Roger Gobeth, Alexandre Varella e Tatianna Trinxet em "Repetition". |
CRÍTICA
TEATRAL
IDA
VICENZIA FLORES
(da
Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)
Os amantes do teatro não deviam perder essa
"Repetition", atualmente em cartaz na Sala Fernanda Montenegro, Teatro
Leblon. Trata-se de um verdadeiro "ensaio-motion"
operado por Walter Lima Jr, diretor de cinema que conhece muito bem o teatro. Esse
ensaio ("repetition", em francês) é uma peça em andamento. Às vezes tem-se a impressão de que
é o olhar de uma câmara que a tudo
comanda; às vezes esse olhar é o de Lima Jr., e outras, a do diretor dentro da
peça! Talvez, sem a direção de movimento de Patrícia Carvalho, atores e diretor
não tivessem chegado ao que se propõe o
texto. Trata-se de um estilo.
O espetáculo vai,
aos poucos, conquistando o público. A recepção em palco aberto, com a boca de cena iluminada
como se fosse a fachada de um cinema antigo, música dinâmica e os atores pulando
e se movimentando sem parar, lança a proposta para o texto de Flávio de Souza:
dinamismo. Mas aí devemos nos desapegar dessa dinâmica expressiva e prestar atenção na história que
se pretende contar. Trata-se de um texto que abriga vários aspectos do
desenvolvimento de uma encenação teatral, o principal deles sendo "a
tortura dos ensaios".
"Repetition" trabalha a montagem de uma peça em que três atores
enfrentam sentimentos amorosos, atrações, e o jogo da conquista. E de repente, temos
a reprodução do ambiente, real, do envolvimento de dois homens pela mesma
mulher. Aí o espetáculo passa a se realizar em dois níveis, verdade e ficção se
confundindo, e, o que poderia ser uma situação de conflito extremo
transforma-se, civilizadamente, em algo charmoso e bem conectado, conquistando
a platéia.
Roger Gobeth interpreta
o diretor, e um dos atores da peça dentro da peça. Esse ator possui um "à vontade"
em cena que traduz talento e muito trabalho. O mesmo podemos dizer de Alexandre
Varella, também interpretando dois papéis: Luís, o amigo do casal, e o conquistador.
Aliás, o trio, com Tatianna Trinxet, a
moça em questão, possue um estilo contemporâneo de representar (traduzir-se "na
medida certa" de comédia, sem exageros de orientações). Tudo
isso, complementado pelo acerto da escolha das músicas, feita pelo diretor e os
figurinos adequados (o dia a dia de um ensaio, e outro mais sofisticado para o
tango), de Sol Azulay. O cenário, simples, dominado por uma cama, é de Cesar
Marques. Desenho de luz de Fernanda Mantovani.
Uma comédia que diverte e encanta. Vale a pena conferir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário