Érico Brás e Letícia Isnard em "Tarja Preta" (Foto Dalton Vale) |
CRITICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)
“Tarja Preta”, texto de Adriana Falcão,
direção de Ivan Sugahara, em cartaz no
Centro Cultural da Justiça Federal. Estamos diante de um trabalho cheio de vigor
e lucidez. Tempo de conferir. “Tarja Preta” é um capítulo de um livro de
Adriana, que foi adaptado para o palco. Chama-se "Serial Killer", o texto, e fala de amor, de carência e
desespero. E de excessos. O sem-limite da vida sem controle! Alcool e outras drogas. Fármacos.
A cena teatral começa com a chegada da
protagonista (Letícia Isnard) em casa, vinda da night, acompanhada somente por
seu cérebro (Érico Brás). É quando tomamos conhecimento da dimensão de seu desespero. Os
gestos, abusivos, têm o poder de mostrar o controle absoluto do corpo dos dois atores. A cena de Érico Brás (o
cérebro bêbado), tentando vestir a roupa para dormir é antológica. É o cartão de visitas do espetáculo.
Olhos
mais críticos se perguntam: como vão os dois atores sustentar este ritmo? Súbito, a jovem abandonada pelo marido, (Isnard), despenca em um profundo sono reparador, enquanto o cérebro (Brás), continua a lutar com o seu calção de
dormir. A cena é, neste momento, inteiramente de Érico Brás. Finalmente, os dois - cérebro e
emoção -, dormem o sono dos justos... para tudo recomeçar, na manhã seguinte.
Como estamos na presença de dois atores
agraciados com a mais absoluta perfeição cênica, o que temos pela frente é uma
delícia de desavença erótico-racional. Não há, na agitada desrazão da moça
contrariada pelo amor, o mais leve resquício de inteligência - porém seu cérebro reage, atento: “Eu sou inteligente, ela é bonita, isto não pode acabar
mal”. Voilà!
Não percam tanta loucura! Trata-se de uma "serial killer de neurônios” – assim Leticia Isnard define o seu personagem. A adaptação
é de Sugahara, em colaboração com os atores. Cenografia a cargo de Rui Cortez,
com pequenas intervenções (descontroladas!) da atriz, em cena. A
iluminação (correta) de Tomas Ribas - não é necessário nenhum black-out
acompanhando o curto-circuito cerebral da moça. Os figurinos de Bruno Parlatto
elaboram a sequencia do estado de espírito dos dois parceiros. Trilha sonora
do diretor. Bom teatro para todos os gostos.
(Notícias da AICT: reunião em março, textos a serem enviados, pelos seus membros brasileiros, para a WEB Magazine. Aguardem!).
Interessante! Não conheço nenhum dos dois atores. Preciso conhecer.
ResponderExcluirBeijos.