Páginas

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

"NOSSAS MULHERES"

Resultado de imagem para FOTOS DE "NOSSAS MULHERES" - TEATRO
"Nossas Mulheres" - direção de André Paes Leme.
Em cena Isio Ghelman, Marcio Vito e Edwin Luisi. 
 (Foto Claudia Ribeiro)
 
Resultado de imagem para FOTOS DE "NOSSAS MULHERES" - TEATRO
"Nossas Mulheres" Foto divulgação dos quatro atores que compõe o elenco:
Edmilson Barros
 (substituto de Marcio Vito),
Isio Ghelman, Marcio Vito e Edwin Luisi.
(Foto Nana Moraes)



IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

     Eis que recomeçamos o nosso métier de críticos de teatro depois da hecatombe do “produtor” Luque Daltrozo. Jamais esquecerei este nome, não tem capacidade para administrar o grande Teatro Adolpho Bloch... Teatro é amor, especialmente distribuído pela produção entre as pessoas que se abalam de casa, nestes tempos difíceis de noites imprevisíveis, para assistir teatro! Aliás, no dia seguinte estaríamos enfrentando uma cirurgia, saímos de casa pelo fato de estarmos comprometidos com o presidente do Conselho de Cultura do Amazonas, que manifestou curiosidade em relação ao ótimo espetáculo Molière. Apesar de termos assistido da última fila, e de nossos problemas com os olhos, não nos retiramos indignados (e com razão), na hora da recusa do produtor, pois teatro é amor... Chegamos cedo para pegar bons lugares, mas fomos os últimos a sermos atendidos. Isto é Brasil! Dependemos das idiossincrasias de terceiros... Meu consolo é que este fiasco do “Sr” Daltrozo (que nome!), percorrerá o mundo. Sou lida na Europa e Estados Unidos (também...), graças à AICT.
     Mas passemos a “Nossas Mulheres”, produzido por Maria Siman, com seu conhecido e ótimo trabalho. Está de parabéns também o produtor do Teatro Ipanema, José Carlos Vedova. Faço minhas as palavras de um frequentador: “Um experiência única, pessoas agradáveis e gerencia de primeira linha”.   
      “Nossas Mulheres” está em cartaz no Teatro Ipanema até o dia 24 de setembro.  Não Percam! Trata-se do encontro de três amigos, Isio Ghelman (Paulo), Edwin Luisi (Max) e, no dia em que assistimos, Edmilson Barros (Simão) substituindo Marcio Vito. Trata-se de um jogo arriscado, pois os três atores oferecem uma situação cotidiana. O brilhante fica por conta de suas atuações. Aliás, o texto de Éric Assous, uma comedia do dia a dia tão ao gosto do paladar francês transforma-se, nas mãos de André Paes Leme (ótimo diretor), em um show em que o rei está nu, uma nudez que tenta se fazer entender. Não que os personagens sejam impenetráveis, eles são inacreditáveis!  
     Explico: no decorrer do espetáculo percebemos as lacunas que nos levarão ao final já esperado. Mas não nos precipitemos, no meio tempo entre o início da peça e seu final, muita coisa boa acontece, principalmente devido à boa interpretação dos três atores. (Dá vontade de assistir novamente, para ver Marcio Vito em cena, ator que muito prezo).
     Volto aos comentários: faz sentido, nestes tempos que correm, ouvir a palavra destes seres desconhecidos (para as mulheres) que são os maridos! Na peça de Assous há todo tipo de homem, menos o recém-casado amoroso, pois trata-se do encontro de amigos que estão casados há muitos anos, e o amor se transformou em rotina. Mas não desanimemos, a maneira com que os três amigos (principalmente Luisi e Ghelman) enfrentam a situação nos dá o prazer de assistir a um teatro que, não sendo cerebral, é essencial: os personagens estão vivos, e vivos estão os sentimentos que os três colocam em seu (re)conhecimento homem/mulher.
     A destacar, em termos de comedia (pois esta é a proposta) a dança rap de Edwin Luisi (que ator!); o “momento indignação” de Ghelman (outro ator excelente) quando constata que seu papel de pai pode ter consequências inimagináveis...  e o dead end a que chega Simão (Edmilson Barros), ao nos fazer perceber do que somos capazes  quando pressionados pelo infortúnio! E mais não posso dizer, pois esta peça não se resume aos bons momentos passados na companhia destes três atores, mas também age sobre a nossa consciência. Vale à pena assisti-la. Aliás, comedias inteligentes sempre são boas de assistir.
     A ideia foi da produtora Maria Siman em uma viagem a Paris, quando teve ocasião de conhecer o trabalho de Éric Assous, a atual coqueluche dos franceses, que adoram tratar assuntos-limite com a nonchalance de quem já enfrentou muitas ações desesperadas em suas vidas... tão desesperadas, que viram comédia!
     O cenário é o de uma sala de visitas de apartamento de solteiro (Max vive afastado de Magali, sua mulher). Ah, antes que nos esqueçamos, as mulheres só aparecem nos pesadelos destes meninos mimados... mas, o recado que deixam é da maior importância.   
     Pois bem, o cenário é de Miguel Pinto Guimarães; Figurinos do dia a dia, de Bruno Perlatto; Iluminação de Renato Machado e Trilha Sonora de Ricco Viana. Muito bom. A tradução (fluida e competente) é de Beatriz Ittah.  Há duas participações afetivas: a de Bianca Byinton na voz de Magali (mulher de Paulo) e a de Guilherme Siman, interpretando a voz do policial. Se vocês querem saber o porquê do policial, deem um pulo lá no Teatro Ipanema.  Eis o renascer da comedia à la Neil Simon. Não percam!   

Nenhum comentário:

Postar um comentário