Everaldo Pontes e Barbara Paz em "Heidenberg - A Teoria da Incerteza", direção Guilherme Piva (Foto Nana Moraes) |
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos
de Teatro – AICT)
(Especial)
HEISENBERG – A TEORIA DA INCERTEZA
Pois é. Aí surge uma atriz que é uma
mistura muito peculiar de Marilyn Monroe e Leila Diniz; ela (Barbara) coloca no chinelo as duas atrizes. Trata-se do
fenômeno Barbara Paz, uma gauchita de Campo Bom (Vale do Rio dos Sinos, região
alemã), há algum tempo radicada na Região Sudeste do Brasil, principalmente São
Paulo e Rio. Pois Barbara mostra, para
cariocas, paulistas e quem mais vier, como é que se representa (disfarçando
com uma alegria brutal) uma mulher desesperada! Aconselha-se a todos que amam
teatro a não perderem Barbara Paz e “Heisenberg”, que vai nos deixar no próximo
dia 26 de agosto. Não temos a mínima ideia para onde irá este espetáculo puro
sangue.
Outro grande ator, que se propõe a lembrar
a quem assiste teatro como se deslocam grandes personagens é Everaldo Pontes.
Dele falaremos depois de apresentar Simon Stephens, criador de “Heidenberg”. O dramaturgo
inglês e sua inesperada criação (ele também é professor da “Young Writers for
Theatre”, de Londres), nasceu em Manchester, cidade de onde partem grandes
gênios...
E o mérito também é, e diria
principalmente, de Guilherme Piva, surpreendente diretor. Estamos atirando
tapetes vermelhos porque Piva surpreende como diretor. Talento puro. Piva desenvolve “naturalmente” o trabalho com seus atores. Quando assistimos
a este desregramento de emoções ficamos suspensos para alcançar ao seu desdobramento
até o final insuspeitado.
E
voltamos ao ator que acompanha Barbara Paz: Everaldo Pontes. Ele é paraibano.
Só uma observação: Antonio Abujamra
considerava os atores vindos do Nordeste com algo muito diferenciado em sua interpretação.
É o que podemos presenciar neste espetáculo.
Os dois atores nos contam a historia de um
desencontro ... fatal? Ao externar as mudanças na alma “daqueles dois”, somos
levados a uma completude raramente encontrada em uma simples troca de afetos.
Trata-se da presença de algo insondável. Talvez a presença da morte. Na verdade
a peça é um circunlóquio sobre a morte.
Esta não é a primeira vez que Simon Stephens é encenado no Brasil. Sua estreia foi em São Paulo, com “Punk Rock”.
Quando Solange Badim tomou conhecimento do dramaturgo quis encená-lo no Rio. Guilherme
Piva aderiu ao espetáculo. A tradução e adaptação da peça é de Badim.
Tudo parece se unir para levar a situações
construídas passo a passo. Os dias vão se sucedendo, os acontecimentos vão se
desenvolvendo através de um dialogo febril, e logo os dois estão envolvidos,
irremediavelmente. Há momentos tensos, e momentos amorosoS, deixando desprotegidas as certezas
dos envolvidos.
A peça quer-se como um grande movimento em
direção à vida. Porém, os dois personagens são envolvidos pelo inesperado, algo
que costura relações mal definidas. Há doçura e desespero, e há um só caminho:
a vida. Porém “é impossível determinar subitamente a posição e a velocidade de
um elétron” – que domina a vida. E Simon Stephens nos coloca a questão: Quem é “Heisenberg”?
E ele mesmo nos responde: É o cientista
que desenvolve “o princípio da incerteza”: é a Ciência decidindo as nossas
vidas.
A este destino ninguém pode fugir. Não sabemos em que direção caminha o teatro,
se há fatalismo, ou cientificismo em toda esta questão, o fato é que a coreógrafa Marcia Rubin ficou encarregada dos
movimentos de Barbara Paz e Everaldo Pontes, e nos deu varias opções para o julgamento do que pode acontecer com os átomos e com os elétrons.
Marcelo H não lhe ficou atrás com a sua
trilha sonora, e estes dois artistas, a coreógrafa e o músico, conseguiram momentos fabulosos de união entre estas duas
linguagens: o “bordado” de um tango, e as reações de Barbara, secundadas por movimentos
de Everaldo em direção à vida!
O desenho de luz do espetáculo é de Beto
Bruel. Ela, a luz, acentua o encantamento, e os figurinos de Antonio Rabadan
enfatizam o que pode nos trazer a personalidade dos atores!
“HEISENBERG”
VAI ATÉ O DIA 26 DE AGOSTO, NO TEATRO POEIRA. NÃO PERCAM!
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