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sexta-feira, 3 de maio de 2013

"REPETITION"

Roger Gobeth, Alexandre Varella e Tatianna Trinxet em "Repetition".
                                                                   (foto divulgação)




CRÍTICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

Os amantes do teatro não deviam perder essa "Repetition", atualmente em cartaz na Sala Fernanda Montenegro, Teatro  Leblon. Trata-se de um verdadeiro "ensaio-motion" operado por Walter Lima Jr, diretor de cinema que conhece muito bem o teatro. Esse ensaio ("repetition", em francês) é uma peça  em andamento. Às vezes tem-se a impressão de que é o olhar de uma câmara  que a tudo comanda; às vezes esse olhar é o de Lima Jr., e outras, a do diretor dentro da peça! Talvez, sem a direção de movimento de Patrícia Carvalho, atores e diretor não tivessem chegado ao  que se propõe o texto. Trata-se de um estilo.   
     O espetáculo vai, aos poucos, conquistando o público. A recepção  em palco aberto, com a boca de cena iluminada como se fosse a fachada de um cinema antigo, música dinâmica e os atores pulando e se movimentando sem parar, lança a proposta para o texto de Flávio de Souza: dinamismo. Mas aí devemos nos desapegar dessa dinâmica  expressiva e prestar atenção na história que se pretende contar. Trata-se de um texto que abriga vários aspectos do desenvolvimento de uma encenação teatral, o principal deles sendo "a tortura dos ensaios".
      "Repetition" trabalha a montagem de uma peça em que três atores enfrentam sentimentos amorosos, atrações, e o jogo da conquista. E de repente, temos a reprodução do ambiente, real, do envolvimento de dois homens pela mesma mulher. Aí o espetáculo passa a se realizar em dois níveis, verdade e ficção se confundindo, e, o que poderia ser uma situação de conflito extremo transforma-se, civilizadamente, em algo charmoso e bem conectado, conquistando a platéia.
     Roger Gobeth interpreta o diretor, e um dos atores da peça dentro da peça. Esse ator possui um "à vontade" em cena que traduz talento e muito trabalho. O mesmo podemos dizer de Alexandre Varella, também interpretando dois papéis: Luís, o amigo do casal, e o conquistador.  Aliás, o trio, com Tatianna Trinxet, a moça em questão, possue um estilo contemporâneo de representar (traduzir-se "na medida certa" de comédia, sem exageros de orientações). Tudo isso, complementado pelo acerto da escolha das músicas, feita pelo diretor e os figurinos adequados (o dia a dia de um ensaio, e outro mais sofisticado para o tango), de Sol Azulay. O cenário, simples, dominado por uma cama, é de Cesar Marques. Desenho de luz de Fernanda Mantovani. 
Uma comédia que diverte e encanta. Vale a pena conferir.

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