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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

"HEIDENBERG - A TEORIA DA INCERTEZA"

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Everaldo Pontes e Barbara Paz em "Heidenberg - A Teoria da Incerteza", direção Guilherme Piva
(Foto Nana Moraes)
IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

HEISENBERG – A TEORIA DA INCERTEZA

     Pois é. Aí surge uma atriz que é uma mistura muito peculiar de Marilyn Monroe e Leila Diniz; ela (Barbara)  coloca no chinelo as duas atrizes. Trata-se do fenômeno Barbara Paz, uma gauchita de Campo Bom (Vale do Rio dos Sinos, região alemã), há algum tempo radicada na Região Sudeste do Brasil, principalmente São Paulo e Rio. Pois Barbara mostra, para  cariocas, paulistas e quem mais vier, como é que se representa (disfarçando com uma alegria brutal) uma mulher desesperada! Aconselha-se a todos que amam teatro a não perderem Barbara Paz e “Heisenberg”, que vai nos deixar no próximo dia 26 de agosto. Não temos a mínima ideia para onde irá este espetáculo puro sangue.

     Outro grande ator, que se propõe a lembrar a quem assiste teatro como se deslocam grandes personagens é Everaldo Pontes. Dele falaremos depois de apresentar  Simon Stephens, criador de “Heidenberg”. O dramaturgo inglês e sua inesperada criação (ele também é professor da “Young Writers for Theatre”, de Londres), nasceu em Manchester, cidade de onde partem grandes gênios...  

     E o mérito também é, e diria principalmente, de Guilherme Piva, surpreendente diretor. Estamos atirando tapetes vermelhos porque Piva surpreende como diretor. Talento puro. Piva desenvolve “naturalmente” o trabalho com seus atores. Quando assistimos a este desregramento de emoções ficamos suspensos para alcançar ao seu desdobramento até o final insuspeitado.

       E voltamos ao ator que acompanha Barbara Paz: Everaldo Pontes. Ele é paraibano. Só uma observação:  Antonio Abujamra considerava os atores vindos do Nordeste com algo muito diferenciado em sua interpretação. É o que podemos presenciar neste espetáculo.

     Os dois atores nos contam a historia de um desencontro ... fatal? Ao externar as mudanças na alma “daqueles dois”, somos levados a uma completude raramente encontrada em uma simples troca de afetos. Trata-se da presença de algo insondável. Talvez a presença da morte. Na verdade a peça é um circunlóquio sobre a morte.

     Esta não é a primeira vez que Simon Stephens é encenado no Brasil. Sua estreia foi em São Paulo, com “Punk Rock”. Quando Solange Badim tomou conhecimento do dramaturgo quis encená-lo no Rio. Guilherme Piva aderiu ao espetáculo. A tradução e adaptação da peça é de Badim.

     Tudo parece se unir para levar a situações construídas passo a passo. Os dias vão se sucedendo, os acontecimentos vão se desenvolvendo através de um dialogo febril, e logo os dois estão envolvidos, irremediavelmente. Há momentos tensos, e momentos  amorosoS, deixando desprotegidas as certezas dos envolvidos.

     A peça quer-se como um grande movimento em direção à vida. Porém, os dois personagens são envolvidos pelo inesperado, algo que costura relações mal definidas. Há doçura e desespero, e há um só caminho: a vida. Porém “é impossível determinar subitamente a posição e a velocidade de um elétron” – que domina a vida. E Simon Stephens nos coloca a questão: Quem é “Heisenberg”? E ele mesmo nos responde:  É o cientista que desenvolve “o princípio da incerteza”: é a Ciência decidindo as nossas vidas.   

      A este destino ninguém pode fugir. Não sabemos em que direção caminha o teatro, se há fatalismo, ou cientificismo em toda esta questão, o fato é que a  coreógrafa Marcia Rubin ficou encarregada dos movimentos de Barbara Paz e Everaldo Pontes, e nos deu varias opções para o julgamento do que pode acontecer com os átomos e com os elétrons.

     Marcelo H não lhe ficou atrás com a sua trilha sonora, e estes dois artistas, a coreógrafa e o músico, conseguiram  momentos fabulosos de união entre estas duas linguagens: o “bordado” de um tango, e as reações de Barbara, secundadas por movimentos de Everaldo em direção à vida!

     O desenho de luz do espetáculo é de Beto Bruel. Ela, a luz, acentua o encantamento, e os figurinos de Antonio Rabadan enfatizam o que pode nos trazer a personalidade dos atores!
“HEISENBERG” VAI ATÉ O DIA 26 DE AGOSTO, NO TEATRO POEIRA.  NÃO PERCAM!        

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