IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
Suzana Saldanha em "EU E NÓS", monólogo de sua autoria, direção Luiz Artur Nunes. (Foto de Gilberto Perin) |
EU É NÓS
A partir do livro “Quem pensas tu que eu
sou?”, do psicanalista Abrão Slavutzky, mais propriamente da palavra “desamparo”,
encontrada no referido livro, Suzana Saldanha elaborou o texto com que nos
brinda em seu monólogo “Eu É Nós”. Como acontece com os artistas, Suzana ama as
palavras e, no programa especial elaborado no Teatro Maria Clara Machado – “Mulheres
em Cena”, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março - a atriz nos mostra a sua
maneira de ver a vida. Escolhemos Suzana
para fazer os comentários desta programação, e não nos arrependemos da escolha,
pois esta atriz se comunica com o público de maneira envolvente, acolhedora.
Já no início do espetáculo Suzana brinca
com as palavras, ao receber o público amigo que lotou o teatro. Orientada por
Luiz Artur Nunes que, mais que um diretor foi um amigo e um observador da
interpretação de Suzana e de seu mundo - a atriz faz colocações preliminares
para dar inicio ao espetáculo, identificando o público com algumas “inside jokes” e brincadeiras, saudando
a sua presença.
Entramos no espetáculo, pra valer, quando
Suzana nos revela a maneira de seu pai interpretar o teatro pós-moderno – “algo
que se coloca em um liquidificador (e o pai enumera as escolas de teatro,
concluindo): “e o resultado está lá”. Essa é a essência do pensamento de seu
pai, algo muito próximo do que realmente acontece com este teatro pós-moderno...
Outra narrativa (esta surreal) é a de seu nascimento, no qual a própria ‘nascitura’
participa ativamente, não só consentindo em colaborar com o mesmo: um bebê
vindo ao mundo, e pensando a respeito daquele acontecimento!
Convenhamos, a fala criada pela atriz é algo inesperado,
em termos de espetáculo autobiográfico!
Suzana Saldanha está vida, muito viva, em
sua “rentrée” carioca. Às vezes, em seu figurino e em seu gestual ela nos leva à
lembrança de um clown. E há algo, nesta direção, que nos toca profundamente. É
quando ela resolve se despedir como Charles Chaplin, com a sua música, seu
figurino e seu gestual. E surge algo que marcou as nossas vidas: “Limelight” – e a
música do filme! “Luzes da Ribalta”... e o refrão que não nos deixa indiferentes:
“Para que chorar o que passou/ Lamentar
perdidas ilusões?/ Se o ideal que sempre nos acalentou/ Renascerá em outros corações”...
Este ideal está sempre vivo no coração de
Suzana! Bom retorno, querida atriz! O
cenário? Uma mesa, um abajur e uma cadeira! Bom para transportar pra todo lado. O figurino é quase a sua roupa do dia a dia. Também imaginado por Suzana.
Para
celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a
Secretaria Municipal de Cultura criaram uma programação especial, no Teatro
Maria Clara Machado (curadoria de Antonio Gilberto, diretor artístico da casa) para
cobrir todo o mês de março. Estiveram nesta programação Marcia do Valle ("Um Ato"), Ester Jablonski ("Silêncios Claros"),
Ana Achcar ("Uma Ciranda para Mulheres Rebeldes"), e muitas outras atrizes. Sentimos muito não estar presente em todas
as apresentações. Fica a minha homenagem por este dia 8 de Março.
Nenhum comentário:
Postar um comentário