Bruce Gomlevisky e banda, no show de lançamento do CD "Bruce" - Eu me recuso a abandonar meu romantismo. (Foto Produção) |
IDA
VICENZIA
(da
Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
MENINO
MIMADO - o lado cruel do Romantismo.
O diretor e ator Bruce Gomlevsky comemora
os seus 20 anos de carreira... cantando! (Lembram Renato Russo?). Na verdade, a
música é a sua mais antiga paixão. Menino, já dedilhava o seu violão e
infernizava os vizinhos na bateria. Com o show "Eu me recuso
a abandonar meu romantismo", lançando o seu primeiro CD,
"Bruce", ele volta, malcriado como Tim Maia, e romântico como Roberto
Carlos. Duas semelhanças: a primeira pela irreverência vocabular, a segunda
pelo som metálico de sua voz. Devemos admitir que a de Bruce soa muito mais
metálica do que a de Roberto Carlos, querendo às vezes concorrer com os metais
da banda. Aliás, os músicos que o acompanham neste lançamento do CD, no Theatro
NET, são um espetáculo à parte.
Em um palco tomado por "spots"
poderosos e muito claro/escuro, temos, no baixo e comandando o espetáculo,
Mauro Berman (que também produz o CD, gravado e mixado por Alexandre Griva); na
bateria Lourenço Monteiro; Sergio Yazbek na guitarra e violão; Humberto Barros,
no teclado; Sidinho Moreira, na percussão; Marlon Sette, no trombone; Zé Carlos
Bigorna, sax tenor e sax barítono; José Arimeteia, no trompete. Como podemos
ver, tudo nos leva a uma superprodução. Há três "backing vocals",
ótimas: Lilian Valeska, Evelyn Castro e Letícia Pedroza. E o músico Marcelo
Alonso Neves fazendo os arranjos de metais para A Atriz, À Sua Frieza, Você é
tudo o que eu sempre quis, e Ame,
Dance, Ria (I Am Dancing Here). A
voz metálica de Bruce Gomlevsky se une aos instrumentos. E o cantor também faz seus números com o violão.
Acontece que Bruce também é poeta. Talvez,
por pura teimosia, ou por ser um "menino mimado" (das artes),
Gomlevsky se excede. Tudo bem, não podemos esquecer que Bruce também é ator.
É possível perceber, na noite do
lançamento do CD, que os muito jovens se divertem com as agruras da vida de
Bruce, e dançam arrebatados com o som da banda. Suspeitamos que é justamente isso
o que o cantor/ator quer.
Mas por que Bruce Gomlevsky lançou este
CD? Diz ele que é assim, excessivo, porque é Escorpião com Escorpião, mas o
seu "adolescer" é antigo... e estável. Ele canta: "Vago pela
noite me arrastando/ Como um qualquer/ Sofrer de amor é minha sina/ Sempre foi
assim com toda mulher// Ou: "Eu queria te pedir desculpas/ Eu nunca quis
te machucar/ Eu queria te pedir desculpas/ Eu nunca quis te fazer chorar//
"Queria aprender a ser mais gentil/ Preciso parar de ser tão infantil/ Queria
perder o medo do escuro/ Preciso parar de ser tão inseguro//
Mas em vários momentos o poeta se
manifesta: "Sua doçura me encanta/ O seu sorriso me ilumina/ Sua beleza me
espanta/ Sua alegria sempre me contamina" ("Você é tudo o que eu
sempre quis", talvez a melhor poesia do CD). Esta mulher já foi cantada,
em outros versos, nada menos do que por Puskin!, porém em outro compasso:
"Recordo o luminoso instante/ quando eu, tomado de surpresa,/ te vi:
súbita imagem, diante/ de mim, da essência da beleza". ("Para***").
E Bruce canta: "Acordei com seu nome/
Na minha cabeça/ Insistente, incansável/ Como o meu coração".
São 12 músicas falando sobre o mesmo
tema: o misterioso acontecimento do amor. Mas quando chegamos na 9ª música,
"Cansei", pensamos: 'agora ele vai mudar o tom'. Qual, o tom não
muda, e Gomlevsky até se ajoelha, no palco, suplicando pelo seu amor perdido. Percebe-se
que a inspiração não é ficção, ele está trabalhando uma perda. Mas isso é ser
"romântico"? Ser romântico é rasgar a alma, só que "no tempo dos
"românticos", eles se matavam de amor... Bruce morre um pouco, todos
os dias, e optou por uma saída irônica, no final do espetáculo, convidando a
platéia para dançar, com "Ame, Dance, Ria" - e confessa "I Am
Dancing Here". E ri muito... Como o ator sabe que o sublime anda de mãos
dadas com o ridículo, ele optou pela ironia.
E o "menino" se entrega,
confiando no amor da plateia: "Ela joga comigo/ Porque me tem na mão// Ela
me provoca/ Porque sabe que eu perco a razão// Ela adora me fazer ciúme/ E
sempre me culpa pela sua insatisfação// (e complementa com o refrão): "Não
sei mais o que fazer/ Pra te fazer feliz/ É melhor tomar cuidado/ Quando se
envolver com alguma atriz//
Ou: "Eu não sei viver sem você/ Nunca
amei ninguém tanto assim/ Mesmo se te amar é sofrer/ Pior é você longe de mim//
(...) Ou: "O que pra você é altura/ Pra mim é o chão/ (...) "O que
pra você é rancor pra mim é só uma canção//
Como podemos perceber, faltou "sintonia"
em seu amor. Na noite do Theatro NET também faltou sintonia, dessa vez com o
som, no início do espetáculo. O diretor musical do "show", Mauro
Berman, não foi perfeito ao equalizar a complicada aparelhagem, e as três primeiras
intervenções de Bruce foram ultrapassadas pelo poderoso som do rock: não se
ouvia a sua voz. Atordoado, o público gritava: "Muito alto!" "Muito
alto!". Queixavam-se do som. Finalmente, quando o cantor se dirige à
plateia (e o faz como um bom "entertainer"), a situação se resolve.
A Produção do CD é de Mauro Berman; seu
design é de Mauricio Grecco e
Lygia Santiago, e a foto de capa de Vivian Golombeck. Todos assessorados pela competente dupla de comunicadores, João Pontes e Stella Stephany.
Lygia Santiago, e a foto de capa de Vivian Golombeck. Todos assessorados pela competente dupla de comunicadores, João Pontes e Stella Stephany.
MESMO COM TODA ESSA CONFUSÃO MODERNA, AS BELAS MULHERES
CONTINUAM INSPIRANDO OS POETAS
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