Homenagem aos 50 anos de carreira de Beth Carvalho
(Fotos Fernanda Sabença).
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
Há, nesta passagem de idades e
descobertas, uma representação bem brasileira; a figura de Beth, nestas três
etapas de sua vida, nos apresenta algo que no Brasil do samba é recorrente:
a menina vai clareando, sem barreiras. Isso
não é racismo ao contrario, é a negação de todos os racismos. Direção de
movimento e coreografia, Sueli Guerra. Querem mais? O texto: para quem não
conhecia a vida de Beth Carvalho, é de Rômulo Rodrigues (um dos componentes das 'Oficinas de Criação', de Ernesto Piccolo). O autor não poderia ser mais preciso,
imaginamos que nada foi esquecido, a começar pelos grandes compositores do
samba brasileiro, desde a cantora menina, atravessa sua vida, e não se esquece
da perturbação política da época. O texto relembra os espetáculos do Teatro
Opinião, as manifestações de rua pró Eleições Diretas, o apoio a Cuba de Fidel,
dado por Beth e sua família.
E os momentos das grandes revelações?
Maria Betânia estreando no show Opinião, cantando "Carcará", de João
do Vale (na voz da excelente Rebeca Jamir). É impressionante o impacto que essa
cantora/atriz consegue, revivendo a Betânia daquela memorável estreia. Outro
impacto é Andre Muato cantando "Travessia", de Milton Nascimento. Mas
não ficamos aí. Clementina de Jesus, fator decisivo no estilo Beth Carvalho de
cantar, na voz e interpretação de Wal Azzolini (que, é claro, não consegue a
rouquidão inigualável daquela pérola negra, mas não desmerece a sua lembrança). E,
de surpresa em surpresa vemos passar, diante de nossos olhos (e ouvidos), a "Historia
do Samba Brasileiro", da época de Beth Carvalho. Desfilam para nós Nelson
do Cavaquinho, o grande poeta (interpretado com "humor e ironia", por
André Muato). A descoberta de Cartola (Leo França, que também canta Silvio
Caldas).
Mesmo para quem não se alimenta de samba,
"Andança - Beth Carvalho - O Musical", é um desfile inesquecível.
Pensem em alguém da época das descobertas de Beth? Eis uma menina de sorte.
Pensem em Beth Carvalho desde o início, quando o pai (interpretado por Mauricio
Baduh), a mãe (Lenita Lopez), e a irmã (Barbara Mendes), todos, na vida da
cantora, davam-lhe apoio irrestrito. E pensem nos amigos que fez, durante a
vida. Não cremos que muita gente saiba, mas a cantora impulsionou carreiras de
muitos músicos geniais: "gente do samba", esse ritmo corria em suas veias.
Bons momentos também nos trazem Leonam
Moraes como o seu grande "editor musical" Rildo Hora, ou a
brincadeira com Chacrinha (Mauricio Baduh); e com a representante dos fãs da
cantora, a incansável "Isaura", (interpretada com senso de comédia
por Ana Bartinnes, que também é produtora do espetáculo). Impossível citar
todos os cantores/atores. Lembramos dos bons desempenhos de Lú Vieira (dando à
Emilinha Borba uma voz que ela nunca sonhou ter); ou Marlene (também
gloriosamente interpretada por Barbara Mendes); Martinho da Vila, com o seu "telecoteco
dengoso", interpretado por Paulo Ney; ou Carmelia Alves (Renata Tavares); Nora
Ney (Rebeca Jamir); Aracy de Almeida (Tathiana
Loyola); Zeca Pagodinho (Douglas Vergueiro); Jamelão (Flavio Mariano); Arlindo Cruz (Andre Muato), e tantos outros...
O
palco do Maison de France sustenta aquele céu de músicos, lá em cima. Regidos
pelo próprio Rildo Hora, que também faz a direção musical do espetáculo.
Magnífica imagem, os músicos reunidos sob a batuta do grande mestre. Jamil Joanes
(baixo); Helbe Machado (bateria); Marcio Eduardo Melo (piano); Rafael
Prates (violão 7 cordas); Alessandro
Cardoso, (cavaquinho); Ninil, (sopros);
Waltis Zacarias - Mestre Chuvisco e China Show, (percussão).
Mas deixa estar, que todos os atores
também são músicos e cantores! E os sambas enredo e as marchinhas de carnaval
são invocadas... e também as dinâmicas dos festivais. Tudo cai no colo da Beth.
Mas o horror também acontece, justamente pelas mãos da Estação Primeira, a
querida Mangueira de Beth Carvalho! Há sempre uma "pequena
autoridade" no caminho. Proibição da diva se apresentar no desfile, vejam
só! ocasionando o primeiro break down
que quase nos leva a cantora. Dez meses de hospital, coluna afetada. Desculpas
vieram, pelo presidente da Escola, porém o mal já estava feito. Essas coisas
terríveis acontecem. Mas o final do espetáculo é "pra cima",
apoteótico, como deve ser com essa homenageada.
Cenografia de Clivia Cohen. Figurinos,
Dani Vidal e Ney Madeira; visagismo, Vava Torres; design de luz, Djalma Amaral;
diretor vocal e arranjos vocais, Pedro Lima; diretor assistente Marcio Vieira;
design de som, Tom Rocha, Rodrigo Mello, e Jackson Marques; fisioterapeutas
Marcio Aleixo e Camile Pinheiro; assessoria de Imprensa JSPontes Comunicação
(João Pontes e Stella Stephany). NÃO PERCAM ESSA HOMENAGEM AO SAMBA!
Adorei "!!!!
ResponderExcluirIDA,
ResponderExcluirsou seu mais novo seguidor.
E isto, movido por uma formidável e incontrolável certeza, a de que encontrei aqui uma BRASILEIRA.
Como anda escasso esta matéria prima neste país,ou seja ,cidadãs e profissionais como você que,sem pejo nem pudor e dando a volta por cima nesta horrorosa antevisão de vendavais de rock que se aproximam com uma barulheira autentica de uma Terceira guerra mundial de muita pernas bambas e fumaça,tem em você, uma autentica bordadeira de Bilro que aqui, tece,desenha e encanta com esta resenha linda e cheio de samba.
Vamos todos em hordas, invadamos o espaço, façamos a segunda Queda da Bastilha,incorporemos Napoleão,Renoir,Monet,Courbet,Van Gogh e os escambau e tomemos de verde-amarelo o Teatro Maison de France , neste imenso e sagrado Samba do Crioulo Doido que aqui misturei,que Sergio Porto criou e me apossei,baixei e saravei!!!
Vitória maiúscula contra o baixo-clero dos funqueiros e o alto-colegiado das baixarias das raves, com ou sem calcinhas, velocidade máxima ou minima de bundas sempre as mesmas, tremendo mais do que minhoca na areia quente.
Coisa tão igual.
Bravíssimo IDA...e Volta, volta mais com estas expressões maiores da nossa cultura.
Um abração carioca.
IDA,
ResponderExcluirsou seu mais novo seguidor.
E isto, movido por uma formidável e incontrolável certeza, a de que encontrei aqui uma BRASILEIRA.
Como anda escasso esta matéria prima neste país,ou seja ,cidadãs e profissionais como você que,sem pejo nem pudor e dando a volta por cima nesta horrorosa antevisão de vendavais de rock que se aproximam com uma barulheira autentica de uma Terceira guerra mundial de muita pernas bambas e fumaça,tem em você, uma autentica bordadeira de Bilro que aqui, tece,desenha e encanta com esta resenha linda e cheio de samba.
Vamos todos em hordas, invadamos o espaço, façamos a segunda Queda da Bastilha,incorporemos Napoleão,Renoir,Monet,Courbet,Van Gogh e os escambau e tomemos de verde-amarelo o Teatro Maison de France , neste imenso e sagrado Samba do Crioulo Doido que aqui misturei,que Sergio Porto criou e me apossei,baixei e saravei!!!
Vitória maiúscula contra o baixo-clero dos funqueiros e o alto-colegiado das baixarias das raves, com ou sem calcinhas, velocidade máxima ou minima de bundas sempre as mesmas, tremendo mais do que minhoca na areia quente.
Coisa tão igual.
Bravíssimo IDA...e Volta, volta mais com estas expressões maiores da nossa cultura.
Um abração carioca.
Que máximo, Ida! Meu marido conheceu a Beth nos tempos de adolescência em reuniões cantantes na Ilha de Paquetá. Deve ser mesmo um espetáculo imperdível. Depois de ler sua crítica, então, dá ainda mais vontade de ver. Beijos.
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