luz. A cenografia é
de Melissa Paro. Se não é atriz da Companhia, está ligada a eles profundamente.
É o que podemos perceber. Não sei se é o
espaço cênico (estamos ficando exigentes na questão do espaço cênico, assisti
no SESC, sala Multiuso, e agora o espetáculo está na Sede das Companhias, na
Lapa, um ótimo espaço), ou se o envolvimento entre público e atores é natural.
Todos os gestos, e as palavras dos atores, têm uma resposta do público. E é
tudo tão intenso. Começamos com as descobertas do Recife de Melo Neto, e vamos até
o local aonde o fogo do amor se revela: Sevilha! E são trechos dançados da "Bailarina
Andaluza",
com imagens de fogo que fazem eco ao bailado de Haviaras. Raphael Viana, com
seu porte sevilhano e sua forte presença acompanha a bailarina-atriz. E a
guitarra flamenca, tocada por O'Maihlan, acompanha os atores. E o 'cante a palo
seco' (de Diego Zarcón, acompanhado por Rafael
Sieg tocando el cajón).
Caramba! É teatro e é poesia. Não há uma
só frase que não seja de Cabral: "o amor comeu num instante todos os meus
livros de poesia (diz O'Maihlan), comeu os meus livros de prosa, citações em
versos..." e, lá no finalzinho do poema, diz Haviaras: "... e o meu
medo da morte...
"
Palavras que levam à ação teatral. E há
entre os quatro - seus instrumentos musicais, suas vozes, seu gestual - e o
público - uma total imantação.
Temos, na orientação do flamenco, Eliane
Carvalho; no 'cante a palo seco', Diego Zarcón. Na consultoria de cajón,
Alesandro Alejo; consultoria de guitarra flamenca, Luciano Câmara, e liutaio da
guitarra (as variações flamencas), Edu Viola. E nosso coração ibérico se
manifesta.
Destaque para as fotos de Carol Beiriz.
Visagismo Ezequiel Blanc. Assessoria de Imprensa, Roberta Rangel.
Muito prazer em conhecer a Companhia de
Teatro Íntimo, justamente na comemoração de seus 10 anos de existência.
Que lindas palavras, que sensível! Senti tudo isto assistindo este belo espetáculo!
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