José Mayer e Alessandra Verney em "Kiss me, Kate!", direção Charles Möeller, inspirado em "A Megera Domada", de Shakespeare. (Fotos Produção) |
IDA VICENZIA
(da Associação
Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
KISS
ME KATE
"Chama
o Shakespeare! "
E
eis-me eu, de volta aos musicais! Cole Porte, William Shakespeare, Charles Möeller,
Claudio Botelho: "Kiss me Kate! - o beijo da megera". Um incrível
coreógrafo: Alonso Barros; um incrível maestro: Marcelo Castro. Direção de
Charles Möeller. Versão e supervisão musical de Claudio Botelho. Ótimos bailarinos
e cantores! Cenário de primeira grandeza de Rogerio Falcão, e eis que esquecemos
as maldições da vida.
Möeller e Botelho relembram 1935 e o tempo
"dos Lunts", o casal que sacudiu a historia do teatro americano. Suas
brigas de bastidores (e que chegavam até a cena) inspiraram Cole Porter e o
casal Spewack (texto de Sam e Bella Spewack) a criar uma versão musical da peça
que levava o casal às turras: "A Megera Domada", de Shakespeare!
E somos convidados a testemunhar, com
detalhes de grande arte, a esta bela montagem que está no Teatro Bradesco,
Barra, Rio de Janeiro. Assisti ao revival da Broadway, 2001, de "Kiss me
Kate"! E sai encantada com as "turras"
teatrais e a perseguição ao casal, feita pelos dois gangsters. E com as músicas
de Cole Porter, claro! Nesta versão carioca temos José Mayer como Petruchio e
Fred Graham, (personagem e ator de "Kiss me Kate"), com sua voz de barítono, seu domínio de palco e,
pasmem!... seu talento tão natural para o ofício. Mayer parece ter nascido e
convivido nos bastidores dos musicais! Atenção produção, dêem um chicote decente
para o Petruchio, um daqueles de domadores de feras, pois Kate merece!
Outra grande atriz de musicais! Alessandra
Verney, (Kate e Lili Vanessi), grata surpresa. Ela atinge todos os tons, e não
tem cara de boneca estereotipada. Uma verdadeira fera teatral! Sei que vou me
exceder, e os que me lêem podem até rir, mas eu amei este espetáculo! Único senão:
a abertura: Cáspite! Pensei. Eis que fui pega em uma armadilha! O tal de
"Another Opening, Another Show" não acabava mais, com fala entremeada
com música, um "Oklahoma" à vista! E algumas canções românticas...
Mas depois chegou "Wunderbar", com Fred e Lili (Mayer e Verney), e fiz
as pazes com o espetáculo.
Vamos a ele: são 22 atores em cena, entre bailarinos
e cantores temos, além dos já citados, Jitman Vibranovski fazendo o pai da
megera, Batista (uma delícia); Ruben Gabira (Paul) arrasando em "To
Darn Hot" (aliás, os bailarinos/cantores em cena, com a orquestra do
Maestro Marcelo Castro abrindo o "Ato 2" são um delírio!). Destaque
para Ruben Gabira. Mas eles todos, os bailarinos: Tomas Quaresma,
Thiago Garça, Patricia Athayde, Mariana Gallindo, Lana Rhodes (alguns criando um
tique para se destacar, tal e qual fazem os bailarinos nos musicais... Aliás, a
crítica aos "pequenos tiques" nossos, da nossa sociedade e do nosso
tempo, é o que não falta nesta sábia versão brasileira de Claudio Botelho,
dirigida com acerto por Charles Möeller); João Paulo de Almeida, Giselle
Prattes, Augusto Arcanjo... e Beto Vandestein
(Pop's), que rodopia... Depois de tanto trabalho (de perder o fôlego), um dos maquinistas da montagem, ou será o diretor? manda todo mundo
trabalhar!
E agora a dupla Chico Caruso e Will
Anderson (Shake adoraria!), maior "caras de pau" e timming pra comédia. Às vezes Chico se
atrasa, mas Will não deixa por menos, empurra seu companheiro e tudo volta ao normal ... talvez esse jogo faça parte do charme da dupla! Quem sabe? E temos Fabi Bang (Lois e Bianca), com "Eu
sou sempre fiel". Há para todos. Essa dupla MB é de uma generosidade
exemplar, basta só ter talento. E também estão em cena Guilherme Locullo (Bill/Lucentio),
e Leo Wainer (irreconhecível) como o General Harrisson Howell.
E não faltaram Ivanna Domenyco (Hattie);
Igor Pontes (Grêmio); Leo Wagner (Hortêncio) e Marcel Octavio (Ralph) para
animar a cena. 12 músicos: Kelly Davis e Luiz Henrique Lima (Violinos 1 e 2);
Saulo Vignoli (Cello); Zaida Valentim e Gustavo Salgado, (Teclados 1 e 2); Nocchi
(Picollo, Clarineta, Flauta e Sax Alto); Dilson Balbino (Clarineta e Sax Alto);
Whatson Cardozo (Clarone, Clarineta e Sax Barítono); Matheus Moraes (Trompete e
Flügel); Vitor Tosta (Trombone); Omar Cavalheiro (Contrabaixo); Marcio Romano
(Bateria e Percussão). Orquestração Original de Don Sebesky; Direção Musical,
Regência e Arranjos Musicais do Maestro Marcelo Castro.
Paulo Cesar Medeiros faz acontecer a
iluminação do espetáculo. Os figurinos de Carol Lobato são broadway, com
adequação de plumas e paetês, 'pero no' exagerados. Elegantes, o das mulheres. Um
pequeno senão no figurino de Petruchio, na cena do marido malvado. Trata-se de um
pirata, ou de um pobre (o que Kate certamente odeia). É de propósito? Como já
foi definido anteriormente, até o chicote não funciona. Desconheço os motivos.
Mayer, apesar do "deslize" de Carol, consegue fazer muito pela
cena. Ele é um cavalheiro.
Abstraindo
o que foi falado acima, este Beijo da Megera é implacável em seu acerto.
ACONSELHA-SE A NÃO PERDÊ-LO!
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