"O Teatro de Sombras de Ofelia", de Michael Ende, direção Jonas Kablin. (Foto Bruno Veiga) |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro - AICT)
(Especial)
A ESTREIA DA DELICADEZA
Parodiando os poemas clássicos...
"Foram tantas as estréias..." deste semestre! Ficamos com a Estréia da
Delicadeza! Sim, sentimos ter conhecido Praga, e não ter assistido ao seu "Teatro
de Sombras"... e também sentimos não conhecer melhor o trabalho do Pequod,
aqui no Brasil. Mas ainda há tempo de pensar sobre... a partir deste "O
Teatro de Sombras de Ofelia", um belo espetáculo, dirigido por Jonas
Kablin.
Um pano de fundo negro: bambulinas
negras... e uma cortina transparente fechando a cena e a tudo deixando ver, inclusive
a construção da cena... No lado esquerdo da platéia, os músicos. E, lembrando o
que virá: ... a reprodução, em pintura, das cortinas da boca de cena da Ópera de
Paris! ... e as entradas e saídas indicando portas, casas, janelas... todas iluminadas! E uma voz que orienta: "Vá para o ponto, Ofelia". (Essa é a primeira
impressão que se tem do espetáculo). Além, é claro, das "batidas de
Molière", realizadas por "Ofélia", antes do início da ação.
E aí começa a representação de cenas das
mais variadas peças, e a mais homenageada de todos nós, o nosso
"Hamlet"! E aí um detalhe para a engenhosidade dos figurinos (de
Marta Reis), que reproduzem as articulações de bonecos, por cima dos
atores-manequins (manipulação de Carolina Garcia) ... E pensam vocês que a magia se detém nas cenas iniciais?
Michael Ende (autor, e não vou dizer que é o conhecido amigo da imaginação
infantil...) e Jonas Klabin (direção e adaptação) fazem o milagre acontecer!
Junto à cena, à direita da platéia, eis
que se ilumina a 'Caixa de Ponto', e lá está a nossa Ofelia, indicando as falas
para os atores. Mas, no mesmo espaço, surge o manipulador de cenário e toma conta do
espetáculo, despertando a curiosidade da platéia! A partir daí, há dois
espetáculos se processando e sendo "absorvidos" pelo público: o que
se passa em cena, e a miniatura do que se passa em cena, a partir da 'Caixa de
Ponto'. Estamos encantados? Sim, estamos!
... E não para aí! A atriz que me levou a
me interessar por este trabalho, a sensível Rafaela Amado, que também é a assistente
de direção, trouxe-nos Nina, a personagem de Tchecov, para fazer a sua declaração
de amor ao teatro! A atriz desenvolve os 'dois tempos' de Ofelia - e temos uma
Rafaela mais madura, iniciando, com convicção, o caminho das grandes atrizes.
Sua interpretação é refinada, plena de matizes e concepção corporal perfeita. O
elenco, em sua totalidade, é belo e tem presença convicta, nesta mescla de
realidade e fantasia que se estende sobre o palco, com desenho de luz de Luiz Paulo Nenén e imagens
de Henrique Mourthé. A Coordenação de Animação é de Barbara Castro, Cadu Sampaio e
Luiz Ludwig. E os atores que compõe a cena: Zé Azul, Grasiela Müller, Pedro Gracindo, Carolina
Garcia, Rafaela Amado. A pintura de Arte é de Derô Martín, mas não esquecendo nunca que Bia
Junqueira é a diretora de Arte e Cenografia. Perfeito! E os músicos... com seus
exercícios livres, de compassos integrados ao espetáculo, têm como parceria a
direção musical de Thiago Trajano. A direção de Produção é de Bianca de Felippes.
É BOM VER BOM TEATRO!
Obrigada Ida!
ResponderExcluirValeu!
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