Claudia Ohana e Domingos Oliveira em "Climax" |
(Foto Guga Melgar) |
CRÍTICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de
Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
QUANDO HOLLYWOOD É DESTAQUE
Agora rebatizo a minha crítica da peça "Climax", de Domingos Oliveira. O cinema de Hollywood é destaque, porém, quando os atores de Domingos se entregam às possibilidades de reflexão disponibilizadas pelo jogo do xadrez, ficamos com a impressão de uma citação a “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman. Esse jogo é uma constante no trabalho de Domingos, possibilitando reflexão e desafio. Bergman não é citado, mas o jogo de xadrez com a morte, proposital ou não, nos remete ao clima da peça: também em "Climax" há um quebra cabeça que se completa no final.
A peça em cartaz no Teatro
Gláucio Gill é um thriller policial. Entretanto, neste suspense há achados de verdadeira comédia que conseguem surpreender, principalmente quando o delegado Bocaiúva (José Roberto Oliveira) se revela um histriônico, e as linguagens se confundem, em um jogo bem-humorado. O delegado conta ao escritor Felipe
(Domingos Oliveira), os males que enfrenta um homem com problemas na próstata! Ao
permitir que um médico seja o árbitro do bom funcionamento de seu corpo,
Bocaiúva transforma queixas em puro non sense. O caso se agrava com a reação do
escritor Felipe, que aconselha, entre perplexo e constrangido: “vamos mudar de
assunto”... “vamos mudar de assunto...”
E assim,
neste clima de comédia e suspense freak se desenvolve “Climax”. Muito
divertido e original, apesar de brincar com estilos e acontecimentos já nossos
conhecidos: a originalidade está na maneira de dizê-lo. Todos os movimentos nos levam à busca de um “serial killer”, embora entremeados com citações e situações ao estilo de
Domingos Oliveira. Para quem não conhece esse estilo: compaixão pela humanidade, confusão
nos sentimentos e senso do trágico da vida.
Dessa vez Domingos nos brinda com músicas
e cenas de filmes inesquecíveis; faz seus atores assisti-los e comentá-los
em cena. E finaliza com um “life is a cabaret, old champ, only a cabaret”!Neste percurso vamos tomando conhecimento do talento de Erika Mader – e Domingos em seus diálogos que criaram estilo: “Eu não estou
apaixonado por você!” – diz Felipe, o escritor, para a sua digitadora (Mader) – “mas basta você sair
para buscar um cafezinho, que eu já sinto saudades!” Curtimos a naturalidade de seus atores, e o patético que eles apresentam. Que o diga o
ator Matheus Souza, em performance naturalmente
“over” de um fanático apaixonado.
Na ficha técnica temos a voz de Roberto D’Ávila
em off, representando Buarque, o milionário apaixonado pela ex de Felipe (ótima
interpretação de Cláudia Ohana); ambientação, Domingos Oliveira e Luiz Praddo; Iluminação - suspense e tragédia – de Paulo César Medeiros;
figurinos (muito bons), Renata Paschoal e Priscila Rozembaum; Assistentes
de Produção (Janaina Santos) e (direção)
Tracy Segal e Sol Miranda. Ocupação Teatro
Glaucio Gill: Produção Leila Meirelles. Produção Executiva: Luiz Praddo .