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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"A FAMÍLIA ADDAMS"

Cena de "A Família Addams" - o jantar. Em primeiro plano Gomez (Daniel Boaventura) e Mortícia (Marisa Orth)
(Foto de João Caldas) 

CRITICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial) 

“A Família Addams”, produção da Broadway, onde estreou em 2010, está agora no Vivo Rio. Não a mesma, mas a montagem brasileira que veio para o Rio, depois de uma bem sucedida temporada paulista. É a primeira vez que “A Família Addams” viaja para fora de seu país, para  longe da Broadway. Portanto, o público brasileiro nunca esteve  tão próximo  a uma família americana. E nem precisa ir a Nova Iorque para se manter atualizado - não há problema algum de adaptação. Só não sabemos se, ao certo, se trata de “uma família americana”. Em todo caso, podemos comemorar as pazes com as montagens feitas no Brasil. É verdade que até agora vimos poucas, mas a pobreza de ideias (textos lamentáveis), e algumas vezes das montagens, fez com que o ímpeto desmoronasse.    
     Essa “A Família Addams”, com adaptação de Claudio Botelho e direção de Fernanda Chamma (bailarina e conselheira artística do Festival de Joinville, coreógrafa que nos proporcionou, na versão brasileira de “A Gaiola das Loucas”, o mais fantástico can-can a se apresentar em nossos palcos), é um verdadeiro musical, destes que faz com que as crianças “se apaixonem por teatro”:  a verdadeira – e bem sucedida - finalidade dos autores-adaptadores americanos para essa história em quadrinhos de Charles Addams. (No dia em que assisti, havia crianças na plateia. Boa, a ideia dessa matine). 
     A história – fantástica – de uma família “estranha”, atrai jovens de todas as idades – perdoem o chavão. Mas não se trata de situações banais: o que vemos no palco é uma bem urdida história de amor adolescente. E, como se não bastasse o enredo, encantador, dos dois garotos que se apaixonam – o normal e a esquisita - há todo um “arrepiante” envolvimento familiar, que tanto mobiliza os muito jovens da plateia.  Conhecemos essa história, do cinema.
     Com adaptação de Marshall Brickman, Rick Elice, e músicas de Andrew Lippe, ela estreou na Broadway. A família é espanhola... Gomez é o nome do pai. Dança-se o tango! (Marisa Orth e Daniel Boaventura dão um show). Mas, no final – e este é o único desconforto, aliás, risível - quando os dois resolvem brincar com a tradução de sua língua, ou seja, o espanhol, para o inglês (talvez na “América” tal brincadeira  funcione), fica tudo tão... absurdo! Don’t work! O espanhol é tão parecido com o  português, não há nuances. Na hora pensei: que tal se, no Brasil, a família fosse russa? Scaramá mói zdaróbia! (desculpem, mas já deliro...).
      Pois bem. Na montagem brasileira há um perfeito equilíbrio dos componentes cênicos: efeitos especiais, cenários, figurinos, maquiagem, músicas, bailarinos, atores-cantores.  Há empolgação, segurança na medida. Rendemos homenagens artísticas a Marisa Orth, uma Mortícia encantadora e refinada, não permitindo a desatenção da parte do marido, que a idolatra! A Mortícia devia ser exemplo para muitas mulheres. Ela sabe se valorizar. E, surpreendendo, o seu marido, Gomez Addams (Daniel Boaventura), um verdadeiro ator-cantor. Os dois possuem forte empatia cênica.
     No elenco podemos contar ainda com interpretações muito interessantes, como a do tio Chico, o conhecedor de explosivos que se apaixona pela Lua e para lá se muda, com o seu foguete (Cláudio Galvão, outro que é ator e cantor lírico). Ou o mordomo “Tropeço”, com cenas horripilantes! (Rogério Guedes); ou ainda Wandinha (Laura Lobo), a adolescente apaixonada;  e a Vovó vidente, interpretada por Iná de Carvalho. Temos ainda o mano “Feioso” (Nicholas Torres)... e o garoto apaixonável  Lucas Beineke (Beto Sargentelli). E ainda, graças à técnica, o “Primo Coisa” – uma montanha de cabelos, membro muito acatado na Família – e a Mãozinha – detalhes que nascem da fecunda  imaginação de quem os criou.
      Enfim – não menos importantes, e com certeza grandemente profissionais,  os bailarinos. Dão vida – na morte!... – ao espetáculo! Marcação (que vem pronta dos EUA, seu criador a supervisiona), a cargo da diretora e bailarina Fernanda Chamma.  O cenário, as canções e os músicos são fatores que somam e tornam este espetáculo tão especial.  Perdoem não citar-lhes os nomes: dos bailarinos, e o dos músicos.           
    

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