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quinta-feira, 29 de março de 2018

"EU É NÓS"



IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

Suzana Saldanha em "EU E NÓS", monólogo de sua autoria, direção Luiz Artur Nunes. (Foto de Gilberto Perin) 

EU  É  NÓS

     A partir do livro “Quem pensas tu que eu sou?”, do psicanalista Abrão Slavutzky, mais propriamente da palavra “desamparo”, encontrada no referido livro, Suzana Saldanha elaborou o texto com que nos brinda em seu monólogo “Eu É Nós”. Como acontece com os artistas, Suzana ama as palavras e, no programa especial elaborado no Teatro Maria Clara Machado – “Mulheres em Cena”, em homenagem ao Dia Internacional  da Mulher, 8 de março - a atriz nos mostra a sua maneira de ver a vida.  Escolhemos Suzana para fazer os comentários desta programação, e não nos arrependemos da escolha, pois esta atriz se comunica com o público de maneira envolvente, acolhedora.

     Já no início do espetáculo Suzana brinca com as palavras, ao receber o público amigo que lotou o teatro. Orientada por Luiz Artur Nunes que, mais que um diretor foi um amigo e um observador da interpretação de Suzana e de seu mundo - a atriz faz colocações preliminares para dar inicio ao espetáculo, identificando o público com  algumas “inside jokes” e brincadeiras, saudando a sua presença. 

     Entramos no espetáculo, pra valer, quando Suzana nos revela a maneira de seu pai interpretar o teatro pós-moderno – “algo que se coloca em um liquidificador (e o pai enumera as escolas de teatro, concluindo): “e o resultado está lá”. Essa é a essência do pensamento de seu pai, algo muito próximo do que realmente acontece com este teatro pós-moderno... Outra narrativa (esta surreal) é a de seu nascimento, no qual a própria ‘nascitura’ participa ativamente, não só consentindo em colaborar com o mesmo: um bebê vindo ao mundo, e pensando a respeito daquele acontecimento! 

      Convenhamos, a fala criada pela atriz é algo inesperado, em termos de espetáculo autobiográfico!

       Suzana Saldanha está vida, muito viva, em sua “rentrée” carioca. Às vezes, em seu figurino e em seu gestual ela nos leva à lembrança de um clown. E há algo, nesta direção, que nos toca profundamente. É quando ela resolve se despedir como Charles Chaplin, com a sua música, seu figurino e seu gestual. E surge algo que marcou as nossas vidas: “Limelight” – e a música do filme! “Luzes da Ribalta”... e o refrão que não nos deixa indiferentes: “Para que  chorar o que passou/ Lamentar perdidas ilusões?/ Se o ideal que sempre nos acalentou/ Renascerá em outros corações”...

     Este ideal está sempre vivo no coração de Suzana! Bom retorno, querida atriz!  O cenário? Uma mesa, um abajur e uma cadeira! Bom para transportar pra todo lado. O figurino é quase a sua roupa do dia a dia. Também imaginado por Suzana.         

     Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Cultura criaram uma programação especial, no Teatro Maria Clara Machado (curadoria de Antonio Gilberto, diretor artístico da casa) para cobrir todo o mês de março. Estiveram nesta programação Marcia do Valle ("Um Ato"), Ester Jablonski ("Silêncios Claros"), Ana Achcar ("Uma Ciranda para Mulheres Rebeldes"), e muitas outras atrizes. Sentimos muito não estar presente em todas as apresentações. Fica a minha homenagem por este dia 8 de Março.         



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